29 - Olivia

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Honestamente, quem pode me julgar por estar perdidamente apaixonada por uma garota de 17 anos?

Você? Ah, me poupe.

Laurence? É, talvez tenha razão.

Mas olhar os cabelos claros de Grace Curie deslizando em seus ombros e costas enquanto o doce som do seu riso preenche meus ouvidos me faz acreditar na veracidade da coisa. Na certeza do amor e, principalmente, em sua total realidade.

Eu a amo, isso é um fato, não tenho como negar. A amo mais do que um dia sonhei em ser capaz de amar Laurence. E vê-la assim, toda feliz e sorridente na minha roda de amigos, me faz ama-la ainda mais.

Ter Grace por perto é como ter o sol. Ela é clara, brilhante e nos emite calor, muito calor. Todos ao seu redor se sentem aquecidos pela sua graça e divindade. Todos espelham seu sorriso no rosto e procuram algum jeito de chamar sua atenção. Todos querem ser notados.

- Não acho assim tão competitivo. - Cass diz ao beber mais um gole da sua Stella Artrois e sorrir para a francesa em questão.

Ah, não. Até você, amigo?

Todo mundo que trabalhou diretamente para o desfile da Chanel S/S PFW 2018 estava na After Party. As festas da marca de Karl Largerfeld são muito conhecidas por serem bombásticas. Em todos os sentidos da palavra, do tipo sexo, drogas and Rock&Roll.

Mas nessa, especificamente, todas as atenções se dirigiam ao amor da minha vida. Seu heliocentrismo atraindo a atenção de toda a alta burguesia parisiense.

A música super alta que o Dj tocava na pista, as inúmeras celebridades presentes, nada importava. Nada. Apenas a pequena francesa na mesa 14 do camarote chamava a atenção.

- Hoje em dia, depois da influência digital, não é tão perceptível a diferença. - Perceptible, é assim a real pronúncia da palavra no seu sotaque francês suave e doce. Desconsiderei a imensa pressão que se formara em meu baixo ventre. - Mas quando eu era criança me lembro muito bem dos meus pais discutindo qualidades Chanel X Dior.

- Ela tem razão. - Lottie, um pouco alterada depois de três doses de tequila, perdera completamente o controle da voz. - Não acha, Olivia?

Meus olhos dobram de tamanho quando todos os olhares se dirigem a mim. Qual foi mesmo a pergunta?

Ah, droga. Perdi o fio da meada quando me dei conta da força gravitacional que a minha garota exercia sobre os presentes, mas me lembro de se tratar de algo como competição entre marcas e sei-lá-mais-o-quê.

- Acho. - Respondo antes de ser responsável por criar segundos de silêncio embaraçosos.

- Pode tentar ao menos disfarçar? - Lottie se inclina na minha direção para dizer entredentes ao pé do meu ouvido enquanto os outros davam continuação á conversa.

-Hã? - A olho questionadora e recebo uma revirada de olhos verdes em troca.

- Está escrito na sua testa que os mamilos daquela garota já estiveram na sua boca.

Meus lábios se erguem automaticamente.

É, eu realmente a amo.

Meu olhar encontra o seu segundos depois. É tão intensa a coloração das suas duas orbitas esverdeadas que perco a concentração e o canudo do meu drink desliza para fora dos meus lábios suavemente. Grace sorri e me faz ler seus lábios para decifrar o divertido "desastrada" que por eles escapa.

Sorrio sozinha por horas apenas ao relembrar desse ato e passo a me sentir boba e apaixonada.

Depois que todos beberam, riram e se divertiram, decidimos dançar na pista de dança do andar de baixo, onde se concentrava grande parte dos convidados. Era tão intensa a concentração de pessoas ali que os corpos de todos ficavam em constante contato o tempo todo, como uma intensa e calorosa colônia de humanos bêbados e alegres.

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