Era o último dia de aula. O apontador sempre afiado não largava seus apontamentos. Tinha tudo na ponta do lápis, e este, que não segurava as pontas, se deixava diminuir, desapontado.O motivo eram suas notas fracas. Como a borracha, que queria apagar da memória a última prova.
Ouvindo esses rascunhos de melancolia, a tesoura, retaliava os demais. Definitivamente, não estava para conversa, e cortava qualquer assunto, principalmente o da caneta, que deixava vazar comentários e adorava manchar a imagem dos outros. A única amiga, a régua, media seus companheiros minuciosamente, pois se achava precisa demais. Assim como o compasso, arrogante, cheio de rodeios, que se gabava por deixar tudo redondinho.
Mas a cola, sempre tentando unir seus amigos, queria satisfação. Dizia que nenhuma daquelas fofocas colavam, e não ia deixar escapar nada. A idéia foi sustentada, não com tanta firmeza, pelo clipes e a fita adesiva – Seus rivais inseparáveis.
O sinal tocou, e o corretivo resolveu dar algumas pinceladas nessas mal traçadas linhas.
Resignado, o estojo sempre fechado guardou tudo para si.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nem todas doenças são crônicas
NouvellesHistórias da vida relatadas com poesia, humor e sarcasmo.