POV JC
- Cadê meus netos? Se avexem que estou com saudades – escuto e corro para receber minha avó. Não a vejo desde o enterro do vovô há 2 anos.
- Vovó, que bom que veio ficar conosco.
- Deixa eu te vê, José Carlos. Tá bonito!
- A senhora está linda vovó, não mudou nada.
- Não buli comigo, menino. Mas cadê o Toninho?
- Olha eu aqui, vovó.
- Arre-égua! Mas não é possível, pensei que fosse o Edmilson! Era um pixototinho da outra vez que vi, agora já está um moço!
- Ouviram, já estou grande – diz meu irmão envaidecido.
Entre muito riso, cumprimenta a todos com abraços, nos enchendo de beijos.
- Se axegue, mãinha. A casa é sua.
- Oh, meu filho! Que alegria finalmente conhecê sua casa. Meu coração nunca mais sussegô desde que veio buscá serviço em São Paulo, ainda menino, pouco maior que o Edmilson.
- Já passou, mãinha. Deu tudo certo. Tenho muito que agradecê a Deus.
- Amém. Rezo todo dia para a Santinha abençoá nossa família e ela escuta.
- Não quer se deitar, D Severina? Deve estar cansada da viagem – minha mãe sugere, após minha avó ver toda a casa,
- Vou aceita, tô com uma dor no ispinhaço...
Almoçamos em clima de festa, depois que minha avó descansou um pouco, e mesmo a Joana esteve simpática.
- O Justino mandô abraços para todos, disse que vem em visita pelo Natal.
- E o sr. Atasildo, mãinha, está bem? Da última vez estava adoentado.
- Aquele bexiguento está bem, num qué é sabê de trabaiá, isso sim – diz no seu jeito divertido de se expressar – Mas agora quero é dá os presentinhos que trouxe.
- Para meu filho, alfinin, para adoçá sua vida, que sei que gosta.
- Foi a senhora que fez, vovó. Me ensina? – pergunta Inês tentando roubar um pedaço do doce.
- Foi, sim, minha neta. Vou ficá muito feliz em te ensiná.
- Para minha nora e minha netas, umas pulseiras e colares, para ficarem ainda mais bonitas no forró. E alpercatas, para meus meninos. Além dos confeitos.
Vovó deu notícias de outros conhecidos e nos divertimos com suas histórias engraçadas e os doces que trouxe para nós.
Sairei para fazer meu trabalho no meio da tarde e meus irmãos irão comigo. Estão elétricos de ansiedade para encontrar a Larissa na lanchonete. Percebo que Edmilson desenvolveu uma paixonite, pois não para de falar em como ela é linda.
- Tem alguém apaixonado aqui...
- De quem estão falando? – pergunta Inês entrando em nosso quarto.
- Da minha amiga Larissa. Iremos encontrá-la na lanchonete novamente.
- Tem razão, o galã enamorado não para de falar dos longos cabelos dourados e dos olhos verdes.
- Não é nada disso, ela é só minha amiga também – meu irmão diz envergonhado, tentando negar sem sucesso.
- Parece uma princesa, isso sim – Toninho entra na conversa. Pelo jeito Edmilson não é a única conquista...
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Sonhos e preconceitos - Livro 1 da Série Sonhos
RomanceUm rapaz filho de um migrante nordestino que luta pelo direito de perseguir seus sonhos, apesar da desaprovação em sua própria casa. Uma garota que não aceita as imposições de seu pai e quer vencer por suas próprias qualidades. Serão capazes de supe...