Cap. 6

56 8 2
                                    

Kate me disse que meus pais foram às pressas para uma reunião com as tribos caribenhas. Segundo ela, por sermos aliados não tiveram como dizer não a um pedido de auxílio. Sim, Camellia é aliada a algumas tribos ao redor da região, seja por vantagens geográficas ou por consciência do poder hierárquico que uma tem sobre as outras, os reis sempre acharam melhor mantê-los como amigos ao invés de inimigos. Pelo jeito, ocorreu um conflito com um dos nossos aliados, e deve ter sido um grande para procurarem ajuda conosco. Resumindo, meus pais passarão entre três a quatro dias fora.

—Eles tinham que escolher logo nesse momento para ficarem de briguinha? - Reclamo olhando para Kate que está terminando de ajeitar o meu último vestido.

—Acredito que seja uma disputa por território. - Me corrige - Ninguém escolheu nada, Olívia. Quem pode premeditar algo assim?

—Desculpa se eu acho que eles deveriam estar aqui nos ajudando nas vésperas do casamento. - Cruzo os braços.

—Não é culpa sua estar chateada, amorzinho. - Ela se levanta de sua cadeira e se assenta ao meu lado na cama. Sua mão pousa sobre meu ombro. - Nem dos seus pais. Você sabe que eles não podiam fazer nada quanto a isso. Não fique preocupada com sua irmã também, ela parece mais tranquila.

—Eu sei, mas... - Eu estava calma, juro que estava. Ainda estaria se eu não tivesse tido um sonho horrível na noite anterior. A única coisa que me tranquiliza nessas horas é um abraço da minha irmã, mas ela não estava comigo. E todas as vezes que isso acontece me dá vontade de sair reclamando de tudo para todos, mas, como eu não posso, sempre reclamo para Kate e ela sempre me ajuda. -Você está certa. Desculpe. - Abaixo minha cabeça e ela acaricia meu cabelo.

—Tenho que ir agora. Vou orientar algumas criadas sobre as refeições de hoje. Seu vestido está pronto.

—Está lindo, obrigada. - Respondo olhando a peça sobre o cabideiro. Levanto-me e começo a me preparar para o café da manhã. Tomo um banho rápido e coloco meu vestido, o caimento ficou perfeito em mim e esse tom de azul me alegrou bastante. Posiciono-me em frente ao espelho e começo a pentear meus longos cabelos escuros. Não é difícil ver minhas olheiras, tenho certeza que Kate também percebeu. Droga de pesadelos. Pelo menos, podia ser um diferente. Por que tem que ser o mesmo toda vez que eu tenho? Tento cobrir com alguma maquiagem e finalmente consigo.

Saio do quarto e vou em direção ao de Anne para irmos juntas tomar café. Ao chegar lá vejo um de seus guardas lhe entregar um pedaço de papel, como eu estou muito longe não consigo ver o que é. Tudo que vejo é um pequeno sorriso se instaurar em sua face. Chego um pouco mais perto, bem discretamente, e arranco o papel de suas mãos. Sim, eu sou curiosa mesmo.

—Devolve, Olívia. - Ela fala inutilmente tentando pegar da minha mão. Foi engraçado ver minha irmã tentando alcançar o papel sem perder a compostura. Uma verdadeira dama.

—Eu vi seu sorriso. O que é isso? - Abro o papel tentando ler, mas ele é arrancado de minha mão antes.

—Nada que te interesse, chatinha. - Ela se recompõe e começar a andar no caminho para o café e eu me coloco ao seu lado.

—Qual é, Anne? Do jeito que você agiu até parece que é uma carta de amor. - Olhei para ela e fiz uma cara de boba apaixonada esperando ela rir do quão ridículo foi o que eu disse. Ela apenas sorriu, um sorriso terno, talvez até ansioso. Não é possível que... -Era uma carta de amor? - Quase grito no corredor e ela me olha como se fosse me matar.

—Claro que não, Olívia. Nos conhecemos ontem, como poderíamos já estar amando? - Pergunta como se fosse óbvio e depois volta a ter a mesma expressão de antes, dessa vez mordendo os lábios. - Mas se você está me perguntando se é algo especial, eu posso dizer que está certa.

Royal ConnectionOnde histórias criam vida. Descubra agora