BAZAAR

31 - Olivia

Ouço com prazer o ressoar dos meus Louboutins pelo impecável piso de mármore do luxuoso Park Hyatt Milan que, convenhamos, era o melhor hotel da cidade.

- Reserva em nome de Olivia Hendrix. - É o que digo à recepcionista quando apoio minha recém adquirida Louis Vuitton no balcão e retiro de dentro meu cartão de crédito ilimitado.

- Um instante. - Ela desvia o olhar da minha figura e confere algo em seu Macbook prateado. - Tudo certo com sua hospedagem. - Um sorriso. - Seja bem vinda, senhora Hendrix.

- Obrigada.

- Senhora! - Ouço seu repentino chamado quando estava a caminho do elevador e me viro para olha-la. - Laurence Hendrix a espera no restaurante da cobertura.

Eita, porra.

Lottie e Grace forar sorteadas em outro hotel, e infelizmente não pude mexer os meus pauzinhos com a diretoria da agencia mais uma vez sem que parecesse suspeito.

Mas agora vejo que foi uma dádiva isso acontecer. Eu não conseguiria manter as aparências com Laurence e Grace no mesmo lugar. Não agora, não depois tê-la nos braços.

Ele é meu marido. Veria nos meus olhos que estou tendo um caso extraconjugal.

Com outra mulher.

- Sério? - Sem querer deixo escapar.

- Sim... - Ela parece relutante em compactuar com meu espanto.

- Hum... obrigada.

Ainda um pouco atônita com a notícia, deixo o elevador espelhado me levar até meu destino, que se revelou uma bela suíte presidencial com uma imensa cama King no centro e um banheiro todo trabalhado no mármore tailandês.

Meu demorado banho durou mais do que de costume, mas não responsabilizo o desperdício de tempo e recursos nos incontáveis minutos que passei pensando no conjunto {Laurence, Olivia, Grace}, sendo Olivia, a única intersecção entre eles.

{A} + {B} = {AB} - {A ∩ B}

Realmente, minha vida está tão conturbada que até parece problema mantématico da quinta série. E eu era péssima em matemática na quinta série.

E isso me faz pensar em Grace, que se ouvisse meu pensamento provavelmente diria que sempre fora ótima em matemática, assim como é ótima em tudo.

E pensar em Grace me faz pensar em Laurence, e em como ele também é bom em tudo. O que me faz retomar o pensamento ao nosso dilema em forma de conjunto numérico.

Ou seja, meus pensamentos são uma reação em cadeia. Que me lembra Química da quinta série.

Que me lembra Grace, que automaticamente me lembra Laurence.

Suspiro e isso faz com que as espumas se espalhem em todas as direções. Me assusto em tê-las tão próximas e percebo o exagero da sua presença por toda parte.

Puta merda. Acho que exagerei nos sais de banho.

Com todo o cuidado do mundo saio devagar da banheira e caminho por entre as nuvens brancas (sim, existia uma camada de 30 centímetros em todo o chão do banheiro) até alcançar o roupão jogado por cima da bancada da pia.

Visto a peça solo e me encaminho até o quarto, onde encontro minha mala aberta em cima da cama e escolho um delicado vestido Balmain. Estava calçando os Jimmy Choo quando ouço o vibrar do iPhone no criado mudo.

O pego nas mãos e abro o direct do Instagram.

@laurencehendrix: Vc vem?

@oliviahendrix: Claro, sweet. Problemas com as espumas.