Nosso Destino Traçado [Completo]

Capítulo 46

"Damn you leave me defenseless
Droga, você me deixa sem defesas
So break in
Então se acostume

And take everything I have
E tome tudo o que eu tenho
'Till there is nothing left
Até que haja mais nada
'Till it's just your voice in my head
Até que haja apenas a sua voz na minha cabeça
And when the lights come on
E quando as luzes se acendem
You see me as I am
Você me vê como eu sou
You're still inside me
Você ainda está dentro de mim"

(Break In – Halestorm)

_________________________________________

Priscila fechou os olhos enquanto inalava aquele perfume, a deixando levemente tonta pelo impacto da saudade. Girou lentamente sobre os próprios calcanhares e seus olhos encontraram os deles, de perto estavam mais radiantes, brilhosos. Uma nostalgia aconteceu enquanto o olhar dela descia pelo corpo. Ele trajava uma camisa xadrez, o que a fez lembrar-se da que usara na noite em que se declarou. Para completar, um jeans perfeito.

_Tudo bem? – Victor sussurrou. 

Ele queria disfarçar, mas já estava tremendo da cabeça aos pés só de estar a alguns metros perto daquela mulher. Priscila lhe desestruturava ao ponto de já não raciocinar, ao ponto de usar a emoção e não a razão. A moça estava parada com os olhos fixos aos seus, respirava milimetricamente. 

_Acho que sim – colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha, um gesto nervoso.
_E então, está perdida? – Procurou a calma após alguns segundos calados.
_Não, imagina – sorriu debilmente. – Eu vou... Pegar um táxi – deu-lhe as costas.

Priscila não deu mais do que dois passos, Victor a chamou.

_Posso te dar uma carona já que está no mesmo hotel.
_Fica pra uma próxima – não ousou olhar para trás.
_Uma carona não arranca pedaço de ninguém, Priscila.

Sabia que estava quase conseguindo convencê-la, a respiração dela se tornou ligeira, percebeu pelo corpo. Priscila virou-se lentamente, mais uma vez olhando para ele. 

_Por favor? 

Queria poder dizer não, mas navegar naqueles olhos castanhos lhe deixava inerte, sem conseguir pensar em mais nada. Ao mesmo tempo ficou com medo de aceitar aquela carona. Tarde demais, Victor já se aproximava e juntos entraram no carro que aguardava. O silêncio pairou por alguns minutos enquanto o veículo saía do local do evento e tomava a cidade rumo ao hotel. Não conseguia olhar para o lado, apenas o cheiro do perfume de Victor ali já a deixava nervosa, sabia que ele estava respirando perto de si. 

_O que achou do show de hoje? – Tentou puxar um assunto para descontrair o ambiente.
_Foi bom, eu gostei – não olhava para ele.
_E... Sobre a música? – Perguntou timidamente.

Priscila virou o rosto, olhando para ele. Dentro do veículo tudo estava escuro exceto a luz do painel, mas os postes das ruas mostravam uma silhueta, os traços do rosto dele, uma vontade de se aproximar e beijá-lo. O carro foi perdendo velocidade, notou a respiração de Victor ficar mais pesada, nervosa, porém, ignorou isso. 

_Fica dentro do carro – ele pediu. 

Estranhou, na frente do hotel não tinha mais ninguém ali para pedir fotos ou autógrafos. O motorista e o segurança desceram e o primeiro deixou a porta do motorista aberta. Tudo foi questão de segundos, foi muito rápido. Victor falou algo, entrou no veículo, travou as portas e seguiu pelas ruas da cidade. 

Uma aflição tomou conta de Priscila quando notou que o hotel estava se distanciando. Olhava para trás, ficando nervosa. 

_O que porra você está fazendo?
_Achando um atalho para esse processo todo de tentar te reconquistar – olhou rapidamente pelo retrovisor.
_Victor, volta pro hotel agora – sussurrou entre os dentes
_Não dá. Tarde demais – suas mãos estavam firmes no volante.
_A Tati está me esperando.
_A Tati sabe que você está comigo.
_PARA ESSE CARRO AGORA! – Bateu no banco do motorista.
_QUER PARAR DE CHILIQUE? – Virou o rosto rapidamente. – Está se comportando como uma menina de quinze anos.

Priscila voltou a sentar no banco, braços cruzados, olhos rasos prestes a cair algumas lágrimas no rosto. Estava com medo, as coisas estavam saindo do lugar, não foi assim que planejou aquele reencontro.