2 - Capítulo 22

88 11 24
                                    

" Eu te disse rindo que minha alma era triste, mas voce não entendeu. "

- Ele vai morrer.-Falo colocado a mão no rosto.

- Cala a Boca, Leonardo! Ele não vai.

Vejo Raphael falando ao telefone, quase sussurrando. Chego perto dele.

- Com quem está falando?-Pergunto causando um susto no mesmo.

Raphael se aproxima.

- Estou pedindo um dinheiro para pagar o hospital, mas não conta para nosso pai.-Explicou.

- O QUE?-Pergunto incrédulo.

- Fala baixo.-continua sussurrando.

- Pra quem você está pedindo?-Pergunto curioso.

- Para o Alex, ele disse que vai emprestar.

- Raphael.-Splinter o chamou. Nós nos aproximamos. - Não quero que falte no seu trabalho, vá.-Raphael concordou me encarando.

O médico apareceu, disse que Mikey está bem. Mas que isso vai acontecer de novo. E ele terá muitas paradas respiratórias.

[ . . . ]

Entro no meu quarto e me sento na minha cama. Fiquei olhando para o nada, lembrando de tudo o que aconteceu naquele dia. " EU FUI ESTUPRADO ". Mikey gritou essas palavras um pouco antes de pular. No momento eu não não acreditei. "Como isso poderia ser possível?" Me perguntava várias vezes. Mas se for pensar bem, tinha sinais de que aquilo estava acontecendo, Mikey jamais iria mentir sobre uma coisa dessas. E também isso é muito difícil de dizer, principalmente em voz alta. Não vou dizer, que se ele acordar vou fazê-lo falar, mas vou tentar fazer com que ele se sente a vontade comigo, para falar qualquer coisa.

Raphael tinha ido trabalhar, mesmo não querendo. Mas também não ia desobedecer seu pai. Donnie ficou trancado no quarto o dia inteiro.
Eu fiquei na sala esperando meu pai chegar com notícias.

Por volta de umas 17 horas da tarde, Splinter chegou muito aflito. O médico explicou que havia queimaduras em suas partes íntimas, e que Mikey estava com anemia.

~UM MÊS DEPOIS~

Michelangelo continuava na mesma. Nunca movia pelo menos o dedinho do pé. Na escola, muitos perguntavam sobre o ele. Como se eles se importasse. Mas eu acho que isso é remorso, pois eles teve uma grande culpa. Na internet, muitas coisas na conta do Mikey foram apagadas, assim que a polícia começou a investigar, pois Bulling é crime, e depois de ter saído a notícia de um suposto estupro, muitos ficaram chocados, os funcionários da escola, proibiram falar alguma coisa sobre Mikey, ou seria suspenso. Mas o lado bom, é que a escola abriu um grupo de apoio, que poucas pessoas participavam, mas ajudavam bastante elas com os seus problemas pessoais.

Visitamos Mikey todo dia, e sempre ficava um à noite como acompanhante. Alex ajudou a pagar o hospital, Splinter o agradeceu muito, chamou até de anjo. Nos doía muito ver Mikey naquela situação. Mas era melhor do que vê-lo partir.

Um dia eu fiquei do lado de fora do quarto observando pelo vidro Raphael se ajeitar para cantar uma canção para Mikey.

- Maninho?- Raphael pergunta segurando sua mão. - Está me ouvindo?-Uma lágrima desceu sobre suas bochechas. - Esses dias eu estava escutando uma música.-Ele abriu um sorriso. - E me lembrei de você. Ela se chama Impressionando os Anjos, ela retrata de um casal, mas eu dei uma modificada. E eu gostei bastante. E acho que você também iria gostar.

Raphael começou a tocar e canta, usando a sua letra. Sorrindo meio abobalhado, imagino que pensa no que passou com Mikey. De todos os aniversários, de todas as idas ao quarto do pequenino porque estava com medo.  Chegando no refrão. Raphael cantava dando pausa na voz, deixando as lágrimas escaparem descontroladamente.

- Como é que . De você. Fa-faz tempo. Que não ou-Pausou. - ...ouço nada. Fala um pouco. Su-sua voz ta tão calada. Sei que agora deve estar impressionando os Anjos.-Raphael continua seu sorrindo com a boca trêmula, mas continua a cantoria. - Com. Sua risada. -Raphael para de cantar no mesmo instante, encostando sua cabeça na cama e desmoronando. Meu coração se aperta e saio deixando os dois sozinhos sem que Raphael perceba.

Mikaela vinha o visitar quase todos os dias, ela se sentia culpada por tudo, mas não julgo ela. Errar é o natural do ser humano, mas o melhor que tudo isso, é se arrepender, e Mikaela estava muito arrependida desde o início, só não teve coragem para dizer para Michelangelo. Mas ela estava certa que não amava ele do jeito que ele a amava.

Emilly, minha melhor amiga, me ajudou nesses momentos, me apoiava em tudo, sempre puxava minha orelha quando necessário. Vou para a casa dela todos os dias, porque desde que o Mikey parou de estar presente, não estava me sentindo bem, e isso acontecia até mesmo quando ele estava no quarto dele, dormindo. Porque não parecia que ele estava ali comigo, estava distante, e eu não conseguia nunca chegar perto.

- Eu não sei mas o que fazer.-Digo para Emilly.

Estava sentado na cama dela, abraçado à um ursinho de pelúcia. A mesma estava na minha frente ajoelhada no chão, com um olhar de preocupação e angústia em me ver deprimido.

[ . . . ]

Acordo com o meu despertador se esgoelando no meu ouvido. Desligo e me levanto correndo. Tropecei em uma caixinha e cai de bruços. Por conta do sono bati minha cabeça com força no chão. Não havia dormido bem à noite. Tive um sonho que Mikey estava no meu quarto todo ensanguentado, implorando por minha ajuda. Mas sempre que o puxava pelas mãos. Alguém o puxava pela cintura. Era como se eu fosse a vida, E estou tentando puxar Mikey para ficar bem, E a pessoa que está o puxando pela cintura, é a morte. e ela está ganhando.

Hoje é o dia do Donnie ficar com Mikey, o dia todo, até amanhã de manhã. Então hoje seria o dia em que eu vou para a escola. Minhas notas diminuíram bastante por conta da preocupação que sentia por Mikey. E também porque eu estava me sentindo muito precionado, é o meu último ano no ensino médio, está acabando, preciso escolher alguma faculdade para mim ir. Mas não faço à mínima idéia.

[ . . . ]

Eu e Raphael estávamos no refeitório, fazendo nossa refeição. Estávamos calados por um bom tempo.

- Tive uma ideia.-informo.

- Qual seria?-questionou.

- Quando Mikey acordar, talvez ele precise de um psicólogo.-digo.

- Não viaja, Leonardo.-revirou os olhos. - Mikey não queria conversar nem com a gente que éramos irmãos.

- Sim, mas talvez ele se sinta mais confortável com uma pessoa que não o conheça.-explico. Raphael da uma mordida em seu lanche e pensa.

Fique e Mostre Que Se Importa. [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora