POV JC
Larissa tenta disfarçar, mas percebo que seu pai não recebeu bem a notícia do bebê. Mas sua mãe não abandonará o neto e nós também não, então sei que tudo se ajeitará.
Minha irmã teve alta do hospital na quarta-feira, mas Leandro permanecerá mais alguns dias internado. Em casa, ela se trancou no quarto e pediu para não permitir a entrada de ninguém fora da família. Seu rosto já desinchou bastante, mas ainda está roxo e ferido. Minha mãe contou que suas lágrimas apenas desciam silenciosas quando Joana olhou no espelho pela primeira vez.
Inês tem se desdobrado em cuidados com a irmã, com a casa, seus estudos e com o curso de panificação, e então resolvo faltar à aula na sexta-feira, coisa que nunca faço, para dar um descanso para minha irmãzinha. Lavo a louça do jantar, ajudo os menores a arrumarem nosso quarto e depois faço uma visita para Joana.
- Boa noite! Posso entrar?
- Oi, JC, entra.
- Como se sente? E o bebê?
- Estamos bem. Os enjoos começaram, mas apenas pela manhã.
- Fico feliz em saber. Não vejo a hora de a barriga crescer e para saber se teremos uma princesinha ou um jogador de futebol.
- Não está decepcionado comigo?
- Não, sempre me preocupei e peguei no seu pé por medo de que sofresse. Mas uma criança é uma benção.
- Obrigada, JC – fala chorosa e continua - Fico esperando a recriminação de todos, mas na verdade sou eu que estou magoada comigo. Não pelo meu filho, que já amo mais que a mim mesma, mas por minhas atitudes. Aceitei sair e me deitar com o Leandro sabendo que não tinha sentimentos por ele.
- Então por quê?
- Por um motivo ridículo e infantil. Pensei que se conseguisse namorar um cara rico e bonito como ele, estaria me vingando do idiota do Raul.
- Mas como, não entendi.
- Ele me disse que nunca gostaria de uma garota simplória como eu, que eu nunca poderia competir com garotas como sua namorada, fina e sofisticada. Quando o Leandro foi atrás de mim, e insistiu tanto para que saísse com ele, me enviando flores, chocolates, cartões, acreditei que era minha chance de mostrar que aquele metido estava errado.
- E o que mudou? Por que não pensa mais assim? Foi o acidente?
- Antes disso. O Leandro bebeu demais e confessou que não era rapaz de namorar, que só buscava diversão. Estávamos vindo embora depois disto quando sofremos o acidente.
-Que canalha!
- Não. Ele errou sim, mas eu me deixei iludir, e também queria usá-lo. Nós dois temos culpa.
- E como fará agora que está grávida? Será que ele desejará manter o relacionamento?
- Mesmo que ele me quisesse, depois de tudo que aconteceu, com o bebê e com este rosto horroroso, eu não quereria. Não o amo e nem há chance de acontecer.
- O que pretende agora?
- Vou viver para meu filho. Aquela garota fútil e egoísta morreu no acidente.
- Não se martirize, Joana. Todos erramos, apenas temos de nos arrepender e ir adiante tentando não errar novamente – ela volta a chorar e a acolho em meus braços e ficamos assim até seu pranto sofrido se esgotar e ela dormir.
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Sonhos e preconceitos - Livro 1 da Série Sonhos
RomanceUm rapaz filho de um migrante nordestino que luta pelo direito de perseguir seus sonhos, apesar da desaprovação em sua própria casa. Uma garota que não aceita as imposições de seu pai e quer vencer por suas próprias qualidades. Serão capazes de supe...