Capítulo 08

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Priscila ficou inerte sem acreditar muito no que estava vendo. Victor sorria com certo mistério, queria poder desvendar. 

_Vou deixar vocês à vontade. – Sandra saiu do quarto.

Victor aproximou-se mais da cama. Não deixou de observar o quanto era aconchegante ali, Priscila estava cansada, ele percebera isso. 

_O que está fazendo aqui, Victor?

_Ué, não é assim que os namorados agem? – Sentou-se na cama, tocando os pés dela. 

Priscila fitou-o por alguns segundos. Aquele sorriso dançando nos lábios dele era uma mistura de sarcasmo com felicidade. Encostou-se na cabeceira da cama enquanto continuava olhando para ele. 

_Pensei que não viria.
_E que exemplo eu daria para os meus sogros? Claro que eu tinha que vir.
_Não foi o que me disse lá no aeroporto.
_Eu não confirmei, mas também não neguei – olhou para o corpo dela. – Te espero lá na sala. Pega mal para um começo de namoro eu invadir sua intimidade. 

Saiu sem deixar respostas. Victor iria torturar Priscila, essa era sua mais nova jogada. Iria dar o mel para logo em seguida vir com o fel, até sorriu só de imaginar aquela garota aos seus pés, implorando por amor. "Até que esse restinho de namoro não vai ser tão ruim como pensei." falou por pensamento enquanto sentava ao lado de Ícaro e puxava um assunto qualquer. 

Priscila levantou-se e foi se arrumar, preferiu algo simples, não estava com paciência para caprichar no visual. Colocou um dos seus vestidos e fez uma maquiagem leve. A todo o momento estava se perguntando o que Victor fora fazer lá, porque não ligou avisando que estava prestes a aparecer? 

Foi até a sala um pouco apreensiva. Victor ao vê-la ficou feliz, o sorriso mais largo. Agora ela estava vestida como sempre, a sua Priscila, aquela menina doce que conheceu sem vestimentas de grife, nem sapatos caros. Não podia se encantar pela beleza natural daquela moça, isso seria o seu fim para perder no jogo que apostara vencer. Levantou-se a beijando rapidamente. 

_Filha, nos acompanha em um uísque? Olha o que o Victor trouxe – ergueu a garrafa.
_Pai! – Repreendeu-o – Sabe que não bebo. Obrigada mesmo assim – olhou para Victor. – Vou ajudar minha mãe no jantar. 

Afastou-se e foi direto para a cozinha. Sandra sorriu para ela e voltou ao que estava fazendo. 

_Porque não me avisou que ele viria? Se soubesse iria pesquisar receitas de comidas que os ricos comem.
_Relaxa mãe, o Victor é como nós, simples. E mesmo que não fosse teria que aguentar o que temos, não mando vir sem avisar.
_Aconteceu algo? Digo, estão brigados?
_Ah – baixou a cabeça. – Digamos que tivemos alguns desentendimentos.
_Não é bom ficarem assim na passagem de ano. Tente fazer as pazes.
_Pode deixar.

Após ajudar Sandra, as duas foram para a sala. Priscila sentia Victor do seu lado, ele estava mais amável. 

Ficaram jogando conversa fora enquanto assistiam TV, Victor e Ícaro bebiam. Ela tinha que admitir na arte que ele tinha em conquistar as pessoas, seu pai agora o tratava como um filho. 

_Nossa, conversamos tanto que nem percebemos que falta um minuto para a virada do ano – Sandra olhou no relógio.

Fizeram a contagem regressiva e ouvindo os fogos que do lado de fora os vizinhos soltavam, gritaram de felicidade enquanto Ícaro abria a champanhe. Priscila olhou para Victor, aquela troca de olhares ela guardaria para sempre, estava emocionada, esperando alguma atitude boa dele. 

_Feliz ano novo. 

Victor aproveitou a situação – Ícaro e Sandra se abraçando – e deu um abraço frio em Priscila, ela sentiu, ficou inerte sem acreditar muito que ele fizera isso. Justamente naquela noite estava precisando de carinho, seu rosto sentiu a presença de algumas lágrimas teimosas enquanto lembrava-se das palavras de Francine. Aquele dia foi um dos piores de sua vida. 

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