Tudo por mim
Parte 3
Fui pra casa, ajeitei as coisas peguei o Lucas na escola, depois a Yasmin na creche tudo bem certinho. Fiz a comida e esperei o Adriano chegar. Como sempre ele apareceu depois do horário. Tinha bebido mas não estava bêbado. Tomou o banho como de costume.
- Foi ao mercado?
- Fui sim
- Comprou o que ?
- Comprei o que deu pra comprar - eu disse mostrando a notinha pra ele.
- Só isso? Tem que economizar mais. - eu nem me lembrava que tinha anotado o telefone atrás da nota. Ele viu! - Que porra é essa?
- O que ?
- Tem um telefone anotado atrás da nota do mercado sua vagabunda! Tá indo pro mercado atrás de macho né ? Eu passo o dia todo trabalhando e vc faz isso comigo?
Não deu tempo de me explicar ele já agarrou nos meus cabelos e me jogou no chão. Deu chutes nas minhas costelas enquanto me chamava de vadia, vagabunda e outros nomes absurdos.
Dessa vez as duas crianças estavam acordadas Yasmim jogou a mamadeira no chão e começou a chorar. Foi o que ele parou. Me levantei com dificuldade. Peguei ela no colo e fui pro quarto deles chamei o Lucas. O menino me olhava sempre com a mesma cara de pena. Eu já nem sabia o que falar pra ele.
Voltei pra sala e ele estava lá comendo
- De quem era aquele telefone. - o papel estava no chão rasgado
- Uma senhora na fila do caixa me deu o telefone, é de uma igreja - eu menti de medo de apanhar de novo
- Hum deve ser mentira sua. Luciana se eu descobrir que vc tá me traindo eu te mato.
Eu nem respondi
Naquele dia ele quis fazer sexo. Eu já não sentia prazer em ter nada com ele. Fazia por obrigação, não sentia nada. Era uma especie de boneca deitava abria as pernas e esperava ele gozar. E depois que ele gozava ele caia morto feito um porco imundo. Dormia em seguida. Sempre.
Eu me levantei tomei um banho peguei o papel na sala e juntei pedacinho por pedacinho ainda dava pra identificar o telefone anotei em um outro lugar.
Amanhã eu ligo.
No outro dia Yasmin amanheceu com febre, levei o Lucas na escola e na volta já passei com ela no pronto socorro. No consultório a menina chorava muito, quase não deixava o médico examiná-la, acho que o trauma de ver sempre a figura de homem como agressivo fazia com que ela tivesse essa retração. Passou alguns medicamentos alguns eu cosnegui pegar no postinho de saúde, mas faltou um. Meu coração até apertou. Eu tinha medo do Adriano, eu sabia que quando eu falasse que tinha que comprar remédios pra Yasmin ele iria falar um monte dizer que não tem dinheiro que nós só damos gastos. E eu não tinha a quem recorrer. Minha família morava no interior e a dele. Bom a dele eu nem falava com eles direito. Eles não se metiam na nossa vida. Claro que eles escutavam as brigas. E com certeza sabiam que o Adriano me batia. Mas não se metiam. Como morávamos no mesmo quintal no máximo bom dia boa tarde e boa noite. Tinha vezes que eu passava semanas sem ver ninguém.
Voltei pra casa. E liguei pro Adriano
- Oi
- Fala Luciana, espero que seja algo muito grave pra vc fazer eu parar meu trabalho.
- É sim, a Yasmin não amanheceu bem, vc viu de manhã, levei ela no médico e faltou uma medicação que não tem no posto. preciso que vc traga.
- Meu Deus! Vc não cansa de pedir?
- E a saúde da menina Adriano
- Tá bom, fala o nome do remédio que eu passo na farmácia na volta e vejo se dá pra comprar.
E desligou
Chorei pela humilhação. Com certeza o que ele gastava no bar era mais do que o remédio, mas fazia questão da humilhação.
Eu precisava fazer com que aquilo acabasse.
Lembrei do telefone que anotei no supermercado. Resolvi ligar.
- Boa tarde. Meu nome é Luciana. Fiquei sabendo que vocês oferecem trabalhos manuais pra serem feitos em casa.
- Sim - uma voz masculina confirmou
- Gostaria de saber mais sobre....
Ficou acertado de eu ir lá no outro dia conversar e ver os trabalhos e as condições.
A noite o Adriano chegou com o remédio. Mais tarde do que sempre. Jogou o remédio na mesa de qualquer jeito. Falou meia dúzia de ofensas e dormiu sem tomar banho de sapatos e com a roupa suja no sofá mesmo
Eu nesse dia bem chamei.
Passei do lado dele na sala quando fui apagar a luz ele todo torto de mau jeito.
- Que se foda!
Mostrei o dedo e sai rindo. Da minha própria desgraça

VOCÊ ESTÁ LENDO
Tudo por mim
RomanceUma mulher abandona a carreira promissora de enfermeira para se dedicar a família. Em troca apanha diariamente do marido que um dia lhe jurou amor. Luciana decide então dar a volta por cima.