Capítulo 69 - Mnemônicos

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Sagwa leu aquelas frases diversas vezes e não conseguia entender. Ela achava aquilo muito irracional e queria muito alguém para espancar agora.

Sem ter o que fazer, caminhou e sentou-se em baixo de uma árvore. Enquanto a brisa tocava seu corpo ela olhava o horizonte tentando entender o que tinha que fazer. Dessa vez, tinha reaparecido em uma planície, poucas árvores eram vistas e as que existiam ali eram separadas por vários metros de distância. Ela olhou para o céu azul e, enquanto olhava as nuvens dançando no céu, ela sentou-se na posição de Lótus e começou a meditar nas frases que viu no pergaminho de jade.

Desde que ela começou a cultivar a regra do mais forte imperava, ou seja, se ela fosse mais forte, venceria, mas se fosse mais fraca, ela perderia e provavelmente morreria, todos os inimigos que tinha matado até hoje eram mais fracos que ela, alguns ela sofreu para matar, outros, como foi o caso de Herb e da Chefa dos Mercenários, ela matou com relativa facilidade, mas o que todos tinham em comum era o fato de serem mais fracos que ela.

Depois de algum tempo meditando, Sagwa se lembrou de algo. Sua primeira luta veio à tona em sua mente, ela lembrou-se do primeiro mercenário que matou, dá forma ele a tinha subestimado e da forma que os erros dele na batalha o levaram a sua morte.

Uma luz de inspiração surgiu em sua mente e ela começou a lembrar os detalhes da luta que teve contra Valefor, de como estava em um estado enfraquecido - para ser mais exato, ela estava acabada, quase sem energia - se não fosse pelo tridente teria morrido. No final das contas, ela era mais fraca que Valefor no momento da luta e aquela foi uma sorte que poderia não acontecer nunca mais. Ela lembrou-se de ter aceitado a morte, mas estar com medo por sua família e amigos. Também lembrou dos vacilos de Valefor quando achou que ela era filha de alguém mais forte. Se ele estivesse totalmente focado na luta, provavelmente acharia uma forma de derrotar Sagwa, mas sua mente estava longe e o medo fez ele se distrair. É como dizem: para matar é preciso ter a mente limpa, se tu pensa no filhote do porco tu não mata ele.

Após sete horas, ela ainda estava meditando e tentando se lembrar de todas as lutas que teve na vida real, todas as mortes pelas quais fora responsável, todas as vidas que tirou e também aquelas que ela poupou.

Mais algumas horas e finalmente a luta contra o homem que ela encontrou no reino dimensional artificial veio em sua mente. Ela as juntou e começou a meditar em cada erro que ela cometeu durante a luta.

A lua apareceu no céu estrelado e depois desapareceu dando lugar para o sol iluminar toda aquela planície, Sagwa ainda não havia movido nenhum músculo. Ela continuava meditando e repensando em todas as lutas que teve nos últimos anos.

Depois de morrer pela primeira vez, pelo fato de morrer pelas mãos de uma pessoa, a mente de Sagwa começou a amadurecer e isso deu a ela a oportunidade de entender e perceber os diversos erros que cometera nos últimos meses e, ao lembrar da última luta, ela percebeu como ela subestimou o inimigo. Estava tão confiante na própria força que não imaginou que alguém no mesmo nível que ela conseguiria matá-la.

"A soberba me fez perder. De fato, eu não sou mais que um sapo em um poço."

Ainda de olhos fechados, Sagwa começou a perceber e a entender os erros que havia cometido e mesmo que seu cultivo não estivesse avançando, sua mentalidade estava amadurecendo.

O caminho marcial de Sagwa teve início a menos de um ano. Seu progresso foi surpreendentemente rápido, mas ela não amadureceu tão rápido. Conseguir derrotar a maioria dos inimigos com facilidade a deixou soberba, a fez acreditar que era mais forte que qualquer um no mesmo nível que ela. Este era um erro comum em jovens gênios, eles sempre achavam que eram mais fortes que qualquer outro que estivesse no mesmo nível, a mentalidade da juventude lhes fazia acreditar que eles eram o melhor dentre os melhores.

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