Caçando o Sol

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Vou recobrando os sentidos e olho a minha volta. Está tudo escuro e não consigo enxergar quase nada. Tento me mover, mas percebo que estou amarrado, contido em uma cadeira. As cordas forçam meus punhos e tornozelos e me sinto aliviado por saber que Monik não caiu nessa armadilha. De todo modo, eu a salvei. Resta saber se ela virá em meu auxílio. Que inferno, eu, Jack Carter, o maior traficante da Califórnia acaba de acordar num cativeiro. Preciso dar um jeito de sair daqui, não posso atrair minha mulher para cá, pois com certeza, ela pode morrer por minha causa. Mas eu sei que ela virá até mim, o que pode - ou não - demorar. Mas no fundo, espero que sejam meus homens a virem até mim, pois se caso ela vir, poderá por tudo a perder e acabar acontecendo de nós dois ficarmos enfurnados nesse buraco.

Escuto uns murmúrios do lado de fora, começando a responder na porta que está à minha frente. Logo, o barulho das chaves na fechadura e a porta se abre, trazendo um feiche de luz que me cega momentaneamente.
Quando consigo olhar, há dois homens armados com pedaços de ferro, certamente, para me dar uma surra. Um deles acende a luz e me diz de maneira nada agradável:

— Com o que então acha que pode roubar a mulher dos outros e sair em pune?

Já olhando de maneira furiosa para ele, dou um sorriso irônico e respondo de maneira igual ao meu sorriso:

— Quem mandou não dar orgasmos à ela? Certamente, aquela beldade não iria atrás de mim apenas para se vingar do pai.

O outro homem vem me desamarrar e eu esfrego os pulsos, me sentindo aliviado.

— Bem, Carter, eu bem poderia entregar você à polícia, mas prefiro acabar com você aos poucos, do meu jeito. Acho mais emocionante, e creio que você irá concordar comigo.

— Muito bem, seu merda, se for para acabar comigo, que acabe de uma vez. Tenho certeza de que se sair vivo daqui, você estará morto muito em breve. Você ainda não sabe quem sou eu, e particularmente falando, acho que não gostaria de saber.

Rapidamente, ele avança em mim me dando um soco, depois me golpeia nas costelas, me fazendo cair no chão quando estava me levantando. Sem me dar chance de defesa, ele e seu comparsa me dão uma sova de fazer todos os meus músculos ficarem rígidos. Não consigo pensar em nada, a não ser na mulher que eu amo, minha musa, minha Monik. Ela quem me dá forças para suportar e olha que não estou apanhando pouco. Levo socos e pontapés do meu adversário e meu cérebro não tem capacidade de mandar um comando de defesa para o meu corpo. Estou todo mole como se fosse um animal invertebrado. Quando ele me coloca no chão de novo, quer dizer, me joga no chão como se eu fosse um saco de lixo, cuspo sangue e tudo em mim dói. Mas não procuro sentir dor, procuro alimentar a minha raiva que está crescendo, e desejo que agora ele se sinta grato por eu estar todo arrebentado, do contrário, ele iria saber o porquê de eu ser o cara mais temido da Califórnia.

— Seu traficantezinho de merda! Você se meteu com a pessoa errada.

— Acho que é o contrário, Mendson.

Como reação, ele ri de mim. Isso mesmo, campeão, ria, brinque com a sorte. Você não sabe com quem se meteu.

Ele deixa a sala com o capanga e me tranca novamente, deixado a mim e ao meu espírito às portas da morte. Sinto tudo escuro de novo, mas desta vez sei que isso se dá ao fato de estar novamente perdendo os sentidos e caindo num estado comatoso.

****

Um balde de água fria me acorda num salto. Dou um pulo atordoado, olhando para os lados, mas não vejo nada. Procuro lembrar do que aconteceu e instantaneamente, meu corpo todo se retrai, trazendo as  lembranças da surra que levei anteriormente, e nem sei dizer se foi hoje, ontem ou há mais tempo. Meu corpo aparenta ter sofrido mais enquanto eu dormia, o que me parece possível, já que de gente como esses malditos se pode esperar tudo. Acredito que já são de fato dias em estado de transe, e não sei dizer se as lembranças em minha cabeça de homens à minha volta me torturando são apenas sonhos ou se foram reais. Pode ter sido real, já que todos os meus músculos insistem em doer de modo agonizante. Estou quase morrendo.

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