Capítulo 44

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How can you see into my eyes like open doors?
Como pode você ver dentro dos meus olhos, como se fossem portas abertas?
Leading you down into my core
Levando-o até meu interior
Where I've become so numb?
Onde eu me tornei tão entorpecida?
Without a soul, my spirit's sleeping somewhere cold
Sem uma alma, meu espírito está dormindo em algum lugar frio
Until you find it there and lead it back home
Até que você o encontre lá e o leve de volta pra casa

(Bring Me To Life – Evanescence)

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Victor fechou a porta atrás de si, permaneceu parado no corredor por alguns segundos, com uma das mãos em seus olhos e os dedos pressionando-os para evitar que mais lágrimas caíssem. Se Priscila precisava de um tempo ele tinha que entender.

Passou pela sala, ouviu alguém lhe chamar. Sandra estava saindo da cozinha enxugando as mãos em um pano de prato. 

_Vai buscar a mala que deixou no carro? 

O que falar para a sogra? Seus olhos voltaram a ficar úmidos, seu corpo suplicava para pedir ajuda a Sandra. Ela notou a expressão que ele fizera e como uma boa mulher e mãe, entendeu o que havia se passado no quarto. 

_Sente aqui. 

Segurou a mão dele e juntos sentaram no sofá. Victor baixou o rosto e ficou calado por alguns segundos. Sandra fez carinho na sua mão, notando que ele não iria falar nada, se pronunciou: 

_Assim que soube da notícia que ela perdeu o bebê fiquei arrasada, mas não muito por isso. Acidentes acontecem. Fiquei arrasada mesmo por já imaginar essa fase que Priscila iria passar – passou a mão no cabelo dele. – Não estou aqui como mãe, mas sim como uma mulher. Tente entender o lado da Priscila, quem sabe ela por aqui não se recupera mais rápido hein?
_Priscila me odeia – suspirou.
_Que bobagem Victor. Isso só são momentos turbulentos pelos quais ela está passando. Eu sei que logo vão voltar, que ela vai se recuperar e quem sabe esse tempo vocês afastados sirva para a mudança de ambos?

Victor ergueu o rosto olhando para a sogra. 

_Pense nisso Victor. Eu gosto muito de você e sei que também está passando por uma fase complicada, afinal, ter que sair para trabalhar, mas com a cabeça na esposa não é fácil. Dê tempo ao tempo, rapaz. 

Sandra estava certa, o tempo só iria ajudá-los. Victor queria poder cuidar de Priscila, ficar todo o tempo junto, mas tinha que admitir que ela longe iria ser bem melhor. Olhou o relógio, já havia ficado naquela sala conversando com a sogra há mais de cinco minutos, não queria participar de uma cena constrangedora se a esposa resolvesse sair do quarto. Levantou-se. 

_Tenho que ir Dona Sandra.
_Não gostou das minhas palavras, não é?
_Imagina. Eu estava precisando de uma luz.
_Passei café para você, está bem quentinho.
_Infelizmente ficará para uma próxima Dona Sandra.

Abraçou a sogra e foi para o carro, entrou nele e ficou parado olhando para aquela casa. Viveu intensamente ali em menos de um ano, agora as coisas não se encaixavam, o amor de Priscila já era limitado e o seu desespero por ter aquela mulher estava bem pior. Procurou um hotel para passar a noite, entrou no quarto e se jogou na cama. Agora chorava livremente, sem pudor algum, sem ninguém para presenciar aquilo. Iria mudar e quando isso acontecesse, iria procurá-la e lhe reconquistar. 


Novembro...

Para todos, a vida estava se passando de uma forma rápida, mas para Victor e Priscila aquilo já estava sendo torturante. Outubro fora um dos meses mais complicados para ela, só a fazia lembrar-se da cena, se culpando e chorando sem parar. 

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