Bianca POV
Hoje pela manhã eu conheci a pessoa que será minha assessora/assistente/secretária aqui no set. Ela tem uns 40 anos, é muito mais rígida que as de todos os outros atores... Mas é justo. Só fico chateada com a falta de confiança de todos em mim. É difícil, até hoje, lidar com a abstinência. As mudanças de humor são constantes, tremedeiras e falta de ar também. E, ainda, estar cercada de pessoas que não dão o menor crédito pra sua luta é doloroso. Sinto como se tivesse que provar que estou bem o tempo inteiro, e isso cansa.
A tal assessora se chama Kate, já chegou trazendo uma tabela com os meus horários da semana. Segunda e quarta serão dias de treino das cenas com o Chris e alguns coordenadores. Terça e quinta, dia de filmagem de verdade. Sexta, academia e aula de teatro.
Na verdade, troquei as horas de academia por aulas de dança. Exigi um professor brasileiro, que dá aulas em uma das academias mais famosas de New York, chamado Scott. Ele é o homossexual mais concorrido do mundo da dança.
Tive quarenta minutos para o café da manhã e me arrumar para ir até a sala de audições que eu e Chris usaríamos como sala de ensaios. Meus looks para a semana toda chegariam toda segunda-feira, prontos, já arrumados em cabides e com os sapatos embaixo. Seriam cerca de doze por semana, apenas para usar em jantares, saídas ao mundo exterior ou festinhas com o cast mesmo.
O que estava marcado como *segunda-feira* era uma saia de vinil preta, com uma blusa preta simples e botinhas de salto. Vesti-me, já sendo esperada por Kate na parte de fora do trailer.
-Então, senhorita Dantas, hoje você e Chris receberão os scripts das cenas de amanhã na sala de audições, treinarão todas as falas e depois estarão livres. Alguma dúvida? –revirei os olhos ao ser tratada como uma estúpida. Odeio esse preconceito de que modelos são burras. Eu sou formada em Comércio Exterior no Brasil, tenho pós-graduação em políticas públicas e um PhD na Cambridge University em Relações Internacionais. Mas isso não conta.
Dirigi-me até a tal sala, recordando do dia em que cheguei ali pela primeira vez. A primeira audição...
Paralisei quando passei pela porta, vendo Christopher Robert Evans com uma calça cinza, coturnos e uma deusa de uma blusa vinho totalmente colada no corpo. Respirei fundo, buscando o controle dos meus hormônios. Comecei a pensar no contrato, usando a cláusula "sem relações amorosas ou sexuais com colegas de trabalho" como mantra.
Colega de trabalho, Bianca. Ele é um colega de trabalho. Controle-se.
-Bi, até que enfim! Pensei que você ainda tava se lavando da farinha de ontem. –um sorriso perverso surgiu em seus lábios enquanto me media de cima a baixo.
Ah, Deus. Ele me chamou de Bi... Eu não vou ter controle sobre isso.
COLEGA DE TRABALHO, BIANCA. COLEGA DE TRABALHO!
-Não, e-eu... Eu... –arregalei os olhos, começando a ficar nervosa pela minha falta de concentração. Os músculos saltados dele chamavam meus olhos, principalmente emoldurados por aquela cor incrível e sexy... –Eu só estava tomando café.
-Já que está aqui, vamos começar. –Montgomery se pronunciou, e só então percebi que tinham mais três pessoas na sala. –Peguem os scripts, vão para suas marcas no palco e digam as falas como se estivéssemos filmando. Eu farei observações sobre a atuação, ok, senhorita Dantas?
-S-sim, ótimo. –ele estendeu o braço, me dando um script. Chris já estava se encaminhando para o pequeno palco da sala, apenas me esperando.
Eu peguei as três folhas de papel grampeadas, lendo por cima e me colocando em minha marca, um pequeno X no chão.
-Três minutos para decorarem tudo! –uma mulher loira berrou, e eu já comecei a ficar nervosa. Chris me encarava.
-Você está bem? –tentei manter meus olhos focados no script porque, se fossem até Chris, eu provavelmente perderia minha linha de raciocínio por três dias.
-Ótima, Evans. Preciso decorar essas coisas, então cale-se. –tentei soar concentrada, mas provavelmente saiu mais para rude. Ele se calou, e eu já comecei a sentir a culpa vindo.
Li e reli aquelas folhas, deixando tudo em mente.
-Preparados? –nós dois confirmamos com a cabeça para Montgomery. –E... AÇÃO!
Eu comecei.
Madison faria uma entrada triunfal, digna de um desfile de passarela, bem na parte em que Steve era preso por ajudar o Bucky a fugir na Romênia. Eu seria a agente que o prenderia.
-Senhor Rogers, parabéns. Você acaba de passar de herói nacional para fugitivo internacional. Me acompanhe, e eu não vou pedir por favor. –fiz a cara mais rude e direta que consegui.
-E quem é você, senhorita? –ele soou, também com uma cara de indiferença.
-Agente Priors. Seu pior pesadelo. –soltei um sorriso um tanto perverso.
-CORTA! Bianca, fenomenal. É exatamente isso que queremos! –Montgomery batia palmas, sendo seguido pelas outras duas mulheres que estavam ao seu lado.
Finalmente olhei para Chris, que possuía uma cara de indiferença de verdade.
A manhã de ensaios se estendeu por mais uma hora e meia e, no momento em que Montgomery disse "chega por hoje", Chris apenas virou as costas e saiu da sala.
Eu peguei minha bolsa, correndo para alcançá-lo.
-Chris! Hey, Chris! Espera! –ele continuou andando como se não estivesse me ouvindo. Eu cheguei mais próxima, puxando seu braço. –O que foi?
-Você me diz, Bianca! Qual o problema com as suas mudanças de humor? Estou ficando muito confuso com essa coisa de gostar de mim em um minuto e me odiar nos outros!
-Qual é, Evans, eu não te odeio.
-Então... Qual o motivo das suas grosserias aleatórias?
Eu tinha que contar para ele. Sobre tudo. Nada fluiria entre nós, nem o nosso trabalho, se as coisas não estivessem bem. Eu não sou atriz, não consigo chegar na frente de uma câmera e fingir que gosto dele se estivermos brigados.
Então, decidido. Eu vou contar para ele.
-Hm... –pensei por alguns instantes em como faria isso, até que uma ideia surgiu. –Jantar comigo hoje. Tem um restaurante ótimo de comida brasileira no centro da cidade. Se você aceitar, eu te conto tudo. Promessa verde e amarela.
Ele deu um suspiro, sentindo-se derrotado.
-Tudo bem.
Teria que contar que minha ignorância é minha arma de defesa, já que estou profundamente atraída mas impedida de me aproximar por uma folha de papel com a minha assinatura. Além disso, que era uma viciada em diversas drogas e que minhas loucuras são apenas sequelas de todo o veneno que já injetei em meu corpo.
Eu estava nervosa.
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addicted to you {chris evans/adriana lima}
FanfictionUma supermodelo brasileira que carrega cicatrizes e overdoses em sua história. Um contrato que proíbe seu envolvimento com os atores que tanto a atraem. Uma aposta sobre o início de uma paixão. Como não se viciar?