Emboscada

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Carris tem vindo aqui em casa a cada dois dias. Ele está insistindo para que eu tope esse negócio milionário que ele está investindo. Mas estou muito desconfiado disso tudo. E ainda tem Monik que está me ajudando a saber quem é que está tramando minha morte com o maldito do pai dela. Preciso dar um jeito de saber é esse infeliz que está me sondando. Se for, terá o mesmo fim que Benson, aquele desgraçado. Não suporto traição e ele não tem motivos para fazer isso comigo, a não ser a sua ambição.

Do nada, sou surpreendido pela porta batendo com força. Vou abrir sobre protestos à pressa da pessoa. Que inferno, quem será a essa hora? Abro e vejo Monik desesperada, com seu revólver na mão.

— MAS QUE PORRA É ESSA? - inquiro intrigado.

— Jack, me ajuda pelo amor de Deus. Tem alguém querendo me matar.

— E é pra cá que você vem? - esbravejo olhando pela janela para saber se está tudo limpo.

— Essa casa está num ponto estratégico de Los Angeles, você acha que eu não sei o porquê de você morar aqui, Jack?

Seu olhar para mim é petulante. Quem será que quer matá-lá?

— Monik, pra eu te ajudar, eu preciso que você me conte o que está acontecendo.

Seu olhar é perdido e cheio de preocupação. Ofereço um copo d'água para ela que o bebe tremendo, pousando sua 9mm na mesa de jantar. Puxa a cadeira e senta com rompante e leva as mãos à cabeça, jogando seus cachos para trás, com os cotovelos apoiados à madeira maciça da minha mesa. Solta um forte suspiro e lança bomba.

— Alguém na minha equipe descobriu nosso conchavo.

— Agora nosso envolvimento é um conchavo? - pergunto decepcionado.

— Ah, Jack, por favor, não me amola! - ela está mesmo exasperada.

— Baby, procure se acalmar. - fico arrependido de ter feito ela ficar mais nervosa. -— Olha, precisamos saber o que está acontecendo, pois estamos os dois sendo traídos. Estou desconfiado de que a mesma pessoa que quer a minha cabeça, agora quer a sua também porque você se aliou a mim.

— Uh, sério, Sherlock Holmes? - ela me olha com petulância. - Qual o próximo passo, pegar sua lupa e sair por aí perseguindo pegadas, depois, trocar tiros com sua Mauser C-96 e matar todos os que estão à nossa volta?

— Na verdade, não. - digo também com ironia. - Isso é um trabalho seu, não meu. Só quero proteger você de tudo. E acho que esse seu nervosismo tem a ver com seu stress de estar sendo perseguida por um marginal que quer nossa cabeça, junto com a sua TPM.

— Jack, eu não quero falar disso agora. Eu sabia dos riscos que corria vindo atrás de você, mesmo assim, eu vim. Não tinha outra saída que não fosse essa. Eu preciso colocar meu pai nas suas mãos. É uma questão de honra para a memória da minha mãe e pela dignidade que um dia eu tive.

Sinto que ela me esconde alguma coisa. Seu tom de voz é preocupante.

— Monik, seja sincera comigo: você quer se vingar apenas por seu pai ter matado sua mãe ou tem algo que você ainda não me disse?

— Jack, por favor, por favor!

Nesse instante, lágrimas saem de seus olhos e eu fico preocupado com isso, findando o assunto, indo até onde está, colocando sua cabeça no meu ombro e deixando com que descarregue sua sensibilidade. Nunca vi ela desse jeito, creio que seja mesmo a tensão pré menstrual e o fato de agora saber que ela está correndo riscos por minha causa. Odeio saber que a vida dela corre perigo por minha culpa, mas ambos sabíamos com quem estávamos lidando e que não seria fácil para nós. E ainda tem a questão de estar apaixonado por ela, isso pode ser a gota d'água. Jamais irei me perdoar se perder essa mulher, a única que eu amei durante todo esse tempo. A única que me faz querer largar tudo isso para trás e ser feliz ao seu lado, construir uma família e ter uma vida normal. Quero fazer valer a pena cada esforço e que no final tudo dê certo para mim e principalmente para Monik, pois ela é mais um dos motivos pelo qual estou disposto mais do que nunca a me vingar de Stivens.

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