POV JC
Saímos da torre apenas quando ouvimos tosses nada discretas. Um pai com uma criança espera para seu filho poder usar o brinquedo. Nos desculpamos e saímos entre beijos e risos.
Vamos para minha casa, afinal não fui o único que sentiu saudades. Toninho fica radiante, pulando em volta de Larissa, e Edmilson fica mudo e corado perto dela. Vovó sorri para nós e é a maior festa.
- Até que enfim, num aguentava mais esse menino tristonho.
- Vem, Larissa, ver o quartinho da bebê. Eu preferia um menino para jogar bola comigo, mas ela será uma princesinha para eu proteger, foi o que o Pedro disse – Toninho a puxa pela mão para mostrar tudo, querendo sua atenção. Todos os acompanhamos enquanto ele mostra a ela o antigo cômodo de guardar ferramentas, que agora reformamos para Joana e sua filha.
- Ficou lindo. Parabéns. Olha que lindo, JC, cada detalhe – seu olhar embevecido me faz querer que chegue logo o dia em que estaremos no quartinho do nosso próprio bebê.
Uma semana depois, inicio meu estágio com o professor. Entre outros projetos, me designa para a obra em que meu pai está trabalhando. Como sonhei com este dia...
O Sr. Amarildo não cansa de dizer a todos que eu sou seu filho e seu orgulho me enche de alegria.
- Manoel, repensou sua decisão quanto a se especializar? – questiono em uma de minhas visitas a obra, após meu pai me apresentar para seus colegas.
- Sabe que nunca tive sua coragem de contrariar o pai, mas agora, vendo a mudança nele, me animei a procurar um curso. Já até me matriculei.
- Que ótimo, parabéns.
- Perdi muitas oportunidades na vida, JC, por imitar o pensamento limitado do pai. Até a garota de quem eu gostava, deixei ir embora.
- Você nunca mais falou na Andréia. Tem visto ela, sabe alguma coisa?
- Ela se mudou para Maringá para estudar medicina. Nunca mais a vi. Meu amigo Mário mantem contato, pois a namorada é amiga dela. Disse que talvez volte para cá após de formar.
- Ainda gosta dela?
- Sim, saí com outras garotas, mas nunca a esqueci. Não devia ter terminado por achar que um pedreiro era muito inferior a uma médica para dar certo.
- Não há vergonha nenhuma em sua profissão. É honesto, trabalhador.
- Sim, mas já poderia ter minha própria empreiteira se tivesse te ouvido ou me formado em algo que gostasse. Você esteve certo o tempo todo, só que fui muito tolo para perceber.
- Não é tarde demais, irmão. Você tem apenas 24 anos.
- Sim, não perderei mais tempo na vida. Me darei o direito de sonhar.
Minha mãe também está determinada a realizar seus sonhos, depois de alguns meses de planejamento. Em sociedade com D. Cristina inaugurará nos próximos dias a Padaria e Confeitaria Mãinha. Meu pai já realizou a reforma com a ajuda de todos nós e ela está muito empolgada.
Estou em minha sala, que divido com outro estagiário de engenharia, quando meu professou me convida para acompanhá-lo a uma reunião com o dono de uma construtora que quer firmar parceria conosco, a começar em instantes.
Qual não é minha surpresa ao ver entrar o pai da Larissa. Ele olha irritado para mim e diz, antes mesmo de nos cumprimentar.
- Com este rapaz eu não trabalharei, já deixo bem claro. Eu tinha uma ideia melhor da sua empresa, Alberto.
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Sonhos e preconceitos - Livro 1 da Série Sonhos
RomanceUm rapaz filho de um migrante nordestino que luta pelo direito de perseguir seus sonhos, apesar da desaprovação em sua própria casa. Uma garota que não aceita as imposições de seu pai e quer vencer por suas próprias qualidades. Serão capazes de supe...