Capítulo 9

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POV JC

Larissa tenta disfarçar, mas percebo que seu pai não recebeu bem a notícia do bebê. Mas sua mãe não abandonará o neto e nós também não, então sei que tudo se ajeitará.

Minha irmã teve alta do hospital na quarta-feira, mas Leandro permanecerá mais alguns dias internado. Em casa, ela se trancou no quarto e pediu para não permitir a entrada de ninguém fora da família. Seu rosto já desinchou bastante, mas ainda está roxo e ferido. Minha mãe contou que suas lágrimas apenas desciam silenciosas quando Joana olhou no espelho pela primeira vez.

Inês tem se desdobrado em cuidados com a irmã, com a casa, seus estudos e com o curso de panificação, e então resolvo faltar à aula na sexta-feira, coisa que nunca faço, para dar um descanso para minha irmãzinha. Lavo a louça do jantar, ajudo os menores a arrumarem nosso quarto e depois faço uma visita para Joana.

- Boa noite! Posso entrar?

- Oi, JC, entra.

- Como se sente? E o bebê?

- Estamos bem. Os enjoos começaram, mas apenas pela manhã.

- Fico feliz em saber. Não vejo a hora de a barriga crescer e para saber se teremos uma princesinha ou um jogador de futebol.

- Não está decepcionado comigo?

- Não, sempre me preocupei e peguei no seu pé por medo de que sofresse. Mas uma criança é uma benção.

- Obrigada, JC – fala chorosa e continua - Fico esperando a recriminação de todos, mas na verdade sou eu que estou magoada comigo. Não pelo meu filho, que já amo mais que a mim mesma, mas por minhas atitudes. Aceitei sair e me deitar com o Leandro sabendo que não tinha sentimentos por ele.

- Então por quê?

- Por um motivo ridículo e infantil. Pensei que se conseguisse namorar um cara rico e bonito como ele, estaria me vingando do idiota do Raul.

- Mas como, não entendi.

- Ele me disse que nunca gostaria de uma garota simplória como eu, que eu nunca poderia competir com garotas como sua namorada, fina e sofisticada. Quando o Leandro foi atrás de mim, e insistiu tanto para que saísse com ele, me enviando flores, chocolates, cartões, acreditei que era minha chance de mostrar que aquele metido estava errado.

- E o que mudou? Por que não pensa mais assim? Foi o acidente?

- Antes disso. O Leandro bebeu demais e confessou que não era rapaz de namorar, que só buscava diversão. Estávamos vindo embora depois disto quando sofremos o acidente.

-Que canalha!

- Não. Ele errou sim, mas eu me deixei iludir, e também queria usá-lo. Nós dois temos culpa.

- E como fará agora que está grávida? Será que ele desejará manter o relacionamento?

- Mesmo que ele me quisesse, depois de tudo que aconteceu, com o bebê e com este rosto horroroso, eu não quereria. Não o amo e nem há chance de acontecer.

- O que pretende agora?

- Vou viver para meu filho. Aquela garota fútil e egoísta morreu no acidente.

- Não se martirize, Joana. Todos erramos, apenas temos de nos arrepender e ir adiante tentando não errar novamente – ela volta a chorar e a acolho em meus braços e ficamos assim até seu pranto sofrido se esgotar e ela dormir.

Sonhos e preconceitos - Livro 1 da Série SonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora