Bianca's POV
-Olha quem lembrou da nossa existência! -um Sebastian já alterado pelo líquido amarronzado no copo de uísque me abraçou de lado, gritando para os outros ocupantes do Village.
-Que papo é esse, Bastião? Está carente? -claramente disse sorrindo e achando graça do estado de alcoolismo dele, mas logo um Mackie com uma cara de poucos amigos nos puxou para o lado de fora do Village.
-Escuta, Bianca, o Christopher está enfiado no trailer dele com um bicão emburrado maior que a retardadice do Sebastian. Ele se recusou a vir aqui e preferiu ficar se lamentando por você não ter falado com ele o dia todo enquanto tava cheia de graça com aquele dentuço lindo e altamente perigoso para o que quer que o relacionamento do vocês seja. -ele falou rapidamente, mostrando um certo nível de embriaguez, mas cada palavra dita soava altamente verdadeira. Christopher devia estar morrendo de ciúme.
-É verdade! -Sebastian gritou, ainda com o braço direito jogado em meus ombros. -Aquele cara é lindo!
-Sebastian, cala a boca que ainda é cedo pra essas coisas! -Mackie se aproximou, tirando o braço dele de mim e o carregando de volta para dentro do Village. -Se você não devolver meu Chris simpático e carismático eu vou te obrigar a cuidar do Sebastian por uma semana. Ele vai comer toda a sua comida, te fazer repetir todas as suas falas e ficar cantando em romeno!
Sorri abertamente com os dois bêbados tropeçando à minha frente, depois preparando um discurso muito longo para dar ao Chris que estaria em uma carranca infinita.
Eu nem havia me dado conta que fui insensível com ele, estava apenas muito abalada pela presença do Caio e tendo todas as nossas histórias perpassando a minha mente. Não foi proposital e ele tinha que entender isso.
Parei em frente ao trailer de Chris, batendo na porta duas vezes até ouvir uma voz rude lá dentro dizendo "o que foi?". Não respondi, apenas continuei parada em frente a porta, ficando mais nervosa a cada segundo ao perceber que ele estava um pouco mais bravo do que imaginei.
Finalmente, ouvi um suspiro lá dentro e depois a porta fora aberta.
Chris estava sem camisa, com uma calça de moletom cinza e um copo de uísque vazio na mão direita. Seus olhos se arregalaram quando pousaram sobre mim, mas logo uma feição carrancuda estava presente. Os olhos azuis brilhavam muito, dando a impressão de um pequeno grau de alcoolismo também estar presente no meu semi-namorado.
-Posso entrar? -fiz uma cara digna de comparação ao gatinho do Shrek, mas ele apenas revirou os olhos e me deu espaço para entrar na sala do seu trailer.
A porta foi fechada e Chris apenas se dirigiu a um dos sofás e ficou me encarando.
-Podemos conversar sobre o que aconteceu hoje? -falei com uma voz suave, tentando trazer tranquilidade para a nossa conversa.
-O que há para ser conversado, Bianca? -quando proferiu meu nome, Chris me remeteu à minha mãe quando me dava sermão por aprontar alguma coisa. Respirei profundamente, focando meus pensamentos no dragãozinho ciumento à minha frente.
-O seu ciúme, Chris. Eu assumo que não fui nada legal com você hoje, desculpe por isso. Eu só... -quando tentei continuar com o discurso, um nó surgiu em minha garganta. Eu sabia que precisaria contar tudo a ele para que entendesse o meu comportamento idiota, mas era sempre difícil falar sobre meu passado e ter todos os monstros de Bianca me assombrando novamente.
Fechei os olhos, levando minhas mãos à cabeça e agarrando meus próprios cabelos com força.
Pude notar uma mudança na posição de Chris, mas apenas continuei parada na frente dele, os olhos fechados começando a se esforçar para conter lágrimas. Alguns segundos depois, senti as mãos dele em meus pulsos. Ele os puxava levemente, obrigando-me a soltar meus fios que puxava com tanto desespero. Encontrei as íris azuis dele me analisando, agora com um olhar menos acusador e mais preocupado.
-Eu fiquei bravo, Bi. Muito bravo. Mas não quero te ver assim. -ele apontou para os meus olhos marejados. -Eu estava morrendo de saudade, quase implorando com os olhos para receber qualquer atenção de você, mas fui completamente ignorado. E ainda, segundos depois vi um cara te abraçando e tive que ouvir piadinhas e comentários do quanto ele é bonito, e os dentes brancos, e blá blá blá... -ele revirou os olhos.
Sorri abertamente com a última parte do discurso.
-Você... Não é possível que está se sentindo ameaçado pela aparência do Caio, é?
Chris apenas ficou quieto com a minha pergunta, reassumindo a pose brava e ofensiva de antes.
-Christopher Evans... Você está em diversos rankings de caras mais sexys do mundo inteiro, tem uma porrada de fã que sai de todos os bueiros pra te chamar de delícia quando posta fotos e ainda recebeu um 'gostoso' da Maria. Como pode se sentir assim?
-Você ainda não entendeu que eu não ligo para as outras pessoas? -o tom de voz dele aumentou, assim como a tensão em nossos olhares. -Eu quero ser importante pra você, Bianca, mas você nunca me dá espaço ou confiança pra eu entrar na sua vida. Isso é o que me frustrou. Ver você saindo com aquele cara que provavelmente significa mais pra você do que eu, ver você postando foto dele... Eu queria ser isso.
Fiquei incrédula com a fala de Chris.
Pisquei compulsivamente várias vezes, encarando o rosto decepcionado e sério dele.
Sabia muito bem que nenhum discursinho pré-ensaiado chegaria à altura do que ele merecia ouvir.
Peguei o braço dele levemente, puxando-o para se sentar ao meu lado no sofá cinza que ficava em sua sala. Ele apenas o fez, calado, encarando-me profundamente.
-Eu e o Caio éramos melhores amigos. Melhores amigos de verdade. Dávamos entrevistas para revistas do Brasil, íamos a festas, viajávamos juntos, juntávamos nossas famílias no Natal... Ele era minha alma gêmea. Quando eu comecei a ter mais reconhecimento internacional, nos afastamos por conta de tempo. Ainda assim, quando eu voltava ao Brasil vivíamos grudados. Mas eu estava diferente. Sofri assédio sexual por um fotógrafo em Milão. -fechei os olhos por alguns segundos, tentando conter as lágrimas. Logo senti a mão de Chris apertando a minha e me dando forças para continuar a história. -As drogas haviam me encontrado. Virei um tipo de sociopata que não ligava mais para ninguém, nem mesmo para a minha mãe que estava doente. Caio começou a tentar me tirar disso, mas não conseguiu. Um dia... Tivemos uma discussão, eu estava chapada. Entrei no carro, ele não conseguiu me parar, acabou entrando também. Eu bati em um poste a quase duzentos por hora. Quase tirei a vida dele, não o ajudei na hora e nunca o visitei no hospital durante os três meses que ele ficou internado. -agora, as lágrimas rolavam livremente pelo meu rosto. Um sorriso incrédulo e sádico estava em meus lábios, atraindo a atenção do olhar triste de Chris. -Eu fui um monstro. Eu não conseguia parar de pensar nisso quando o vi lá, me encarando com um sorriso no rosto. Eu precisava me desculpar para poder enterrar essa história que esteve me assombrando nos últimos anos, Chris. Desculpa.
Ele prontamente me puxou para perto, me envolvendo em um abraço apertado e passando as mãos pelos meus cabelos.
-Não, Bi. Eu é quem peço desculpa. Fui egoísta e idiota por te fazer falar sobre algo tão pessoal. Mas estou feliz por vocês terem se resolvido. -ele se afastou, me olhando nos olhos e limpando algumas lágrimas. -Nunca me deixe te tratar como uma propriedade.Eu amo a sua personalidade, a sua força, a sua resiliência, e não o fato de ter um relacionamento comigo.
-E eu amo você, Christopher.
VOCÊ ESTÁ LENDO
addicted to you {chris evans/adriana lima}
FanfictionUma supermodelo brasileira que carrega cicatrizes e overdoses em sua história. Um contrato que proíbe seu envolvimento com os atores que tanto a atraem. Uma aposta sobre o início de uma paixão. Como não se viciar?