Capítulo 14

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POV JC

Saímos da torre apenas quando ouvimos tosses nada discretas. Um pai com uma criança espera para seu filho poder usar o brinquedo. Nos desculpamos e saímos entre beijos e risos.

Vamos para minha casa, afinal não fui o único que sentiu saudades. Toninho fica radiante, pulando em volta de Larissa, e Edmilson fica mudo e corado perto dela. Vovó sorri para nós e é a maior festa.

- Até que enfim, num aguentava mais esse menino tristonho.

- Vem, Larissa, ver o quartinho da bebê. Eu preferia um menino para jogar bola comigo, mas ela será uma princesinha para eu proteger, foi o que o Pedro disse – Toninho a puxa pela mão para mostrar tudo, querendo sua atenção. Todos os acompanhamos enquanto ele mostra a ela o antigo cômodo de guardar ferramentas, que agora reformamos para Joana e sua filha.

- Ficou lindo. Parabéns. Olha que lindo, JC, cada detalhe – seu olhar embevecido me faz querer que chegue logo o dia em que estaremos no quartinho do nosso próprio bebê.

Uma semana depois, inicio meu estágio com o professor. Entre outros projetos, me designa para a obra em que meu pai está trabalhando. Como sonhei com este dia...

O Sr. Amarildo não cansa de dizer a todos que eu sou seu filho e seu orgulho me enche de alegria.

- Manoel, repensou sua decisão quanto a se especializar? – questiono em uma de minhas visitas a obra, após meu pai me apresentar para seus colegas.

- Sabe que nunca tive sua coragem de contrariar o pai, mas agora, vendo a mudança nele, me animei a procurar um curso. Já até me matriculei.

- Que ótimo, parabéns.

- Perdi muitas oportunidades na vida, JC, por imitar o pensamento limitado do pai. Até a garota de quem eu gostava, deixei ir embora.

- Você nunca mais falou na Andréia. Tem visto ela, sabe alguma coisa?

- Ela se mudou para Maringá para estudar medicina. Nunca mais a vi. Meu amigo Mário mantem contato, pois a namorada é amiga dela. Disse que talvez volte para cá após de formar.

- Ainda gosta dela?

- Sim, saí com outras garotas, mas nunca a esqueci. Não devia ter terminado por achar que um pedreiro era muito inferior a uma médica para dar certo.

- Não há vergonha nenhuma em sua profissão. É honesto, trabalhador.

- Sim, mas já poderia ter minha própria empreiteira se tivesse te ouvido ou me formado em algo que gostasse. Você esteve certo o tempo todo, só que fui muito tolo para perceber.

- Não é tarde demais, irmão. Você tem apenas 24 anos.

- Sim, não perderei mais tempo na vida. Me darei o direito de sonhar.

Minha mãe também está determinada a realizar seus sonhos, depois de alguns meses de planejamento. Em sociedade com D. Cristina inaugurará nos próximos dias a Padaria e Confeitaria Mãinha. Meu pai já realizou a reforma com a ajuda de todos nós e ela está muito empolgada.

Estou em minha sala, que divido com outro estagiário de engenharia, quando meu professou me convida para acompanhá-lo a uma reunião com o dono de uma construtora que quer firmar parceria conosco, a começar em instantes.

Qual não é minha surpresa ao ver entrar o pai da Larissa. Ele olha irritado para mim e diz, antes mesmo de nos cumprimentar.

- Com este rapaz eu não trabalharei, já deixo bem claro. Eu tinha uma ideia melhor da sua empresa, Alberto.

Sonhos e preconceitos - Livro 1 da Série SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora