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Acordei com alguém tocando a parte superior da minha costa, quase no ombro. Uma voz feminina sussurrava meu nome, era Sofia, mas o sono dificultava meu raciocínio. Apenas inclinei a cabeça na sua direção.

Sofia estava sentada na ponta da cama e continuava me chamando.

—Ei, hoje, no final da manhã, os zumbis diminuíram...

Por um momento franzi as sobrancelhas e fechei os olhos novamente. Num click conseguia processar a informação.

Zumbis estavam atrapalhando o caminho, impediam qualquer um de sair, com menos zumbis eu sairia dali. Saindo dali, casa, Leo.

—Obrigada. — Sussurrei.

—Não há de que...

Eu esperava que ela se levantasse e saísse. Continuei sentindo o seu peso na cama, Sofia estava de costas para mim, curvada sobre o próprio corpo, os cotovelos se apoiavam nas coxas, as duas mão se encontravam perto do seu rosto, entrelaçadas.

—Desculpa pela maneira que te tratei.Começamos com o pé esquerdo, você é tão vítima de tudo isso quanto eu.

—Tudo bem. — Sentei no centro da cama, ainda não conseguia ver seu rosto.

—Eu joguei minhas frustrações em cima de você, eu não sou assim... O que eu disse... — Ela de uma pequena pausa para suspirar e dali eu conseguir sentir o cheiro de álcool. — Aquilo não fui eu. Vem me assombrando há um tempo…Meus remédios acabaram...Sabe?...Todo do mundo, provavelmente. Eu apenas serei levada. Égua...Eu vou morrer logo.—Ela soltou um longo suspiro.—  Mas ninguém merece ser tratado daquele jeito... Do jeito que eu te tratei... Me desculpa, me desculpa.

A palma de suas mãos cobriu seus olhos, aquela era sua verdadeira face. Mais cedo, quando escrevi sobre como ela me afastou quando eu tentei me aproximar, devem se lembrar que eu descrevi como se usasse máscara. Sofia a havia perdido naquele momento. Coloquei a mão em seu ombro e ela me abraçou. Me envolveu forte em seu braços, estava chorando. Queria poder saber o que aconteceu naquele momento, o porquê daquela garota distante e fechada me abraçava com tanta força. O álcool deixa as máscaras rolaram.

Antes de eu retribuir o abraço, Sofia me soltou. Seus olhos estavam marejados, lágrimas quase transbordavam. Se ela piscasse elas escorreriam.

—Hoje o Fernando chegou, — Ela disse se levantando. — Amanhã de manhã você provavelmente vai embora.

—Que horas são?

—Você já perdeu o almoço. — Foi a última coisa que ela disse antes de sair do quarto.

Fui na sala depois de tomar um banho, a maioria dos moradores da casa estavam ali. Sentado no sofá, estava um homem, liguei ele ao nome que Sofia havia dito. Era tão alto quanto Davi, o mesmo formato do rosto do garoto. Os olhos eram verdes, mas eram tão sábios  quanto os de Martha, seu cabelo castanho estava ficando cinza.

Por um momento achei que era Davi, mas suas rugas e a feição séria me contaram o contrário. Martha estava do seu lado, assim como Menty.

—Você deve ser a Fernanda. Quero você acordada amanhã antes do nascer do sol.

Meu corpo reclamou sob a frase, eu estava tentando me acostumar com passar a madrugada acordada ao lado de Davi. Cocei meus olhos e me espreguicei.

—Quem é você?— Perguntei bocejando.

—Ele é o meu pai. — Davi disse roco atrás de mim.

—Ele se arrisca pegando comida para nós e procurando a nossa mãe. — Martha disse enquanto observava Fernando mexer na mochila dele.

Combustão incompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora