Ineditando

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Imaginamos situações - você gostaria de voltar a ter vinte anos?

Sempre escuto - sim, mas com a experiência que tenho hoje.

Penso muito sobre isso. Penso o que o tempo me trouxe. Sou a anestesia do que já me machucou. O desejo amenizado daquilo que já me virou do avesso. O tédio que apelidam de calmaria. A decepção, apenas uma obviedade. A dor, só um beliscão de dedos cansados.

E se a cada dia ao acordar eu tivesse minha pureza renovada? Minhas paixões reaquecidas? Vivesse sorrisos de doer o estômago? Falta de ar ao ver quem gosto?

Sentir a música como se fosse a primeira vez? Arrepiar-se, enrubescer-se?

Todos amores seriam o primeiro amor. Até a decepção seria inédita! A dor sangraria todos os órgãos com a agudeza de dor fatal.

Porém, no dia seguinte a esperança se renovaria, e a vontade de devorar a vida também.

Acordaria virginal e inexperiente, as descobertas se redescobririam com a mesma intensidade. Seria a boca, o ouvido, o tato sempre dispostos a submergir em sensações.

Admirar o céu, a lua, nuvens, o mar, a grama, as árvores, as pessoas. Tudo renovado sem preconceitos. Formas, cores e brilhos. Amar e se sentir amado.

A expressão - um novo dia - faria todo o sentido. Viveria tudo de novo sem reprise. Pra sempre.

Nem todas doenças são crônicasOnde histórias criam vida. Descubra agora