Cap. 16

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—Você não precisa ir. - Abraço a minha mãe desesperada enquanto tento não gritar.

—Eu preciso. Não se preocupe, Anne estará com você, Kate também, nenhuma das duas vai sair do seu lado. - Ela alisa o meu rosto e consigo ver seus olhos brilharem.

—Você não pode ir. Não pode me deixar.

—Eu não vou te deixar, minha querida. Nós vamos voltar.

—Como pode ter certeza? - Seguro em sua mão com força. Nossas mãos têm tamanhos tão diferentes que a dela esconde a minha por completo. - Não é certo deixar a filha no aniversário.

—Você é muito pequena agora, Liv. Quando crescer, vai entender. - Ela me dá uma última olhada antes de dar a ordem final. - Levem-na!

Eu grito e esperneio. Tento com todas as minhas forças ser liberta dos braços dos nossos seguranças. Mas eu sou muito pequena. Tudo que eu consigo ver é uma imagem borrada da minha mãe indo até o meu pai. Por fim, um sentimento de terror toma conta de mim.

Sento na minha cama rapidamente. Estou ofegando tão rápido que me surpreende que o castelo inteiro não tenha me escutado. Meu corpo está encharcado de suor e eu não consigo focar em absolutamente nada. Esse pesadelo não me deixa em paz. Se, pelo menos, eu soubesse o final.

Pulo da minha cama e vou de encontro com o meu robe, visto-o e surpreendo os guardas dos corredores ao passar por eles super rápido. Se fosse outra ocasião, eu me preocuparia com isso, mas não agora. Eu preciso achar a única pessoa que sempre conseguiu me acalmar.

—Kate? - Entro em seu quarto sem nem bater. Ela está dormindo e só agora percebo que não deve estar em um horário muito... apropriado.

—Olívia, qual o problema? - Pergunta sonolenta. Olho pela sua janela e percebo que ainda está bem escura. Bom, hoje eu estou sendo bem inconveniente. Anne não aprovaria. - Foi o sonho de novo?

—Pesadelo. - Corrijo. Olho para as minhas mãos e elas não querem parar de tremer por nada. - Estou com medo.

—Venha aqui. - Ela se afasta um pouco deixando um espaço na sua cama para que eu possa me deitar. Me ajeito ao seu lado e abraço a sua cintura como se estivesse procurando proteção dos meus próprios pensamentos. - Fazia tempo que você não tinha pesadelo. O que aconteceu?

—Eu não sei. - Digo com a voz abafada pelo choro que estava pra chegar. - As vezes, eu me acho muito criança por ainda me preocupar com isso, por me sentir tão mal ao ter um simples pesadelo.

—Então, deixe pra lá. - Ela faz carinho nas minhas costas com as palmas das mãos me deixando mais calma.

—Eu não consigo. Se, pelo menos, eu lembrasse.

—Não há nada para lembrar, eu já disse. Você sabe a história.

—Se tudo aconteceu do jeito que vocês disseram, então por que eu não me lembro de nada? - Indago. - Não estão escondendo nada?

—Você era muito pequena, meu amor. Tinha acabado de fazer 8 aninhos. Claro que não se lembra de nada.

—Só o bastante pra me fazer ter pesadelos. - Bufo sabendo que não conseguiria tirar mais nada dela. - Só pra você saber, eu não compro a história de que foi um simples conflito facilmente vencido pelos meus pais. - Olho para cima e apenas vejo o seu rosto pacífico em um sono profundo. - Boa noite.

•••

Acordo com a cara um pouco amassada, levanto da cama ao ouvir os passos apressados da Kate.

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