Trivium e Quadrivium

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O Limbo. Nada muito interessante a dizer. Uma terra que passava um sentimento desolador e de perdição às almas azaradas que iam parar lá, contudo, ainda é melhor que ser torturado nos outros Círculos do Inferno. Netero se aproximou de duas almas que reconheceu e, com um sorriso sincero no rosto, ficou parado apenas visualizando elas.

– Saudades de vocês. – Disse ele para si mesmo. As duas almas olharam de volta com um sorriso e continuaram seu caminho. Netero insistiu em acompanhá-los. – Djavan, eu me tornei um músico melhor do que você, cantei e toquei para reis, e Leafar, me tornei um lutador melhor e conheci o amor, como você disse que uma vez conheceria... – Lágrimas escorriam do rosto do monge ao contar seu passado para as almas de seus amigos, que caminhavam até a perdição. – Não esperava que nosso encontro seria assim, e tão breve... – Ele finalmente parou de acompanhá-los.

– Estamos orgulhosos de você. – Lágrimas também escorriam de seus rostos, que estavam estampados com um largo sorriso. Eles se viraram para frente, olharam para o buraco, entre si, para Netero e por fim, pularam no Limbo.

Netero havia tido uma vida entre os humanos antes da Rebelião, fez amizades e entre elas, estavam Leafar e Djavan, dois músicos e guerreiros que contribuíram para que o monge alcançasse sua paz, através da arte, da música e humildade. O próprio jamais esqueceria aqueles que foram seu motivo para entrar na Rebelião e salvar a humanidade.

– O que anjos estão fazendo sendo julgados aqui? Não faz sentido...Eles não deveriam simplesmente cair até o Inferno? – Perguntou Crowley à Aziel, porém foi ignorado.

– É isso que quero saber... – Alucard saiu disparado até uma alma que emanava aura angelical. – O que você está fazendo aqui?! – Ele começara a chorar. – Como veio parar aqui, pai?

A alma se virou para Alucard, era de fato seu pai. Ele abriu um sorriso e começou a chorar, do mesmo jeito que o filho. Por algum motivo, o Limbo possuía aquela atmosfera melancólica que induzia tristeza nas almas, talvez o único jeito de escapar fosse superar através das boas lembranças. Ou não. Talvez não houvesse esperança. Afinal, é o Inferno.

– Eu...Não sei... – A alma encostou no ombro de Alucard, que o abraçou.

– Pai, venha comigo, por favor!

– Desculpe...Mas não consigo...Sinto como se estivesse sendo puxado para aquele abismo, não tenho o livre arbítrio de sair daqui... – Os Malakis perceberam a presença de Alucard e logo o puxaram para fora da fila usando os chicotes, e o próprio se debateu enquanto gritava.

– Se encontrar sua mãe... – Ele continuava chorando enquanto caminhava sem parar até o buraco. – Diga a ela que o Drácula está pronto. – Um último olhar foi lançado do pai para o filho, antes que esse se jogasse no abismo.

– Não! – Alucard abriu suas asas de demônio usando sua aura, fazendo com que os chicotes dos  Malakis fossem jogados para longe. Correndo para alcançar seu pai, foi impedido por Aziel, que passou voando por ele, agarrando e o deixando junto dos outros. O mesmo ficou quieto após isso.

Hendrick indagava por que estava vendo aquela jovem ali, por que uma alma pura habitava aquele plano de solidão. Num momento de pura tensão, começou a ter séries de fraqueza enquanto sua aura se partia.

– Na...Não! – Ele caminhava perdendo a noção do que era realidade, seu corpo brilhava ao dourado, que aos poucos se esvaía revelando sua forma angelical. – Por que? Minha pequena Alice...Por quê?! – Hendrick se ajoelhou e aproximou sua mão perto da dela, tentando obter uma resposta.

– Não! Eu não quero ver você! – Ela olhava aquele ser em sua frente com espanto e medo, enquanto flashbacks de seu passado passavam em sua mente.

New Light - Do Apocalipse ao ArmagedomOnde histórias criam vida. Descubra agora