Fique e Mostre Que Se Importa. [CONCLUÍDO]

2 - Capítulo 35//Ai Que Vergonha

Quando amanheceu, eu saí da casa do Calleb, bem antes de ele acordar. Fui para a escola, do mesmo jeito de ontem.  Quando cheguei, avistei meus irmãos em uma mesa, conversando. Eu não queria ir lá e ficar com eles. Literalmente, eu não queria nada. Eu estava com vergonha...Eu acho que estava com vergonha de ter beijado o Calleb. Não que eu tenha preconceito com isso. Mas eu nunca beijei um garoto. Eu estou muito confuso. Mas ao mesmo tempo feliz. O que é isso? Bipolaridade?

Vou para minha sala, e me jogo na carteira. Apoio minha cabeça na mesa, com meus braços esticados. E então bufo, revirando os olhos. Acho que minha vergonha é tanto, que não vou conseguir olhar o rosto do Calleb.

Porque fiz isso?

Até porque eu não teria motivos. Eu não tenho dúvidas da minha sexualidade. Fiquei apaixonado por Mikaela a dois anos. Isso não é possível,

Meus colegas foram entrando na sala, acompanhados pela professora de Física.

Depois de um longo tempo, a professora anunciou que três alunos fariam uma palestra sobre o abuso sexual.

Os alunos entraram na sala, para minha surpresa era Alex, Matt e Petter. Eu arregalei os olhos. Minha vontade era de debochar.

Mas que cara de pau!

A maior parte da palestra, fiquei brincando com minha caneta, batendo ela na carteira.

Quando chegou a hora do intervalo, fui até meus irmãos.

- Um médico? Mas o problema é que eu meio que fico desesperado, vendo sangue.-dizia Leonardo.

- Então não seja um.-disse Raphael sem nenhuma importância.

- Um cantor?

- Você é péssimo.

Leonardo fez drama.

- Por que tinha que me ofender?-ele dizia, tropeçando nas palavras.

Olhei para os lados, e vi Calleb andando, com as mãos no bolso. Ele logo parou em um grupinho de garotos, que Alex estava no meio. Ele se dirigia a Alex, muito sério. Como se Alex estivesse devendo grana para ele, ou talvez o problema não fosse dinheiro, mas um acordo? Calleb apontava o dedo contra o peito dele, nervoso, enquanto Alex parecia estar sossegado, deve ser porque sua tropa está escultando. E então Calleb saiu de perto, indo na direção contrária de mim e Alex.

Alex o observou saindo, então logo virou seu rosto em minha direção e abriu um sorriso.

Ainda não tinha acabado o intervalo, aproveitei e fui até a biblioteca buscar um outro livro para mim estudar. Neste dia, a biblioteca estava lotada, mas todos estavam quietos, sentados lendo um livro. Eu folheava um, depois o outro. Eu não tinha paciência para ler pelo menos o título. Bufei. Calleb tinha entrado na biblioteca, com a cabeça abaixada, mexendo em seu celular. Por impulso, me abaixei em uma das prateleiras. Eu teria feito barulho, pois todos estavam olhando para mim, por conta do silêncio, com certeza Calleb me escultou. Todos pararam de me olhar e voltaram a atenção aos livros.

- Está tudo bem ai?-Calleb perguntou, já próximo de mim. Com um sorriso largo no rosto.

Eu não entendia porque queria correr. Eu não queria falar com ele, não hoje. Será que estou assim por conta do beijo? Por que aquilo aconteceu?

- A-ah, e-u estou.-gaguejo. - Eu preciso ir.-tento sair de perto, mas ele agarra meu braço.

- Você não ia procurar um livro?

Olho para minhas mãos vazias.

Como ele sabia que estava procurando um livro? Bom, deve ser porque estou em uma biblioteca, boboca!

- É eu, eu, eu procuro depois.-abri um sorriso falso, não tão falso porque ele sabia que estava fingindo.

Sem que ele me respondesse, eu saí da biblioteca, olhando para trás. Então trombei em alguém assim que eu ia passar pela a porta.

- AÍ!-uma voz feminina, gritou.

- Me desculpe.-coloquei as mãos sobre o braço dela.

Olhei para seu rosto e vi que era a Betty, namorada do Alex.

- Não tem problema.-ela passou por mim, entrando na biblioteca.

Depois da aula, recebi uma mensagem de meu pai, dizendo para eu e Leonardo irmos no mercado. Ele me passou o que deveríamos comprar, na mensagem. Quando chegamos no mercado, eu e meu irmão nos separamos para pegar as coisas. Eu fui em uma prateleira, e Leonardo foi em uma que ficava em outro corredor.

- Arroz...-murmuro para mim, lendo a mensagem.

Caminho um pouco mais, empurrando um carrinho. Logo acho o arroz, então me abaixo para pegar.

- Você por aqui!

Esculto uma voz masculina dirigindo à mim.

- Oi...Calleb.-abro um sorriso fraco.

- Nossa, está bravo comigo? Não se preocupe, eu já vou indo embora.

A minha vergonha está parecendo que estou bravo, ou irritado.

- NÃO! Eu não estou. Bravo. Co-com você.-gaguejo dando travadas na voz.

Me levanto, assim que peguei o arroz e joguei no carrinho.

- Licença.-disse Calleb.

Me afastei. Ele se abaixou e pegou um pacote de arroz.

Conseguia notar que ele estava triste. Não estava sorrindo. Isso me preocupava.
Acho que não deveria ficar com vergonha. Ele poderia estar testando em mim, para ficar com alguma menina.

- Aconteceu alguma coisa?-perguntei.

Ele me olhou.

- Não.

- O que você e o Alex estavam conversando?

Ele demorou um pouco para falar.

- Nada.

Sua voz ficou rígida. Então ele continuou:

- Bom, vou treinar.-ele se virou.

- Treinar?

Voltou a me olhar.

- Sim, estou participando do basquete. Eu soube que você era capitão. Espero que suas notas melhore para você voltar. Ouvi muitos elogios.-assenti bem devagarzinho, em forma que estou compreendendo o que ele está falando. - Vou indo.

- Posso ir com você?-perguntei um tanto desesperado.

Ele finalmente abriu um sorriso e assentiu.

Continuei:

- Eu só vou terminar aqui e vou ir. Na quadra da escola, não é?-ele assentiu.

- Estarei esperando.-se virou e caminhou.

Depois que eu e meu irmão compramos o que nosso pai pediu. Falei que ia na farmácia, visitar Raphael. Ele acreditou e me disse que ir ver Emilly. Chegando na escola, fui para a quadra, e me sentei na arquibancada. Para o meu pesadelo, o triângulo estava lá. - Alex, Matt e Petter. - Mas eu tentei não ligar para isso. Pois Calleb se encontrava com uma regata vermelha, deixando seus músculos expostos. Quando ele me viu, abriu um sorriso, como forma de dizer oi. Ao ver eles jogarem, me bateu uma saudade, eu queria poder voltar para o time. Mas não digo que queria voltar no tempo, pois estava feliz, que em esse tempo, tenho Calleb. E por pensar nele, ele está muito bonito jogando. Sem perceber abri um sorriso.