Capítulo 47

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_Tem certeza Leo? – Havia uma ponta de esperança em Victor
_Não brincaria com isso.

Victor olhou para o irmão. O que estava acontecendo naquela empresa? E quem estaria fazendo aquilo? 

Nando pigarreou para limpar a garganta e a voz sair mais clara: 

_Eu analisei e o Leo está certo – abriu uma pasta com alguns papeis. – Se quiser você mesmo pode dar uma olhada.

Aos olhos atentos de Leo, Victor olhou rapidamente a planilha. Uma angustia foi tomando conta de si quando notou, fazendo os cálculos por alto, que não estavam com lucro algum. 

_Só tem essa planilha aqui?
_Não – Nando se endireitou na cadeira. – Essa daí é só a desse mês. Teremos que analisar as anteriores, saber onde e desde quando isso aconteceu.
_Então nem que seja preciso passar o dia aqui, iremos analisar isso tudo.
_Vou pedir os extratos anteriores. Toda a movimentação desde o começo do ano – Leo pegou o telefone.

Uma lembrança veio à mente de Victor: casou-se justamente por que na época estavam quase no vermelho. Não entendeu muito porque estavam nessa real situação. Desde que assinaram com a gravadora tinham colhido bons frutos, a agenda de show aumentado e até os CDs antigos estavam sendo bem vendido no mercado. 

_Você tem alguém em mente? – Perguntou repentinamente ao notar Leo com um olhar pensativo.
_Sim – mexeu-se na cadeira nervoso. – Sabe que confiamos às finanças em poucas pessoas, sempre temos alguém certo para fazer tudo isso.
_É alguém daqui de dentro da empresa?
_É alguém além da empresa – suspirou. – O Otávio.

Victor sentiu o corpo tremer, estava sendo real demais para ser verdade. Sempre confiaram no empresário porque aquele homem era bem mais que isso, era como um irmão, um amigo de anos. 

_O que te leva a achar que seja ele? 

Leo olhou para Nando. O contador tomou a palavra: 

_Não me pergunte como, mas assim que descobrimos que esse tal de Otávio estava desviando dinheiro, tomamos providências. A conta bancária pessoal dele está limpa, nada demais – ajeitou o nó da gravata. – Mas com meus bons contatos, descobrimos uma conta no nome dele em Miami e digamos que está bem... Gorda. 

Aquilo foi um grande baque para Victor. O irmão há tempos que vinha desconfiando da leviandade do amigo e empresário, mas ele nunca deu ouvidos por acreditar em Otávio. Olhou para Leo, o olhar era de tristeza por estar certo sobre todos aqueles fatos. 

***

Priscila sentou-se no banco próximo a bancada na cozinha. Geane separou alguns legumes, nunca estivera tão feliz por voltar à rotina ali naquela casa. 

_Então quer dizer que queria fugir de nós?
_Não foi bem assim Geane – sorriu timidamente. – Acho que eu só estava precisando de um tempo, ficar longe de tudo isso aqui.
_Sei como é – lavou os legumes na pia, voltou ao balcão. – O Victor também não ficou aqui. Me dispensou durante todo esse tempo, disse ele que estava na fazenda. Se pra você foi tudo muito difícil, então imagine para nós que ficamos apavorados quando soubemos que você decidiu se afastar.
_Mil desculpas – suspirou. – Eu acho que iria fazer uma besteira com minha própria vida se permanecesse aqui – olhou para a barriga. – Ainda me culpo por tudo o que aconteceu com ele.
_Para com isso Priscila. A vida tem dessas coisas, logo vocês tentam e conseguem.

Ela sabia que não tentariam porque não iriam ficar juntos. Ainda não estava preparada para permanecer naquela casa, não queria sofrer outra vez. Iria embora no dia seguinte, mesmo com Victor lhe implorando para ficar. Dessa vez iria agir como uma pessoa adulta e conversar com ele, explicar todo o porquê não queria viver ali. Continuou conversando com a empregada, ficara boquiaberta com a história de Geane, das tentativas para engravidar quando perdera o primeiro, da conquista, do quanto o marido era seu companheiro. Sentiu uma inveja branca, queria que Victor mudasse, queria que ele lhe amasse de verdade porque ainda tinha dúvidas daquele sentimento dele para com a mesma. 

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