Sonhos e preconceitos - Livro 1 da Série Sonhos

Capítulo 13

POV JC

Minha mãe, Inês e D. Cristina estão atarefadas com os salgados, doces, bolos e tortas para o chá. Elas estão planejando abrir uma padaria e cafeteria em sociedade, e usarão este evento para difundir seus produtos. A nossa cozinha está lotada de suas iguarias e imagino que a casa da Larissa esteja na mesma situação.

- JC prove este bolo. O que acha? – Inês coloca uma garfada de algo na minha boca quando passo perto dela.

- Delicioso. Me dá mais um pedaço?

- Preciso que prove estes outros também.

- Onde estão os pequenos? Não querem provar?

- Estão empazinados de tanto comer doce – minha avó responde, enquanto saboreia uma delicada tortinha de morango.

- Deixe um pouco para mim, vovó – Pedro chega e já pega uma torta de pêssego.

- Vixe, mas que menino lambido – minha avó diz rindo, e vejo como fica feliz que este novo neto que arrumou.

- Divide, vovó. Estou guardando para a Joana.

- Se é para o bebê, tudo bem. Leva dois de uma vez.

- Não leva não, Pedro. A criança vai agradecer se nascer com pele de pêssego.

- Só se for menina, Inês. É melhor não arriscar, ainda não sabemos o que é.

- Irão realmente fazer um novo exame?

- Sim. Não podemos cancelar o chá, está tudo pronto – minha mãe responde.

- Quem acompanhará a Joana desta vez? – pergunto para meu amigo, enquanto vamos para meu quarto.

- Eu queria ir, mas não é certo. O Leandro é o pai. Posso ter finalmente me entendido com sua irmã, mas não posso ocupar o lugar dele na vida do bebê.

- Essa criança será cercada de muito amor.

- Sim, já a amo como se fosse minha. Joana não acreditou quando lhe disse que queria namorar com ela, não entendia como eu podia querer uma mulher esperando o filho de outro e com o rosto marcado, ainda por cima.

- E o que disse a ela?

- Que amo tudo nela, seus erros, seus acertos, seu passado, seu futuro, seu rosto, seu sorriso, e acima de tudo esta criança que ela gera.

- Parabéns, meu amigo. Seu amor por fim venceu a teimosia de minha irmã.

- Ela disse que faz tempo que se sentia diferente com relação a mim, mas sua mágoa a cegou.

- Bendito acidente, que abriu os olhos dela.

- Sim, foi um susto, mas tiramos muito bem daquela situação. Joana é outra, e se já gostava dela antes, agora a amo com todas as minhas forças. Já não imagino minha vida longe dela.

Finalmente chega o dia em que saberemos se teremos um menino ou uma menininha. Porém, para mim, esta festa está mais para uma tortura. Voltar num lugar em que fui tão humilhado, para depois ser tão feliz e agora nada restar, está sendo mais difícil do que imaginei. Quando olho para as escadas, lembro-me dela naquele vestido azul, linda e sorrindo para mim. Os doces me lembram dos cupcakes que ela levou para meus irmãos, quando ainda éramos amigos. Vê-la sorrindo para meus irmãos me enche do mesmo desejo que senti em nossa brincadeira pela disputa por sua mão. Não há como negar, a quero para mim.

Saio assim que anunciam que terei uma sobrinha. Apenas parabenizo Joana e vou embora. Não me despeço de ninguém.

Minha avó me procura em meu quarto assim que chega em casa.