Quando enfim consegui pegar no sono, depois de ficar rolando na cama por horas fui desperto com o toque do celular, levei a mão para o lado mas não encontrei o aparelho onde tinha o costume de deixar, foi então que me dei conta de que não estava em minha casa, estava em um quarto de hotel com móveis diferentes, em lugares diferentes.
Bufei, e me levantei para atender quem insistentemente me ligava:
_ Alô!
_ Alô, aqui é da escola do Samuel, você é o responsável por ele?
_ Sim sou o pai dele, o que houve com o meu filho?
_ Precisamos urgentemente que venha a escola, o diretor precisa falar com os dois responsáveis por ele.
_ Estarei indo para a escola imediatamente.
Desliguei o celular, e me apressei em fazer minhas higienes, dirigi o mais rápido que consegui e em menos de meia hora eu estava adentrando os portões da secretaria da escola, meu coração disparou a mil por hora, quando a minha frente estava Samuel e Guilherme, eles ainda não havia me visto, os passos que anteriormente estavam apressados foram diminuindo a velocidade a medida em que eu me aproximava, e assim que Samuel me avistou correu para os meus braços e eu o abracei.
Eu o ergui mantendo-o em meus braços enquanto beijava o seu rosto e me acheguei para perto de Guilherme:
_ Oi Gui... Eu estava com saudades.
_ Oi!
_ Uma semana que não nos vemos e tudo o que tem para falar é oi?
Ele não respondeu, entretanto eu entendi o que significava aquele silêncio. Em seguida a porta da secretaria se abriu:
_ Os responsáveis pelo aluno Samuel podem entrar.
A mulher nos dizia dando-nos passagem, entramos nós três, Guilherme sentou-se do meu lado direito, Samuel no meu colo. Um senhor com óculos grosso nos olhava, depois olhou para Samuel.
_ Eu sou o diretor Evaristo, e quero agradecer primeiramente a presença de vocês aqui, é importante essa integração entre os pais e a escola, bem... o motivo pelo qual chamamos vocês aqui, é por algo que aconteceu essa manhã, o aluno Samuel agrediu um amiguinho na hora do intervalo quando questionamos o que levou ele a fazer isso a resposta foi um pouco preocupante.
Guilherme olhou para o nosso filho e como forma de proteção eu o apertei em meus braços.
_ Filho o que te levou a bater no seu amiguinho?
Guilherme perguntava carinhoso porém firme. Samuel se mantinha em silencio de cabeça baixa, eu então resolvi intervir:
_ Samuel, precisamos saber o que aconteceu para você ter agido assim?
_ O senhor saiu de casa por causa dele.
_ Como assim filho, o que te levou a pensar que eu sai de casa por causa do seu amiguinho?
_ Eu ouvi o papai dizer para a tia Lana que o senhor beijou um rapaz chamado Bruno, e por isso não podia te perdoar.
Imediatamente meus olhos encontraram o de Guilherme e eu senti seu olhar de acusação:_ Entendem agora o motivo que achei preocupante?
Ele fez uma pausa, depois voltou a falar:
_ O amiguinho dele se chama Bruno.Novamente eu apertei Samuel em meus braços:
_ Eu não sei o que aconteceu entre vocês, e muito menos como resolverão isso, mas preciso que conversem com eles, não tivemos problemas com o outro filho de vocês, mas previno que falem com ele também.
_ Iremos conversar, eles podem ir para casa conosco?
Perguntei para o diretor:
_ Irei pedir que a inspetora busque o outro filho de vocês.
Daniel também abraçou-me quando chegou, nos despedimos do diretor e fomos em direção ao estacionamento.
Samuel e Daniel correram na frente parando próximo ao meu carro, porém caminhando lentamente Guilherme e eu ficamos um pouco mais para trás:
_ Precisamos conversar sobre o que aconteceu.
_ Sim, o que houve foi algo sério. Infelizmente isso afetou o meu filho.
_ Nosso filho..Abri a porta de trás do carro e os meninos entraram, abri também a do passageiro, mas Guilherme me olhou hesitando mas por fim entrou no carro mas claramente contrariado olhava para o lado de fora.
Era quase intransponível a barreira que ele criava entre nós, eu estava ali com ele tão perto contudo tão longe, tão distante.
Chegamos em casa e Guilherme se virou para os meninos:_ Agora vocês dois vão subir para o quarto de vocês, e tomar um banho quente e depois seu pai e eu precisaremos ter uma conversa com vocês.
Fiz um carinho no cabelo de cada um enquanto eles subiam para o quarto e enfim Guilherme se virou para mim:
_ Acho que precisamos conversar sobre o que houve. Não podemos permitir que o que aconteceu afete os meninos dessa forma.
_ Você tem toda razão.
_ Nós não podemos apagar o que aconteceu, e nem o fato de que nossa relação está da forma como está, mas temos que ser perspicaz para tratarmos esse assunto com eles._ Eu concordo, não podemos confundir a cabeça dos nossos filhos.
_ Ele bateu no amiguinho Bernardo, nós não podíamos confundir mais já confundimos, será que você não vê. Ele bateu no amiguinho que se chamava Bruno.
_ Eu me responsabilizo pelo meu erro Gui.. me perdoa.
_ É fácil para você pedir perdão, você me traiu Bernardo.
_ Foi apenas um beijo.
_ Apenas um beijo, e você acha pouco?
_ Gui não seja tão inflexível por favor.. me perdoa, nós podemos recomeçar.
Eu tentei me aproximar mas ele se afastou:
_ Não, nenhuma palavra que você diga me fará convencer Bernardo. Acabou.
_ Você não me ama mais?
Ele me olhou:
_ Amo, amo muito Bernardo, mas eu não confio mais em você.
_ Gui... eu não posso mudar o que eu fiz, eu não posso voltar no tempo, eu te amo, não fecha a porta para nós, eu irei te provar que você pode voltar a confiar em mim.
_ Nós não estamos aqui para falar de nós dois, estamos aqui para falar dos meninos.
_ Não é algo separado Guilherme, os meninos estão assim por que estamos separados.
_ Eles são crianças inteligentes, só precisam que nós dois conversemos com eles.
_ Eles nos querem juntos.
_ Não queira usar eles Bernardo. Você se deixou manipular pelas intrigas do Glauco e agiu levianamente.
Guilherme me apontava o dedo dizendo enfurecido o que parecia entalado em sua garganta.
_ Você sempre teve esse ciumes doente, eu não entendia o motivo, eu não fazia ideia que o meu irmão te envenenava, mas você dormia comigo todas as noites, e não foi capaz de confiar em mim, achou que eu o havia enganado e para se vingar ficou com o seu amigo, então não me venha com essa de que eles nos querem juntos.
_ Eu te amo.
_ Não quero julgar a retidão do seu sentimento, eu sei que sim, que existe um sentimento forte, não só da sua parte, mas não existe confiança, e um relacionamento sem confiança nunca poderá dar certo. Você está aqui para que conversarmos com os meninos, não tem nada a ver conosco.
Ele virou-se de costas, eu aproveitei e diminuí a distancia entre nós dois, circulando os braços por sua cintura, beijava-lhe o pescoço, o virando devagar nos meus braços:
_ O que pensa que está fazendo?
De olhos fechados ele me perguntava, em contrapartida eu levei minhas duas mãos em seu rosto e ele abriu os olhos encontrando os meus bem ávidos, e como um rompante que me dominava eu o beijei e se no início ele tentava se desvencilhar, foi abrandando e se entregando ao beijo avassalador, meu corpo pressionava o seu contra a parede, mas tivemos que nos separar ao ouvir os passos dos meninos a descer as escadas.
Era visível, o quanto o desejo nos dominava, o quanto nossos corpos precisavam um do outro, mas naquele momento tínhamos que adiar e priorizar os nossos meninos.
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Em busca de redenção
RomanceBernardo e Guilherme enfrentam a dura realidade da separação, como conviver sem a presença um do outro se seus corpos anseia por estarem juntos. Dez anos , dois filhos , um erro e muitas acusações, será que essa relação está fadada ao fracasso ou...