Capitulo XV - Correntes

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Brooke

Meu pai parecia estar confuso com tudo que estava acontecendo. Quando ele olhou para mim ele não sabia se era eu mesma ou a Liberty em mim.

- Não se preocupe com coisas tão insignificantes papai. Saber se sou sua filha ou não, não vai te acrescentar agora. – Falo com meu pai depois de alguns minutos em silêncio e uma longa respiração minha. Eu me mantinha calma e paciente, não queria perder minha sanidade agora...

- Brooke, me esclareça isso agora. O que está acontecendo com você?

- Você pergunta isso a mim? Você que nunca disse uma palavra sobre minha mãe, sobre você, sobre nosso reino, sobre nada! EU NÃO SEI DE NADA! VOCÊ QUE DEVERIA ME RESPONDER – Enquanto falava com meu pai eu me aproxima dele lentamente, até chegar bem próximo ao seu rosto – O que está acontecendo comigo papai? – Sussurro perto do seu rosto e depois sorrio. Ele não parecia intimidado, sua expressão agora estava dura e fria, sem emoção, sem suor, sem medo.

- Eu não sei Brooke. Eu nunca soube. Não me deixaram saber. Sua mãe não deixou – Ele responde isso afastando-se de mim e falando tudo com muita calma, como se estivesse tendo uma conversa comum durante um café da manhã – E como eu não sabia o que iria acontecer eu tentei te ajudar, me disseram que seria perigoso para você e para mim, tentei evitar isso... Mas pelo visto eu fiz exatamente o que eles queriam...

- "Não confie nele Brooke, Harrison sabe convencer todos com palavras bonitas, ele até se parecesse com..." – Liberty não termina sua frase, parecia concentrada e desnorteada com que havia lembrado, não a respondi, apenas segui o que achei que era o certo para nós... para mim...

- Está tudo bem papai, sei que você se importa com todos não é? Porque para você o bem-estar do próximo é com certeza o mais importante não é? Até porque o nosso reino é um exemplo disso? Todos parecem bem satisfeitos com os impostos altos, a falta de recursos para todos, pessoas passando fome e frio porque não conseguem comprar um pão! Realmente você parece se preocupar com to-

Sinto que alguém me agarra e eu tento lutar para me soltar mas eles me apertavam muito. Senti que colocaram correntes em meus pulsos, começo a me debater mais e depois que eles finalmente me prendem eles me soltam e eu grito com raiva.

- ENTÃO É ISSO QUE VOCÊ FAZ PARA ME PROTEGER PAPAI?! É ASSIM QUE VOCÊ TRATA SUA PRÓPIA FILHA E VOCÊ QUERENDO OU NÃO FUTURA RAINHA DE *CENTURION?! – Quando eu digo isso ele me olha com raiva e vem andando duramente em minha direção. Sorrio ironicamente para ele e sua feição demonstra maior ódio que antes.

- Você não tem mais direito a essa coroa! VOCÊ NUNCA TEVE! VOCÊ NUNCA FOI MINHA FILHA! E JAMAIS SERÁ! BRUNO! HEITOR TIREM ELA DA MINHA FRENTE! – Meu "antigo" pai grita para as pessoas que estavam me segurando pelas correntes presas aos meus pulsos. O que ele disse não deveria ter me machucado, não deveria ter me importado, eu já sabia que ele não gostava de mim... Mas não sabia que ele sentia ódio por mim...

Queria chorar, não pedi para nascer, não queria ter sido deserdada, ele era minha única família... O único que eu podia chamar de família... Queria poder ter sido melhor para ele, ter tentado melhor, ter sido quem ele queria que eu fosse, queria poder alcançar suas expectativas, queria mostrar a ele quem eu sou, queria poder mostrar do que sou capaz...

Mas eu vou

Sou capaz

Sou forte

Tenho o poder

E vou mostrar isso a ele

- "Brooke, Harrison é astuto, não faça nada pela emoção. Tudo que o Harrison faz é extremamente calculado, ele sabe o que pode acontecer e as soluções para possíveis imprevistos. Vamos esperar, e planejar"

- "Eu sei o que estou fazendo"

- Hmmmm... Parece que os garotinhos não se comportaram como pedi... Isso me entristece muito sabia? – Digo para Heitor e Bruno que começaram a puxar minhas correntes para eu começar a andar.

Eles ignoram o que digo e continuam me puxando. Mas então eu começo a olhar o Heitor, o que tinha olhos âmbar, ele não parecia ser mais velho que eu mas sua feição em seu rosto era de pura amargura, ele parecia ter passado por muitas coisas na sua vida... Ele percebe que estou encarando ele por muito tempo ele me olha rapidamente mas volta a olhar para frente.

- Não me olhe assim Princesa, nada agora vai te ajudar na situação que você está agora. Tentamos te avisar... – Heitor fala sem olhar para mim, apenas continuava puxando minhas correntes.

- Você é bem convencido hein Heitor. Só estava olhando para você, não estava tentando implorar a você com um olhar piedoso ou tentando seduzir você – Digo com um sorriso irônico no rosto e parando, puxo minhas correntes para trás e desiquilibro os dois.

Heitor olha para mim com raiva mas seu rosto estava levemente vermelho. Bruno olhou rapidamente para Heitor com um olhar de aviso para ele, e logo depois olhou para mim com a expressão fria mas seus olhos denunciavam medo.

- Eu não sou convencido! Você que é convencida por achar que acho você bonita! – Heitor fala para mim enquanto se aproximava de mim com a expressão de raiva.

- He-Heitor, não caia nos truques dela, você sabe que ela pode ser bem astuta quando quer... – Bruno diz com a voz querendo falhar, mas ele tentava se controlar.

- **Fufu... Que fofo ele ficou bravo com o que eu disse... Mas dizer que não sou bonita? Não acha que é rude tratar uma mulher assim? Você realmente não me acha bonita Heitor? Nem um pouquinho sequer? – Eu falava isso enquanto eu me aproximava mais dele, passei minha mão pelo seu rosto e seus olhos arregalaram, ele parecia congelado. Dou risada pela sua reação, e minha mão que estava no rosto vai para o seu pescoço e então eu o aperto.

- HEITOR! – Bruno grita e puxa meu outro braço, eu me desequilibro um pouco mas minha mão continua no pescoço de Heitor que tentava tirar ela mas ele já estava fraco demais.

Bruno dá outro puxão e dessa vez eu caio junto com Heitor, acabo soltando o pescoço dele, ele estava no chão tossindo freneticamente com a mão no pescoço. Tento pensar em algo rápido, então eu puxo as duas correntes com força e derrubo o Bruno e a corrente de Heitor escapa da mão dele. Estávamos do lado da porta lateral da sala de estar, quando eu escuto um baque surdo que parecia com algo que havia caído contra o chão.

Aquilo me assusta e então eu puxo mais uma vez as correntes e consigo me livrar dos dois que estavam caídos, Bruno tenta agarrar uma delas mas eu já havia começado a correr em direção de onde tínhamos vindo.

Eu ainda estava com minha camisola branca machada com as minhas lagrimas de sangue, meus pés estavam descalços e meu cabelo voava enquanto eu corria. As correntes presas em meus pulsos eram desconfortáveis e machucavam eles, mas eu continuava correndo com meus pés descalços e sem olhar para trás.

Abro brutalmente a primeira porta da sala de estar e quando entro eu vejo a mãe do Jonathan no chão com sua cabeça apoiada em seu colo, quando me viu entrar ele olha para mim confuso e seu pai estava olhando sua esposa caída no chão mas ele logo olha para mim com confusão e desprezo.

- VOCÊ! VOCÊ É A CULPADA DE TUDO ISSO! SE VOCÊ TIVESSE ACEITADO O SIMPLES PEDIDO DE CASAMENTO NÓS NÃO ESTARIAMOS NESSA SITUAÇÃO AGORA!

- Casamento...?

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Glossário

*Centurion: Centurião, significa um comandante de 100 soldados na hierarquia militar romana. Mas também significa centenário.

**Fufu: gente isso é uma risada, sabe aquelas risadas feitas pelo nariz, então essa seria a minha representação disso escrito.

The QueenOnde histórias criam vida. Descubra agora