O jantar começou agradável. Ela parecia estar adorando comer aqueles negócios que eu tinha levado. Como não sabia o que comprar, meio que fiz uma mistura. Comprei sushi, canelone ao molho branco, salada de tomate, rosbife com batatas coradas, vinho tinto e mais algumas coisas... Claro, comprei tudo do melhor. Queria tratá-la como uma princesa, e pelos sorrisos dela, parecia que estava conseguindo.
— Eu amo sushi! — ela pegou um com a mão e levou a boca — Amo!
— Eu sei. Li em um dos seus fan site... — brinquei e notei como ela arregalava os olhos, estupefata — Estou brincando! — comecei a rir e ela me seguiu na risada, comendo outro sushi.
— Vamos brindar? — Dulce propôs e eu neguei com a cabeça — Porque não?
— Com copos de plástico?
— Brindemos com copos de plástico! — começamos a rir outra vez e enquanto enchia os copos, ela ria e disse: — Você não sabia que dentro da mesa, perto do frigobar, tem copos de cristal?
— Tem? — comecei a corar e ela confirmou — Vou pegá-los... — me levantei, mas senti as mãos dela segurando o meu braço, me fazendo sentar outra vez.
— Não precisa. Quero brindar com os copos de plástico... — sorri — E ao que iremos brindar?
— E que tal — propus — a nossa loucura?
— Unnn — Dulce abriu o sorriso mais maravilhoso que um dia eu havia visto. Inocente, divertido, brincalhão — Então, um brinde a nossa loucura!
E enquanto nossos copos se tocavam, nossos olhares se cruzavam.
Naquela noite, foi como sonhar acordado. Depois do jantar, talvez pelo efeito do álcool, talvez por gostarmos um da presença do outro, talvez por sermos tão [i]misteriosos[/i], um para o outro, nos sentimos tão atraídos a ponto de passarmos a noite inteira acordados, afundado nossos lábios, mesclando nossos corpos, trocando sorrisos, afagos, carinhos, chamegos... Éramos dois transformados em um só.
E tudo poderia ter sido um sonho, porém quando acordei na manhã seguinte com o rosto afundado em uma imensidão vermelha, tive mais do que certeza que tudo o que vivera tinha sido real.
Abri um sorriso enorme e bobo, passando a mão de leve nos ombros desnudos de Dulce, que se encontrava agarrada em minha barriga e com os lábios pousados no meu pescoço. Notei que ela dera um pequeno sorriso, mas continuara com os olhos fechados, me dando mais alguns segundos de reflexão...
Bem, se isso fosse um filme, agora seria o meu momento de glória, é claro.
Quis rir com aquele pensamento e Dulce se moveu, abrindo os olhos e dando um leve beijo no meu queixo, passando as mãos pelos meus braços e erguendo um pouco o corpo.
— Bom dia! — ela disse animada.
— Bom dia! — respondi da mesma forma e a puxei para beijá-la outra vez na boca — Dormiu bem?
— Seria muito clichê dizer que melhor, impossível?
— Não seria, porque também acho que nunca dormi tão bem... — nós dois rimos e ela, soltando um bocejo, perguntou:
— Que horas são?
— Acho que — olhei no relógio — Quase onze horas... Por quê?
— COMO? — o grito dela cortou o quarto e vi como ela se levantava rápido, pegando as roupas e vestindo-as como um raio — MEU DEUS, ESTOU SUPER ATRASADA!
— Compromissos? — murmurei, desanimado.
— Coletiva sobre o novo filme — ela fez uma careta — Pode apostar que eu não queria ir... — e quando percebi, ela já estava toda vestida e se jogando na cama, para me beijar e abrir um sorriso em seguida — Obrigada pela noite, Chris...
Antes que ela pudesse levantar, peguei-a pelo braço e perguntei:
— E agora?
— E agora? — ela repetiu, entendendo sobre o que eu me referia.
— Como nós... Ficamos?
— Como você quer que nós... Fiquemos?
— Você já está indo embora...
— Eu volto! – ela sorriu timidamente e notou o meu sorriso — Daqui uma semana e meia... Começo a gravação de um novo filme aqui.
— Aqui?
— Aqui! — ela riu — E você vai querer me ver?
— Você vai querer me ver?
— Eu quero! — ela disse e eu tive vontade de beijá-la outra vez.
— E eu quero mais que tudo vê-la outra vez...
— Você me espera uma semana e meia?
— Espero... — estávamos falando tudo rapidamente, pois ela estava mesmo atrasada, e quando ela se levantou outra vez para ir embora, e se dirigiu até a porta, ela olhou para trás, com aquele sorriso maravilhoso, e disse:
— Eu estava certa quando disse que "um homem pacato" seria o ideal para amenizar a vida sobre os holofotes de qualquer mulher... Obrigada, Chris.
E ela saiu antes de ver o sorriso enorme que eu abria, radiante, feliz, satisfeito e extasiado com aquelas palavras.
Pois bem, em menos de dois dias aquela mulher tinha entrado em minha vida como um furacão levando qualquer requisito de chatice, tédio ou monotonia embora. Ela mudara o meu mundo com tanta facilidade que chegava a assustar, e o virara de ponta-cabeça... No bom sentido, claro.
Ela era o fogo que faltava em minha vida. Era o que eu precisava.
E a esperei durante onze dias, e ela voltou para mim. Ela sempre ia, mas sempre voltava. Acabamos nos tornando essenciais um para o outro, como Romeu precisava de Julieta, Tristão precisava de Isolda, João precisava de Maria e um homem precisava de uma mulher.
E no final de tudo, acabei chegando a uma conclusão: Dulce era, e sempre seria, a estrela do meu filme.
FIM
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Encontro por Acaso
FanfictionEu não poderia dizer que a minha vida era uma grande coisa. Não vivia de aventuras, romances e surpresas, pois minha vida era o que poderia ser considerada de três coisas: Chata, entediante e previsível. Muito, muito previsível. Eu não era um ator d...