Natiese - A guarda-costas

Capítulo 14 - Dia de "Ex"?!

Ponto de vista Priscilla

Aquele cara se intitulando namorado da minha pequena foi pior do que tomar um soco bem no meio da cara, doeu muito mais, não pude conter a minha expressão facial, era como se estivesse sufocada, não podia ficar ali ouvindo aquilo e pior, sem ter a certeza do relacionamento deles, por isso saí da sala e esperei na porta, mantendo minha postura de guarda-costas, mas não pude conter meus pensamentos (será que Natalie estava apenas brincando com meus sentimentos? Não pode ser... porque ela faria isso? - tenta conter o choro, mas sem evitar que algumas lágrimas caiam -). Limpo meu rosto tentando esconder as lágrimas ao ver o médico se aproximando e entrando no quarto de Natalie, por sorte ele estava distraído analisando o prontuário dela e não percebeu que eu chorava. Ouvi que Natalie esbravejava por algo, mas não quis me virar, eu não podia vê-la com aquele cara ali, eu não queria que aquilo fosse verdade, ouvi ela me chamar, mas fui "salva", ou não, por uma chamada em meu celular, sai dali para atender a bendita ligação, eu tinha quase certeza que reconhecia aquele número, que já não estava na minha agenda havia séculos. Só podia ser brincadeira...

Priscilla: - desconfiada -  Alô?!

Mulher: Que bom que você me atendeu, finalmente meu am...

Priscilla: - entrando no banheiro, brava, gesticulando muito e falando sem dar tempo nem para respirar - Nem ouse terminar essa palavra, eu não sei como você tem a cara de pau de ainda me ligar... eu só atendi pra ver se você entende de uma vez por todas, eu não quero nem que você lembre que eu existo.... deve tá precisando de algo né?! Pra você me ligar só pode ser isso, mas eu não quero nem saber... eu quero mais é que você se exploda, sua falsa, traidora, interesseira, você me quebrou, me fez acreditar em você, me usou e me descartou como se eu fosse um lixo... escuta bem, não me liga nunca mais, não passa nem na mesma rua que eu, se não eu não respondo por mim, eu vou fazer na sua cara o mesmo estrago que você fez no meu coração, sua puta!!! - Desliga com raiva, soca e chuta a porta do banheiro, depois respira fundo -

Respirei fundo, lavei meu rosto na pia do banheiro e fiquei me olhando no espelho, tentando processar tudo que estava acontecendo, fiquei lá por alguns minutos, depois fui voltando a passos lentos para o quarto de Natalie. Eu estava com muito medo de ela realmente namorar aquele imbecil (- esbraveja em pensamento -), estava com muito medo de me machucar novamente e o pior é que dessa vez seria infinitamente pior, pois apesar do pouco tempo que eu conhecia Natalie, posso dizer que fui completamente arrebatada por aquela mulher, tudo que tivesse alguma relação com ela mexia comigo de uma maneira que nunca imaginei acontecer na minha vida.

Bati na porta do quarto e nenhum sinal de lá de dentro, arregalei os olhos e logo fui entrando assustada procurando por ela, até que a mesma sai do banheiro calmamente...

Priscilla: - respira aliviada, coloca a mão sobre o peito - Caramba, que susto!

Natalie: Que foi???

Priscilla: Desculpa, é que não te vi quando cheguei e devido aos últimos acontecimentos né?! - dá de ombros - Mas me diz, por que você tá fora da cama?

Natalie: - diz sorrindo e quase cantando - Porque o médico me deu alta!

Priscilla: - sorri, mas se lembra do embuste de hora atrás e fica sem graça e contendo suas palavras e seus gestos - Que bom!!! Esses dias não foram fáceis, vou te ajudar com a mala e chamar seu motorista para te levar para casa - vira-se para o sofá pegando algumas peças de roupas que estavam ali e colocando na mala, mas distraída -

Natalie: Deixa eu ajudar... - se aproxima do sofá e fica bem próxima a Priscilla -  Você está bem?? Parece meio "distante"... foi a presença daquele meu ex, que é um babaca, que te deixou assim ou foi o telefonema?

Priscilla: - disfarça os ciúmes e desvia o olhar - É, foi o telefonema... parece que hoje é dia de "ex".

Natalie: - muda de expressão ficando um tanto enciumada - "Ex" é? "Ex" mesmo ou vocês ainda têm algo? 

Priscilla: - fala com desdém - Credo... "ex" mesmo, ela me fez muito mal, agora deve tá precisando de mim, por isso fica me ligando... aquele embuste - vira os olhos -

Natalie sorri sem entender o por que de estar contente em saber que, Priscilla gosta de mulheres e que ela não quer nem saber da "ex".

Priscilla: Mas e você, se acertou com seu... Desculpa, eu não devia perguntar isso, não me diz respeito, você é minha chefe.

Natalie: - toca o ombro de Priscilla - Não fala assim - se coloca na frente de Priscilla, a olha nos olhos e segura seu queixo com a ponta dos dedos - Olha, infelizmente, eu não me lembro de praticamente nada que vivi com você, mas eu sinto que vivi e que você é importante pra mim, não me pergunta como eu sei, eu não sei expressar, eu apenas sinto e tenho certeza de que quero e de que vou me lembrar... você não quer me contar o que é essa ligação que eu sinto que a gente tem?

Priscilla: - expressão serena, sorri olhando nos olhos de Natalie e tocando de leve seu rosto com a parte de trás dos dedos - Eu prefiro que você se lembre naturalmente, que me veja a sua maneira, que sinta e tenha certeza do que sou para você, sem ninguém precisar dizer nada, porque só assim vai ser verdadeiro com você e comigo

Natalie: - sorriso bobo - Você é maravilhosa, sabia? - pula no pescoço de Priscilla a abraçando e se aproveitando para sentir o cheirinho dela -

Priscilla: - sorri, mas dá um leve grito de dor - Aiii... kkk

Natalie: - Ri de nervoso, mas sem soltar o abraço - Aiii meu Deus... suas costelas!!! Eu te machuquei?? Me perdoa?! - diz com vozinha de criança e dando um selinho na bochecha de Priscilla e voltando a envolvê-la no abraço -

Priscilla: Tá tudo bem sim, só doeu um pouquinho - sorri e se aproveita do abraço para sentir de pertinho o cheiro de sua amada -

Eu aproveitei cada segundo daquele abraço e daquele cheiro... O cheiro de Natalie era doce, o que geralmente não me atraia muito, mas nela... aah, nela aquele perfume cabia perfeitamente e eu amava, amava ainda mais o fato de ela querer se lembrar de mim, sentir que havia algo entre nós e estar me abraçando com tanto carinho, mesmo sem saber, sem poder se lembrar exatamente o que sentíamos uma pela outra. Abraçá-la me trouxe um "novo fôlego", renovou minhas esperanças, me deu a certeza de que não posso mais viver sem ela e de que não vou desistir de reconquistar a minha pequena, de fazê-la se lembrar de mim, do mesmo jeito que não vou descansar, até pegar o responsável por tentar tirar a vida dela e agora, minha vida também.