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Eu esperava Davi do lado de fora, o facão na minha mão direita. Me concentrava na porta da frente, os gemidos dos zumbis pareciam vir direto da minha cabeça. Eu estava virada para eles, a possibilidade de encontrar meu irmão entre a orda  martelava a cabeça. Davi era ótimo em distrair, em qualquer situação.

Não é tão difícil lidar com zumbis, não é tão difícil lidar com zumbis, não é tão difícil lidar com zumbis, não é tão difícil lidar com zumbis, não é tão difícil lidar com zumbis, não é tão difícil lidar com zumbis, não é tão difícil lidar com zumbis, não é tão difícil lidar com zumbis, não é tão difícil lidar com zumbis.

Me virei tentando comprovar para mim mesma meu ponto de vista, meus olhos baterem logo numa criança. Uma garotinha com a pele verde pálido e olhos vazios, seu cabelo já estava começando a cair e sua pele a descascar dando lugar a bolsões podres. Meu coração pesou de desespero no peito, justo numa criança...Poderia ser eu, poderia ser Leo...

Quantas possibilidades de tudo daria errado?

—Nanda?—Alguém estalou os dedos na minha frente me tirando dos meus pensamentos, pisquei duas vezes focalizando em Davi, Deus me livre de responder há quanto tempo ele estava lá.—Você realmente tá com a cabeça no mundo da lua hoje?

—Desculpa, há tanta coisa na minha cabeça... —Balancei a minha cabeça negativamente como se assim todos aqueles pensamentos ruim pudessem derrapar para fora.

—Bem, está na hora de se concentrar. Limpou o facão? — Ele apontou para minha mão direita.

—Sim, sim. Não acho que consigo lidar com uma arma suja de restos mortais.

—Talvez eu deva seguir seu exemplo. — Davi deixa na altura de seus olhos uma lança improvisada de um cabo de vassoura. O objeto está inteiramente sujo, mas Davi apenas dá os ombros e vai em direção ao portão.

—Como sempre, você vai primeiro. —O sigo, a primeira coisa que ele faz e empalhar a cabeça da criança, quando ele puxou de volta o zumbi atrás dela caiu.

—Olha o que consegui. —Ele mostrou duas costelas presas na ponta da lança. —Zumbi tem ossos frágeis. —Ele se virou para falar com o zumbi que estava no lugar da criança, todo seu abdômen estava aberto, suas costelas estavam amostra e dava para notar a falta de duas. —Precisa tomar mais leite, meu chapa, no seus caso, comer uma vaca leiteira. Você já viu um desses se alimentar de um animal?

—Já. — Engoli seco. —Foi um cachorro, não foi uma das melhores experiências da minha vida. —
Me aproximei do portão e comecei a acertar zumbis com o facão, os movimentos após isso ficaram mecânicos. Meu caro leitor, espero que isso não prejudique os eventos...Espero mesmo. Me lembro da conversa e da criança, acho que Davi não me deixa esquecer a conversa, a criança...Ela continua clara em minha mente, estendendo a mão em minha direção. Meus pesadelos continuam a trazendo a tona, principalmente depois de começar a escrever esse relato.
—Ontem eu realmente te dei trabalho. —Davi comentou sorrindo, parecia se divertir com o sangue.

—Assim parece que fizemos sexo. — Ele riu com a minha risada, a semelhança entre ele e Martha eram realmente impressionante... Todavia sempre havia algo que me trazia um arrepio, um neurose estampada na felicidade, alguém não deveria ser tão feliz no fim do mundo.

—Pisca uma vez se isso for uma proposta.

—Babaca. —Dessa vez eu ri, balançando a cabeça negativamente. —Já estou interessada em uma pessoa.

—Menty?

—Ela te contou?

—Foi apenas um chute... Bem, não seria Martha, muito menos Alice, Sofia menos ainda. Resta apenas Menty. Vocês já se beijaram?

Combustão incompletaOnde histórias criam vida. Descubra agora