Cama de Gato

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Fico esperando ela se aprontar numa agonia dos infernos. Ela está demorando para simplesmente vestir um vestido e calçar um sapato. Quando sai do banheiro, vindo até a adega onde estou e eu sinto sua presença, meu mundo para de girar para olhar para ela. Ela está irresistível. Linda, com o vestido que lhe dei, o salto scarpin. Serve tudo perfeitamente nela, está sob medida. Está impecável, maravilhosa. Ando até ela abandonando a taça de vinho. Pego sua mão e ela põe um cacho atrás da orelha, o resto do cabelo levemente preso com algum grampo.

— Você é linda demais. - admiro.

— São esses olhos azuis.

Sorrio e digo com carinho:

— Vamos?

— Sim.

****

Abro a porta do meu carro para ela que olhando para mim de maneira ansiosa e cheia de expectativa, sai do veículo e segura meu braço. Entrego a chaves do carro ao manobrista e subo com ela um pequeno lance de escadas, acessando o hall de entrada do finíssimo restaurante ao qual fiz uma reserva privativa para nós dois. Ela me encara estupefata com a grana que sabe que gastei, mas não faço questão de dar bola. Simplismente, acesso a entrada e somos cordialmente recepcionados por uma moça loura de olhos esverdeados que me encara um tanto admirada.

Mas a admiração total está em Monik que está simplismente de tirar o fôlego de qualquer homem e qualquer mulher, isso é visível pelos olhares que vejo ao redor para ela. Somos conduzidos para a sala particular e eu, cavalheiro como sempre puxo a cadeira para minha musa se sentar. Sorrindo, ela toma o seu lugar na mesa que tem espaço apenas para dois e me olha muito ansiosa. Me sento de frente para ela e nossos olhos se encontram. Pego a carta de vinhos, mas deixarei que ela faça a escolha. Denuncio minha intenção com o olhar e ela apenas volta a correr os olhos pela lista em suas mãos. Por fim, diz de modo seco, porém educado à moça:

— Duas taças de Arenile 1969, por favor.

Ela sabe do que gostamos. Uma boa safra italiana. Isso me faz sorrir novamente, lhe dando um olhar lascivo. Ela entrega sua carta de vinho à moça que pega a minha e se retira depois de dar uma olhada furtiva para mim. Mas eu só tenho olhos para minha mulher. Sinto a toalha mexer embaixo de mim e sei que suas pernas estão cruzadas. A moça volta com as taças de vinho e ela não tem pressa em dar um gole e saborear. Olho para ela a todo instante. Ela também parece nervosa. Sabe que estamos aqui por algum motivo e não está disfarçando a ansiedade. Aliás, nem eu. 

— Eu deixei o jantar já reservado também. Ele faz parte da surpresa, baby. - digo quebrando o silêncio.

— Por mim, tudo bem. Essa noite já valeu a pena para mim, Jack, pode acreditar.

— E valerá muito mais, baby.

Ela me dá aquele sorriso que só ela sabe dar. Não resisto quando ela sorri assim, ela fica radiante, linda, mais ainda do que já é. Céus, como eu amo essa mulher!
A garçonete chega com a entrada. Salada de nozes com azeite. Saboreando calados e olhando um para o outro, comemos a salada devagarinho. Até chegar o prato principal: Uma massa italiana ao molho branco com temperos tipicamente brasileiros. Uma especialidade da casa, já que os donos são um casal, ele brasileiro, a esposa italiana. O prato é batizado como Veneza de Cristo, em homenagem à dois pontos turísticos dos países. Lógico que uma mistura dessas poderia sair maravilhosa.

— Bem, se um brasileiro pôde se casar com uma italiana, porque eu, o maior traficante da Califórnia não posso me casar com uma agente secreta do FBI?

Dito isso, ela tira da boca algo que sei que ela mordeu e achou estranho. A aliança. Seus olhos castanhos se erguem para mim arregalados, sim, poderia esperar por isso, mas não dessa forma. Sorrio e me levanto, me ponho de joelhos diante dela que está me encarando contendo a emoção e pegando a aliança de suas mãos e limpando no meu guardanapo, digo meio grogue:

Damaging Bullet HeartsOnde histórias criam vida. Descubra agora