Capitulo 3

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"O que é mais importante: Perdoar ou pedir perdão? 
Quem pede perdão mostra que ainda crê no amor... 
Quem perdoa mostra que ainda existe amor para quem crê... 
Mas não importa saber qual das duas coisas é mais importante... 
É sempre importante saber que: Perdoar é o modo mais sublime de crescer, 
e pedir perdão é o modo mais sublime de se levantar .."

Ele estava sentado ali, naquela cadeira. Dormindo meio desconfortável. Parecia diferente. Não sabia dizer o pq. Ele estava com sua roupa normal. Casaco marrom de couro e calças pretas. Ficou ali suspirando. Esqueceu por um momento que estava brava com ele.
- Oh, querida! – Mariah entrou no quarto e sorriu ao vê-la acordada. A senhora já foi indo ate ela pra lhe dar um delicado abraço e falou baixinho. – Graças aos Céus você acordou!!!!! Não sabe como fiquei preocupada todos esses dias!
- Como é bom te ver. – a garota estava com a voz rouca. – Quanto tempo estou aqui?
- Faz uma semana! – ela se sentou do meu lado enquanto segurava a minha mão. – Você não sabe o quanto rezei pra vê-la bem e saudável! Achávamos que você não resistiria! Ate o curandeiro falou que seria um milagre sua recuperação!
Uma semana! Nossa! Nem acreditava.
- E o que ele faz aqui? – ela pergunta com magoa na voz apontando para o Rei que ainda dormia, alheio a tudo que ocorria ali no quarto. –Será que esta esperando o momento que eu acorde para ter o prazer de me humilhar novamente?
- Não diga isso, querida! – disse Mariah. – Ele ficou esse tempo todo aqui... desde o momento que ele te trouxe pra cá nos braços... não saiu do seu lado. Ate deixou Sir Hemsworth no comando.
Fechou os olhos e não disse mais nada. Fingira que adormecera. No momento que Mariah lhe disse isso, seu coração quase saltou do peito. Ele tinha ficado esse tempo todo ao lado dela!!! Mas não sabia o motivo, já que ele havia lhe tratado tal cruelmente.
- Descanse meu bem. – ela sentiu o beijo de Mariah na sua testa. Escutou passos e depois a porta sendo fechada. Ficou por um tempo com os olhos fechados, para tentar voltar a dormir, mas não conseguiu. E abriu os olhos novamente. Deu de cara com olhos azuis lhe olhando.
- Wanessa. – ela escutou a voz dele. Aquela voz tão sexy e máscula. Ele se levantou e se aproximou mais dela na cama. A garota se afasta.
- Não. – ela solta.
- Wanessa.. por favor.
- Não quero escutar! – ela disse com a voz alterada. – Na verdade eu quero sim! O que estou fazendo aqui? É alguma piada? Se for, aviso que é de muito mal gosto. Se me lembro, eu estava  uma masmorra escura, fétida e úmida pq o senhor não confiou na minha palavra e me trancafiou lá dentro! Eu já estou bem, posso voltar para lá novamente.. ou melhor... cumpra a sua palavra e me mate de uma vez! Pq acabou me curando? Se vou morrer de qualquer jeito.
- Ninguém vai morrer aqui. – ele balançou a cabeça e voltou a se sentar. – Eu descobri a verdade... toda a verdade. Fandral  armou para a senhorita... demorei para descobri, mas ouvi isso da boca dele. Enquanto estava se recuperando, eu mandei prende-lo. Ele foi decapitado a alguns dias.
- Mas... eu não fiz nada para ele! – estava confusa. – Eu só.. teve aquele dia que ele falou o que não devia e o desarmei.
- Pelo que entendi... ele nutria algum sentimento pela senhorita. Aconteceu aquele ocorrido e... – ele parou de falar e ficou meio sem jeito. – e viu nos dois se beijando...
- Tudo por ciúmes.. – ela suspira. – Belo jeito de demonstrar afeição. – ela suspira. – Mas ele tratava todo mundo mal... é difícil acreditar que ele tivesse algum tipo de sentimento por alguém.
- Homens são assim mesmo.
- Sim. – o olho magoada. – E não confiam na sua palavra, e te chamam de puta.. te jogam em uma masmorra.
- Wanessa.. eu..
- Não diga mais uma palavra. Eu sofri demais sabia? Sabe o quanto eu chorei lá dentro? O quanto eu pensei em tirar a minha vida? Quantos pesadelos eu tive? Mas acho que nada disso chega perto de ter ouvido palavras tão cruéis vindas da sua boca. Me acusando. Me tratando como uma prostituta... me acusando de querer foder com você pra chegar ao trono. Me acusando de traição.
Pensou se Thomas não tivesse descoberto toda a verdade, será que teria tido o mesmo destino de Fandral?
- Eu fui cruel.. eu sei. – ele parecia desesperado, seu olhos estavam marejados. Me controlei para não pular encima dele e cobri-lo de beijos. – Mas ponha-se no meu lugar! Me entregaram provas! E acabei acreditando naquilo. Eu não posso mudar o passado, mas posso fazer o presente e o futuro melhores. Melhores para você. A senhorita seria capaz de me perdoar um dia?
- Eu não sei. Não sei se serei capaz de te perdoar... nem agora.. nem amanhã... – lagrimas escorriam pelo rosto dela. – Pode ser que um dia sim, mas por agora.... isso é demais pra mim. Tenho muita magoa e tristeza no meu coração.
- Eu entendo sim. – ele assente e se levanta. – Posso me aproximar?
Wanessa pensa por um momento e faz que sim. Thomas se aproxima dela e de um modo carinhoso se inclina e lhe da um beijo delicado na testa.
- Saiba que vou lutar para você me perdoar. – ele sussurrou. Ela fechou os olhos. – Serei digno do seu perdão, nem que demore o resto da minha vida para isso.
- Você já pode sair. – ela pede, ele lhe da mais um beijo e se vira em direção a porta.

Wanessa já estava totalmente recuperada. Pedira para ir para casa, mas por insistência de Thomas, ela ficaria no castelo mesmo.
- Não. – ela ralhou. – Eu não quero ficar aqui, eu já tenho a minha casa, É para lá que eu vou.
- A senhorita ficara aqui, e não discutirei mais sobre isso. – Thomas estava na sala do trono lendo alguns pergaminhos sentado ali.
- Pensa que todos devem fazer tudo o que manda? Eu não vou aceitar isso! Eu vou voltar é para a minha casa! Bem longe disso aqui!
- É um pedido meu... na verdade é uma ordem. – ele a olha meio divertido, fazendo-a ficar ainda mais brava. – E não se deve contrariar o Rei, não é mesmo?
- Ahhhhh, você é um idiota! – ela exclamou e saiu quase que sapateando. Thomas riu. Estava adorando vê-la com raiva, ela ficava ainda mais linda.

- Idiota!!! Idiotaa! – ela exclamava quando caminhava pelos corredores, e deu de frente com Hemsworth. – Ah, sinto muito Sir Hemsworth.
- Meu amigo deve ter feito algo serio para deixa-la desse jeito? – ele perguntou.
- Agora virei prisioneira, e não posso voltar para casa. – ela cruzou os braços e bufou. – Como eu odeio ele!
- Ele não quer ficar longe da senhorita. – Hemsworth lhe deu um sorriso. Wanessa tinha gostado dele desde que o vira. Ele era grandão, mas tinha um coração enorme, e uma pessoa nobre. Não usava o seu poder para ferir ninguém. – Ele só quer se redimir, dê um desconto. Não estou pedindo que caiam nos braços um do outro. Se bem que isso é o que quero, pois são dois cabeças duras!
Wanessa corou.
- Sir! Não fale essas coisas!
Ele riu.
- O que mais quero é meus amigos juntos e felizes.
- Não sei se posso perdoa-lo a esse ponto.
- Talvez sim. Só dar mais tempo.
- E eu queria algo para fazer! Nunca fui dessas nobres que ficam só paradas sem fazer nada! Já estou enlouquecendo.
- Thomas me disse que a senhorita é boa em duelos, não é?
- Sim, sou. Tive aulas desde os 5 anos, quando meu pai me ensinava.
- O que acha de treinar com a guarda? – ele perguntou.
- Isso seria maravilhoso, mas seu Rei nunca apoiaria uma coisa dessas.
- Eu dou um jeito. - ele se inclina se despedindo e volta a caminhar.

Thomas negou no começo, dizendo que era perigoso demais para ela. Mas tanto que Hemsworth encheu a sua cabeça, que acabou aceitando e deixou que ela treinasse. Na verdade deveria ter deixado a mais tempo, pois nunca a virá tão feliz e sorridente. Era lindo de ver. Seus olhos claros ate brilhavam.

O treinamento acontecia sempre as manhas. Tinham um local especifico no castelo para isso. Tinha deixado de usar os vestidos, e agora usava uma roupa com calça, bota por cima e um  casaco preto, que ia ate o meio da coxa. Uma roupa bem anormal para uma Lady, mas estava gostando. Nunca foi fã de vestidos mesmo.
Phil ficou muito feliz em tê-la ali. Ele tinha ganhado o posto de líder da guarda, depois da execução de Fandral. Ela nunca o viu tão nervoso na vida.
- Phil, não fica assim! Você merece isso! – ela tenta o tranquilizar, mas o garoto estava muito nervoso.
- Eu não consigo. Deviam ter dado esse posto para outro mais qualificado!
- Meu amigo, você é tão qualificado como qualquer outro aqui! Eu vou te ajudar, ok?

Então ela o ajudava quase todos os dias. Ele estava ficando tão bom quanto ela. Uma vez a desarmou e ela acabou caindo no chão.
- Ahhh, meu deus, me desculpa Wanessa! – ele a ajuda a levantar.
- Não é bom pedir desculpas quando você derrotar o inimigo, não esqueça disso. – ela ri e ajeita a roupa. Percebe que alguém esta olhando, e vira para o lado, dando de cara com Thomas que observava tudo ali... encostado em um pilar. Ela lhe da um aceno de cabeça, o qual o retribuiu com um sorriso.

Estava conversando com Lady Jaimie... a quem fez amizade desde que tinha a conhecido. Era parente de Thomas, uma prima. A garota era linda, mais nova que Wanessa. Tinha longos cabelos negros e olhos azuis. Usava um vestido cinza não muito decorado.
- E ai? Como anda meu casal favorito?
- Ate você Jay? – eu levo minhas mãos ao rosto. Estávamos no quarto dela.
- E tem como não notar as faíscas que saem toda vez que estão pertos um do outro? – a garota ri. – Só falta se agarrarem na frente de todos!
- Acha que não tenho vontade? Eu penso isso toda vez! Mas sempre me lembro...
- Que ele te humilhou.. te prendeu.. blábláblá... Wan... por favor. Dá uma chance pra ele. Pq daqui a pouco alguma lady aparece por ai e pega ele... ai você vai se arrepender de não ter feito algo assim no começo!
- Eu não sei. Minha vontade é essa mesma, mas de  lado eu penso no que passei..
- Eu te entendo.. – Jay coloca pega as mãos da amiga. – Mas da um desconto. Tenta pensar no que tá aqui ó.. ela aponta para meu peito.. depois aponta para a minha cabeça..  – e esqueça um pouco o que se passa por aqui. Quero ver meus primos felizes.
- Hemsworth falou o mesmo, não com as mesmas palavras. – eu dou um sorriso. Agora tenho dois cupidos. Percebo Jay corando. – Ei, que foi?
- Não nada. – ela ri nervosa.
- Só foi falar no Sir Hems e você ficou ai parecendo um tomate. Não me diga que gosta dele?
- Talvez. – ela suspira. – Ele é tão lindo... encantador... educado... mas ele deve ter um mont3 de rabo de saia caindo pra cima dele!
- Todas interesseiras. – eu sorrio e a olho. – agora sou eu que falo. Da um desconto e vai falar com ele!
Nos duas rimos com isso.
- Acha que devo falar com Thomas?
- Você deve sim. Wan, eu noto que vocês se gostam... deixa esse orgulho de lado... e vá ser feliz! Faça meu priminho feliz! É tudo que mais quero! Vocês são tão perfeitos um para o outro, dois cabeças duras!
Eu ri. Ela tinha razão. Quando ele voltasse eu falaria com ele.
Notamos um barulho vindo pelos corredores. Pessoas falando alto. Passos ainda mais apressados.
- O que aconteceu? – me levanto junto com Jay e saímos pelos corredores. Vejo Phil nervoso e pálido.
- O Rei foi atacado. – ele fala com a voz tremendo. Meu rosto se contrai. Não...não agora.
- Como ele esta? – eu pergunto quase chorando. Jay pega na minha mão.
- Eu não sei... mas parece que mal. – ele se afasta.
Lagrimas escorrem do meu rosto, e logo Jay me abraça.
- Vai ficar bem, amiga! – não consigo falar. Só fico ali chorando nos seus braços. – Ele é forte como você, e vai se recuperar.

Fiquei do lado de fora do quarto, não sei por quanto tempo. Só via o entra e sai de pessoas. Camareiras com panos, frascos. Curandeiros. Me sentei ali no chão e abracei os joelhos, acabei adormecendo.
Logo acordei com alguém me cutucando no ombro. Era Hemsworth.
- Ei pequena. – ele me ajuda a levantar. Meus olhos estão inchados de tanto chorar. – Pq não vai descansar um pouco?
Eu nego com a cabeça.
- Só saio daqui quando ele estiver melhor.
- Ele esta dormindo agora. – ele me diz. – Se quiser entrar para ve-lo.
- Posso?
- Claro. – ele se aproxima da porta e a abre. Entro no quarto cautelosa, ele fecha a porta assim me deixando ali sozinha. O quarto é o maior do castelo e o mais bonito. Mas a minha atenção está no homem ali, deitado na cama. Ne aproximo e vejo como ele dormia. Seu peito estava desnudo. Ele era magro, mas forte. Seus braços eram lindos e os músculos do peito uma perfeição. Me amaldiçoo por pensar uma coisa assim em um momento daquele. Ele estava coberto ate a cintura, e um curativo estava ali no seu ombro. Sento na cadeira ao lado da cama e a arrasto ate ficar mais perto dele.
- Oi. – eu suspiro, não conseguindo segurar o choro. – Não sei se você pode me ouvir, mas também nem importa... por favor Tom... não faça isso, não ouse me deixar! Eu não sei o que faria sem você aqui... eu fui uma tola esse tempo todo... me negando a perdoa-lo, mal sabendo que já tinha te perdoado a muito tempo! Por favor..... não me deixe... eu te amo tanto...
Deito minha cabeça ali, no seu corpo e começo a chorar baixinho e do nada ouço uma voz gostosa falando em um sussurro:
- Então você me ama?

My Dear KingOnde histórias criam vida. Descubra agora