Noites em Claro

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Madrugada alta. Segunda feira, três da manhã, pelo horário local. Está caindo uma tempestade dos diabos lá fora, e cá estou eu, usufruindo desse meu café com gelo, ouvindo Nirvana.

Maldito dia aquele que escolhi para fazer programa na boate Annie e maldita mulher de cabelos cacheados e olhos castanhos que não sai da minha cabeça!

Quem era aquela mulher? O que ela teria visto em mim? Como ela conseguiu arrancar beijos meus? Puta que pariu, eu não beijo ninguém! O mais absurdo de tudo isso, é que os beijos dela eram bons, tinham gosto de chantilly com cereja, ao mesmo tempo, sua boca parecia queimar a minha e todas as partes de meu corpo.

Uma mulher que sabe como ter o mais impossível dos homens na palma da mão, o que me intriga ainda mais.

O que diabos viera fazer naquele puteiro? Ou teria sido eu que escolhi o dia errado para trabalhar? Eu não precisava ir para aquela espelunca naquela noite, o dinheiro que ganhei repassando minhas mercadorias eram o suficiente para me manter tranquilamente por quatro meses.

Mas o fato não era o dinheiro, eu precisava transar, nem que não recebesse um centavo por isso.

No entanto, lá estava ela, naquele jeans justo, com aquele traseiro bem levantado e avantajado, aquela regata preta sem proteção de sutiã e uma camisa jeans delave. O olhar escuro, penetrante, cheio de mistério, desejo.

Ela me chamou intelectual e sexualmente, e algo me diz que ela estava lá só por minha causa, estava lá porque sabia que eu também estaria.

Será que ela é da polícia? Se sim, estou fodido. Nem seu nome eu consegui, à guisa que ela sabia o meu. Ela simplesmente me ofereceu uma enorme quantidade para ir para a cama comigo e me levou com ela para a suíte.

Transamos como se não houvesse amanhã e foi a MELHOR foda da minha vida. Sem proteção, sem nada, aliás, ela era tão sedutora que me fez esquecer de usar a merda da camisinha, e até agora estou me culpando por ter sido tão estúpido de esquecer um detalhe tão crucial como esse.

E se ela tinha alguma doença? Ou pior, se ela engravidar?

Definitivamente, não tenho punho o suficiente para lidar nem com um nem com o outro.

Justin Timberlake começa a cantar "Cry me a river, e eu só consigo pensar nela... O jeito como se despia para mim, como me olhava, me desejava... Acho que nunca em toda a minha vida me senti tão desejado, tão cobiçado. Entretanto, quando acordei, ela já não estava mais ali. E nem sequer me deixou seu telefone.

Todas as mulheres com quem dormi me deixaram seus telefones, fosse num simples programa, ou numa aventura. Eu que nunca liguei para nenhuma dessas vadias.
Mas será que eu ligaria para ela? Ah, Carter, claro que sim, a quem você está enganado?

Nem o nome... como pode?
Cinco e meia. Bebo mais café, mas agora o misturo a vodka. Bebo como um touro, no entanto continuo de pé.
Meu telefone toca me tirando de meus devaneios.

- Alô? - murmuro de mau humor.

- Hey, Jack, você tem aquele baseado aí com você?

Solto o ar dos pulmões com força e passo a mão no cabelo negro revolto. Essa voz petulante é de Dan.

- Isso lá são horas de ligar pra pedir baseado, seu imbecil? - trovejo com ele, meu mau humor alimentado pelo álcool e pela cafeína.

- Hey, man, calma aí. - o idiota ri do outro lado da linha e me deixa mais irritado. - Sabe, você precisa dormir ou foder. Quem sabe os dois.

- Diga o que você quer, caralho, não estou para chacota.

- Mas eu já disse, man! - ele tenta me fazer de surdo, mas não dou bola.

Damaging Bullet HeartsOnde histórias criam vida. Descubra agora