Qual é o meu problema? A pergunta se repete constantemente na minha cabeça, interrompendo os outros pensamentos como se esses não importassem. Como eu pude dizer uma coisa dessas para a garota?
Estou me tornando cada dia mais fã do seu trabalho, Grace.
Deus! Até a simples menção do comentário o faz parecer ridículo! O que Grace está pensando de mim agora? Deve estar rindo, me achando uma idiota apaixonada.
Apaixonada. Grunho de frustração. Eu sou apaixonada por Laurence, não por Grace!
- Olivia? - Uma voz familiar me desperta dos devaneios. Pisco repetidas vezes até focar no rosto bonito de Lottie que me encarava com uma pitada de preocupação. - Está bem?
- Sim. - Franzo um pouco cenho, o mais artisticamente que consigo sem fazer meu teatro parecer suspeito. - Só estou com um pouco de dor de cabeça.
- Quer um Adivil? - Ela abre a bolsa Gucci e tira de lá uma cartela prateada.
Faço uma careta para os comprimidos, admirada com a capacidade dos farmacêuticos de acharem que eu tenho a obrigação fazer um montro daqueles descer por minha garganta. Ainda mais quando minha dor é causada por uma pessoa, não por uma doença.
- Não precisa, amiga. É só uma enxaqueca leve. Vai passar em breve.
- Tudo bem então. - Ela guarda a cartela na bolsa e faz um movimento de ombro. - Vamos? Nosso próximo casting é no Brooklin. Não podemos nos atrasar.
- Podemos passar em uma Starbucks antes? Estou com fome.
- Claro. - Caminho ao seu lado pelos corredores da agência até os elevadores na recepção. - Como foi com o Jacob?
- Normal. - Aperto o botão para chamar o elevador. - Ele me passou o comprovante do depósito e assinamos novos contratos...
- Espere aí! Assinamos? - Ela me olha com aquelas duas órbitas verdes arregaladas. - Grace estava lá?
- Sim! - Fecho os olhos com força, ignorando a imagem da garota seminua que surge inesperadamente em minha mente. - E eu disse que sou sua fã!
- Você o quê? - Lottie diz meio rindo. Sabia que até para a rainha do sarcasmo aquilo ia parecer ridículo.
- Eu sei, foi burrice! Mas ela estava falando que ninguém pegaria seu autógrafo e eu disse pegaria, pois é verdade.
- Oh, meu Deus, você é muito gay! - Ela exclama com uma gargalhada.
- Charlotte! Não ri! Estou falando sério. O que eu faço?
- Para deixar de ser troxa por essa garota? Não sei. Nunca fui troxa por uma mulher.
- E nem eu!
- Laurence pode não estar cumprindo seus deveres no meio das suas pernas.
- Mas ele está, e como está! - Levo ambas as mãos ao rosto e o esfrego com força, não me importando em borrar a maquiagem. - E quanto mais eu trepo com Laurence mais eu quero trepar com Grace.
- Jesus! Estamos evoluindo. - As portas de metal se abrem e por ela saem um punhado de adolescentes esbeltas e altas. Algumas congelam ao nos ver, outras se limitam aos risinhos e sussurros. - Tchau, garotas!
- Em que estamos evoluindo? - Pergunto quando entramos no elevador agora vazio.
- De sonhos eróticos passamos para tesão real oficial.
- Oh, Deus! É um tesão subjetivo. Não quer dizer que eu quero realmente trepar com Gr...
As portas estavam quase totalmente fechadas quando um braço esguio e pálido surge entre a fresta e as fazem ser novamente abertas. Quanto mais se abrem menos posso acreditar em que meus olhos estão vendo. Grace Curie entrando no espaço apertado do elevador e trazendo até mim seu delicioso cheiro de um perfume fresco como a brisa do mar, seus cabelos claros esvoaçando ao redor da sua cabeça como uma coroa feita de uma mescla perfeita de ouro e bronze.

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BAZAAR
RomanceOnde uma das maiores top models de todos os tempos se envolve com uma simples modelo em ascensão.