11 - Olivia

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Qual é o meu problema? A pergunta se repete constantemente na minha cabeça, interrompendo os outros pensamentos como se esses não importassem. Como eu pude dizer uma coisa dessas para a garota?

Estou me tornando cada dia mais fã do seu trabalho, Grace. 

  Deus! Até a simples menção do comentário o faz parecer ridículo! O que Grace está pensando de mim agora? Deve estar rindo, me achando uma idiota apaixonada.

Apaixonada. Grunho de frustração. Eu sou apaixonada por Laurence, não por Grace!

- Olivia? - Uma voz familiar me desperta dos devaneios. Pisco repetidas vezes até focar no rosto bonito de Lottie que me encarava com uma pitada de preocupação. - Está bem?

- Sim. - Franzo um pouco cenho, o mais artisticamente que consigo sem fazer meu teatro parecer suspeito. - Só estou com um pouco de dor de cabeça.

- Quer um Adivil? - Ela abre a bolsa Gucci e tira de lá uma cartela prateada.

Faço uma careta para os comprimidos, admirada com a capacidade dos farmacêuticos de acharem que eu tenho a obrigação fazer um montro daqueles descer por minha garganta. Ainda mais quando minha dor é causada por uma pessoa, não por uma doença.

- Não precisa, amiga. É só uma enxaqueca leve. Vai passar em breve.

- Tudo bem então. - Ela guarda a cartela na bolsa e faz um movimento de ombro. - Vamos? Nosso próximo casting é no Brooklin. Não podemos nos atrasar.

- Podemos passar em uma Starbucks antes? Estou com fome.

- Claro. - Caminho ao seu lado pelos corredores da agência até os elevadores na recepção. - Como foi com o Jacob?

- Normal. - Aperto o botão para chamar o elevador. - Ele me passou o comprovante do depósito e assinamos novos contratos...

- Espere aí! Assinamos? - Ela me olha com aquelas duas órbitas verdes arregaladas. - Grace estava lá?

- Sim! - Fecho os olhos com força, ignorando a imagem da garota seminua que surge inesperadamente em minha mente. - E eu disse que sou sua fã!

- Você o quê? - Lottie diz meio rindo. Sabia que até para a rainha do sarcasmo aquilo ia parecer ridículo.

- Eu sei, foi burrice! Mas ela estava falando que ninguém pegaria seu autógrafo e eu disse pegaria, pois é verdade.

- Oh, meu Deus, você é muito gay! - Ela exclama com uma gargalhada.

- Charlotte! Não ri! Estou falando sério. O que eu faço?

- Para deixar de ser troxa por essa garota? Não sei. Nunca fui troxa por uma mulher.

- E nem eu!

- Laurence pode não estar cumprindo seus deveres no meio das suas pernas.

- Mas ele está, e como está! - Levo ambas as mãos ao rosto e o esfrego com força, não me importando em borrar a maquiagem. - E quanto mais eu trepo com Laurence mais eu quero trepar com Grace.

- Jesus! Estamos evoluindo. - As portas de metal se abrem e por ela saem um punhado de adolescentes esbeltas e altas. Algumas congelam ao nos ver, outras se limitam aos risinhos e sussurros. - Tchau, garotas!

- Em que estamos evoluindo? - Pergunto quando entramos no elevador agora vazio.

- De sonhos eróticos passamos para tesão real oficial.

- Oh, Deus! É um tesão subjetivo. Não quer dizer que eu quero realmente trepar com Gr...

As portas estavam quase totalmente fechadas quando um braço esguio e pálido surge entre a fresta e as fazem ser novamente abertas. Quanto mais se abrem menos posso acreditar em que meus olhos estão vendo. Grace Curie entrando no espaço apertado do elevador e trazendo até mim seu delicioso cheiro de um perfume fresco como a brisa do mar, seus cabelos claros esvoaçando ao redor da sua cabeça como uma coroa feita de uma mescla perfeita de ouro e bronze.

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