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Menty demorou para nos encontrar. Estava com a testa suada e ofegante, ela iria abrir a boca para reclamar que eu não devia correr e não era seguro, talvez uma armadilha. Mas ela apenas ficou quieta enquanto Leo me colocava no chão, noto que Leo tem as bochechas coradas, cabelo bagunçado, a roupa é folgada demais para ele, mas isso não parece o incomodar. Logo outro cara aparece, ele tem quase a minha altura e tem o cabelo puxado para trás, sinto que o conheço de algum lugar.

-Se você morre-se eu ia te matar. -ele fala, Menty dá uma risada baixa, cobrindo o sorriso. -Olá, Fernada, eu sou o Marcio. Eu encontrei esse aí definhando em casa.

-Onde você esteve esse tempo?- Leo segura o meu rosto, ignorando o que o outro diz. - Achei que tinha perdido você.Égua, como você se entrega para me deixar fugir?!Eu fiquei esse tempo todo me remoendo pensando que se eu tivesse pulado, pelo menos a gente morria juntos. Mas não, cavalo comeu a sua cabeça, égua.

-Eu fiquei na casa delas. A Martha me protegeu.

-A Martha?A lésbica com cabelo vermelho que morava aqui?



-Você é sortuda, ein-

-Depende do ponto de vista.  A garota que me bateu ainda quer me bater e tá todo mundo morrendo. E tem uma gangue que está pilhando os lugares, eles invadiram a nossa casa e levaram tudo. Estou tão feliz que você está seguro, eles entram para matar.

-Me levaram para um lugar seguro, Nanda. Se quiser pode levar todo mundo de lá, menos aquele loira doida. Vamos estar seguros.

Eu sorri, porque era Leo, se ele me dizia que era um lugar seguro porque era. Ou pelo menos acreditava de verdade que era. Ele estava errado sobre eu ser sortuda e sobre existir algum lugar seguro.

Leo correu para atingir outro zumbi. Minha mão se estendeu para segurar o pulso dele, mas lá estava indo novamente para atingir outro zumbi com um pedaço de madeira cheio de pregos.O crânio dos zumbis eram frágeis, então cada pancada era um fogo de artificio de osso e sistema nervoso central, tudo cinza e branco se espalhando pela rua. Eu vomitaria se algo assim me atingisse, apenas de observar uma azia me consumia ameaçando a bile pela minha garganta. No zumbi atual, o pregos tortos conseguiram prender uma parte do coro cabelo, com alguns fios sobreviventes. Leo com toda sua delicadeza, balançou até que aquele pedaço voasse para longe. Continuamos andando, mas eu fiquei de olho naquela gosma espalhada pelo afasto, quase esperando que se movesse. Belisquei Leo.

-Para de correr atrás dos zumbis. Só faz isso em caso de vida ou morte.- Eu sussurrei para ele

-E agora não é?

-Você quer transformar numa. Quer morrer na minha frente? Era só o que me faltava.

Ele apenas assentiu para mim. Menty estava na frente guiando pelo caminho, estava com a machadinha fazendo uma cara brava toda vez que Leo passava por ela e depois olhava para mim. Meu irmão não era mais a boneca de porcelana que eu havia visto pela ultima vez, estava correndo e voltara a ser ativo e continuava sendo um inconsequente idiota. Menty ainda não havia falado sobre ele, mas estava feliz por mim, mesmo que não tivesse tido uma boa primeira impressão.

A rua estava silenciosa, de vez enquanto um rato entrava no boeiro com uma pedaço de carne, provavelmente humana. Também havia os zumbis que tinham se perdido do grupo que Leo matava assim que nos notavam. Menty observava se as ruas eram seguras para dobrar, tentando se manter em linha reta. Marcio ficou quieto boa parte do caminho, por um momento nem lembrava que ele estava ali.

-Ameaça

Leo foi o primeiro a entender a mensagem. Mas, eu olhei para trás, tentando entender qual era a ameaça, zumbis, humanos ou ,talvez, o couro cabeludo que havia ganhado vida e tamanho. Era uma horda de zumbis que aparecia atrás de nós, ainda pequenos, distantes e inofensivos, todavia, eles ocupavam quase toda rua, então devíamos pensar em nossa fuga. Rápido.

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⏰ Última atualização: Aug 07, 2019 ⏰

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