Ela não veio. Estou destruído, decepcionado. Meu coração está quebrado. Não consigo acreditar que ela fez isso comigo, conosco. Por que, por que, por que, por que, meu Deus, eu amei justamente essa mulher? Por que todo esse castigo na minha cabeça? O que foi que ela fez para que eu me envolvesse tanto assim?
"Nada poderia surgir entre nós." Era apenas o que ela dizia.
Desculpe dizer isto, baby, mas eu não sinto o mesmo. Estou retrocedendo para frente e para trás da minha mente teimosa, desejando que ela estivesse aqui. Claro, o tempo todo, ela está certa. Pode por favor me convidar para dentro da sua casa? Eu gosto dela melhor do que todos os que lhe cercam, principalmente aquele noivinho idiota metido a besta dela.
Jamais poderíamos nos dar bem, até porque somos dois tipos diferentes e eu odeio cada vez mais isso. Essas Stivens, sinceramente são uma maldição perante à nós, Carter, pois tanto o pai, como o filho caíram na teia da mãe e da filha. O foda é que meu pai também sofreu amargamente pela mãe de Monik, e eu estou me vendo no mesmo tormento. Cá estou eu, dilacerando meu coração cada vez mais com a mágoa de saber que ela preferiu ir dormir nos braços do noivo agressivo, do que nos meus braços, o traficante carinhoso e ridiculamente romântico.
Muito bem feito, Jack! Rio da minha própria cara. Nunca na vida pensei viver uma desilusão amorosa, e se é isso que a Srta. Stivens quer, eu não vou mais insistir. Mas se ela estalar os dedos e me disser "vem", eu vou. Não porque eu sou trouxa, mas porque eu amo essa mulher. Ou talvez, pelos dois motivos, não é mesmo? Afinal de contas, quem foi que ficou enchendo a cara e esperando igual otário a noite toda pela musa de cabelos cacheados, olhos castanhos e linda de morrer?
Vejo as horas ao ver que já raiou o dia. Seis e meia. Vou tirar minha roupa, tomar um banho, tomar um café amargo para curar a ressaca e ir dormir um pouco, depois da noite em claro, esperando em vão por ela, sem obter resposta, nem sequer uma ligação. Deito na cama, mas não consigo dormir. Me bato e me reviro até as nove e quinze, quando decido levantar e ser o Jack que eu sempre fui. Eu vou superar essa merda, eu acredito em mim.
Me troco e vou para meu escritório. Solicito a presença de Andrew, pelo que já o perdoei do castigo antes do tempo. Dan andou me ligando, mas eu não percebi, tomado de mágoa como estava - e ainda estou - a noite toda. Peço para que venha até aqui também para que possamos conversar melhor, seja lá o que ele queira dizer. Organizo minhas planilhas e vejo que tenho que reaver o prejuízo da espanhola.
Ambos chegam juntos e o que Dan queria saber não era de extrema necessidade, importância, como sempre, queira drogas. Andrew vai fazer um negócio em Sacramento, pois preciso dar uma assistência lá. Fico mais tranquilo diante do meu trabalho e isso me faz esquecer, pelo menos em parte, da mágoa que Monik me fez passar.
****
Eles ficam aqui comigo até o meio dia. A hora passou rapidamente e eu estive ocupado a tarde toda. Quando fui ver, já era oito da noite e eu nem sequer almocei. Mas alguém bate na porta do escritório. Só há uma pessoa que entra aqui sem avisar. Ela aparece logo em seguida, com sua mão delicada segurando a porta. Encaro-a como se ela fosse uma estranha e digo friamente:
- De agora em diante, peço que avise por ligação ou mensagem antes de vir. Eu sou um homem ocupado, se isso lhe interessa.
- Me desculpa.
- O que você quer aqui? - pergunto com arrogância.
- Eu queria conversar com você.
- Para dizer o que? - digo exasperado. - "Nada poderia surgir entre nós"? Blá, blá, blá, Monik. Que se foda! - jogo os papéis na mesa e me levanto.
Ando até ela, o olhar fixo no dela. Seu olhar é cauteloso, mas há sombra do mesmo desejo que estou sentindo e tentando esconder. Cerro a mandíbula, estou morrendo de raiva. É muito atrevimento, ela aparecer depois de ter me deixado tanto tempo aqui esperando.
- Jack, não leve a mal, eu estou apenas protegendo você. - ela me encara amargurada, sem ter como reagir, assim como eu, está se controlando.
- E por que eu não posso fazer isso com você também?
Ela engole seco e estica a mão. Noto que está usando o anel que lhe dei e quero sorrir, mas continuo sério e sem esboçar emoção alguma. Seus dedos roçam timidamente a minha face, sentindo a barba que está crescendo, depois os meus lábios. Continuo impassível e sem mostrar o que sinto. Eu a quero, mas estou chateado demais para agarrá-la e levá-la para cama.
- Jack... - ela sussurra. - Se cuida, por mim. Não repita a história dos nossos pais.
- Ok. Eu não vou mais insistir.
Viro as costas com um aperto muito grande no peito. Fecho meus olhos e a contragosto, digo:
- Vá embora, Monik, não procure mais por mim. Mesmo que ambos queiram se vingar do mesmo homem, eu não vou suportar ficar perto de você, sem ter você para min.
- Não, Jack!
A maneira como chamou por mim me obriga a olhar para ela. Seus olhos estão arregalados, está chocada.
- Se ficarmos nos vendo, eu vou querer você. Se quer que eu te esqueça, suma da minha vida.
- É isso que você quer? - ela me olha com receio.
- Claro que não. - digo imediatamente. - Monik, o que eu sinto por você é maior que eu mesmo. Mas se você não quer, eu não vou insistir mais. Chega. É melhor acabar com tudo de uma vez.
Ela abaixa a cabeça. Está lutando contra seus sentimentos, assim como eu. Depois, ela ergue os olhos para mim e me olha muito triste. Me corta o coração. Me aproximo de novo dela e olho em seus olhos. Sei que ela não quer me deixar, e eu também não quero que ela vá. Eu quero essa mulher mais do que tudo. Eu quero seu amor, seu carinho, sua compreensão. Eu quero fazer ela feliz. Eu a amo muito. Amo como nunca amei e nunca vou amar mais ninguém.
- Jack... - ela fecha os olhos e suspira. - Adeus, Jack.
Monik me dá as costas e para diante da porta, segurando a maçaneta. Noto que ela engole seco e eu estou desesperadamente torcendo para que ela venha para os meus braços. Sei que se ela olhar para trás, não vai conseguir fazer isso com a gente. Ela olha para trás. Suspiro, abaixando a cabeça, lhe dando liberdade para fazer como quiser. Então, ela abre a porta e sai, me deixando para trás. Levo as as mãos à cabeça e fico parado, frustrado, destruído, ainda mais magoado. Jogo meu cabelo para trás e tento procurar chão para pisar. Estou me sentindo morto. Ela me deixou. Monik, a única mulher que eu amei, me deixou.
Procurando equilíbrio, vou até a minha adega para encher a cara de vinho, gin tônica e conhaque.
Ela tem razão...Nada poderia surgir entre nós.
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Damaging Bullet Hearts
RomanceJack Carter é um garoto de programa que se envolveu com o tráfico de drogas. Sua reputação na situada área do crime é tão grande que ele torna-se o traficante mais procurado da Califórnia, (EUA). Filho de um também traficante, morto num confronto c...