POV JC
- Mãe, ela está grávida! A senhora desconfiava?
- Não, sem sabia que tinha namorado ou algo parecido. Seu pai vai enlouquecer quando descobrir.
- Larissa, será seu irmão o pai da criança?
- Pode ser, pelo tempo de gestação, eles já se conheciam.
- Vamos esperar ela se recuperar um pouco antes de contarmos, se é que ainda não sabe – minha mãe decide, e sei que está dividida entre a alegria pelo neto e a preocupação pelo futuro da filha.
- Tudo bem, mãe. E o pai, quando vai contar para ele?
- Olhe, ele já está chegando. Vou contar agora mesmo – vejo sua determinação, mas também o medo da reação de meu pai.
- Amarildo querido, o médico conversou conosco novamente.
- O que ele disse? Aconteceu algo com a Joana?
- Ele contou que ela está esperando um bebê, mas que ambos estão bem.
- Grávida? Mas ela é solteira, nem namorado tem. Deve havê algum erro, não pode sê. – meu pai começa a se exaltar e minha mãe tenta acalmá-lo.
- Somente quando ela acordar poderá nos dizer o que se passa, mas precisa se acalmar. A menina quase morreu hoje.
- Onde está aquele desgraçado que, além de quase matá minha menina, ainda fez filho nela?
- Calma, meu pai. Não sabemos se o Leandro é o pai da criança. Ela poderia estar apenas de carona, sei lá – me preocupo de a Larissa se ofender com o modo de falar de meu pai, mas ela faz um gesto demonstrando que entende.
- Pode ser que sim, pode ser que não. Mas vou escarafunchar esta história e descobri o que aconteceu. E se esse galego é um aproveitadô, ele vai se vê cumigo.
- Vamos para casa, papai. Não está em condições de ficar aqui. Já falou com a polícia ou quer que eu vá.
- Manoel já foi resolvê. Acho melhó eu ir embora mesmo. Volto amanhã cedo.
- Vai dar tudo certo, Amarildo. Passarei a noite aqui.
Meu pai sai na frente e me despeço rapidamente da Larissa e corro atrás dele. Insisto para que deixe o carro no estacionamento do hospital e vá comigo. Ele está tão nervoso que acho melhor não dirigir. Vai todo o percurso xingando ora o pai do bebê, ora Joana, ora minha mãe por não educar direito a menina. Não falo nada, deixo que desabafe, apesar de não concordar com tudo o que diz.
Estão todos deitados quando chegamos, mas vovó se levanta para nos receber. Meu pai vai para o quarto e fico com ela na cozinha.
- Me diga, o que foi agora?
- Descobrimos que a Joana está esperando um bebê e papai está furioso porque ela não apresentou ninguém para nós e agora está grávida e não sabemos de quem.
- Ah menina... Bem que eu estava preocupada com ela.
- Uma pena que ela não confiou em nós para contar que estava com alguém. Assim o choque não seria tão grande, mas nem imaginávamos.
Vou me deitar, mas o sono custa a vir. Claro que ficamos felizes pelo bebê, só que dá medo. Não queremos que ela sofra mais do que já sofreu. E se o rapaz não assumir? Nós cuidaremos, não faltará nada de material, mas a criança precisa do pai. Penso em Pedro e em como ele ficará com a notícia.
Meu pai acorda mais calmo e vai com Manoel para o hospital. Ele ficará lá enquanto meu irmão trás minha mãe para descansar um pouco. Os meninos pequenos estão assustados, mas converso com eles e se acalmam, porém resolvo ficar com eles para distraí-los. Inês assume os cuidados com a casa e minha avó ajuda.
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Sonhos e preconceitos - Livro 1 da Série Sonhos
RomanceUm rapaz filho de um migrante nordestino que luta pelo direito de perseguir seus sonhos, apesar da desaprovação em sua própria casa. Uma garota que não aceita as imposições de seu pai e quer vencer por suas próprias qualidades. Serão capazes de supe...