Cap. 12

36 8 2
                                    

Acordo com os olhos pesados, me mexo um pouco na cama e forço o meu corpo a se sentar. Não lembro de ter vindo para a cama dormir na noite passada. Não lembro do Ethan indo embora também.

Coço os meus olhos numa tentativa de espantar o sono. Assim que os abro vejo uma cena extremamente fofa. Ethan está deitado em um pequeno sofá que fica a direita da minha cama, um dos seus braços está jogado ao seu lado e o outro está sobre seus olhos, provavelmente para impedir a luz de o acordar.

A julgar pela bagunça no chão do quarto, eu devo ter dormido e ele me trazido para a cama. O que é algo bem fofo, tenho que admitir.

Pensando bem, o Ethan está totalmente vulnerável agora. Quem sabe eu não faço uma brincadeirinha com ele.

Saio da cama e ando com passos leves em direção ao banheiro, tento fazer isso o meus discreta possível, afinal não posso acordá-lo e estragar o meu plano, não é?

Pego o meu sabonete líquido de banheira, daqueles que fazem muita espuma e o coloco em peso sobre minha mão direita. Volto para o quarto e coloco toda aquela espuma sobre a própria mão dele. Depois disso, pego um dos meus marca páginas e começo a alisar o seu nariz na intenção de fazê-lo cócegas. Assim que ele sente, a sua mão toda espumada vai de encontro com sua cara e pronto. Senhoras e senhores, conheçam o boneco de neve. Infantil? Nunca disse que não era.

—Muito madura você, viu? - Diz enquanto corre para ir no banheiro lavar o rosto e eu desato a gargalhar no meu quarto.

—Não tem problema, você ficou lindo de boneco de neve. - Faço um sinal de que estou pensando e depois aponto para sua cara - Podemos te contratar nesse Natal para animar as crianças, que tal? Olha a oportunidade.

—Acho que comediante combina mais com você do que princesa, Olívia. - Fala irônico e mal vi quando a própria mão dele sujou toda a minha cara com o mesmo sabonete de antes. - Se a carreira de comediante não der certo, eu te chamo para animar as crianças comigo.

—Engraçadinho. - Começo a tirar tudo do meu rosto e o escuto entrando no banheiro. - Tá com dor? Aquele sofá não é tão confortável assim.

—Ainda tem aqui. - Ele molha a mão na água e passa a mesma sobre a minha bochecha quase como um carinho. Não posso dizer que não fiquei arrepiada. - Estou bem. Já dormi em lugar piores.

—Como pode ter dormido em lugares piores? Você é um príncipe. - Pergunto enquanto enxugo as mãos em um toalhinha e ele parece hesitar.

—Verdade. Só esquece o que eu disse. - Ethan da um pequeno sorriso de lado e volta para o quarto. Acabo o seguindo. Alguma coisa não está certa aqui.

—Ethan, como você pode ter dormido em lugares piores? - Reforço a pergunta e o encaro enquanto ele desvia o olhar.

—Eu já disse para esquecer, Olívia.

—Parece que quem esqueceu foi você sobre o que falamos ontem. - Sento ao seu lado na cama. - Você disse que é meu amigo e eu disse que amizades não tem segredos. - Ele suspira.

—Tá bom, Olívia. Você ganhou. Prometo que te conto, só não agora, tá bom? - Hesitei em aceitar, mas pelo menos já era alguma coisa.

—Tá bom.

***

—Você leu o livro todo? - Meu queixo quase vai ao chão ao vê-lo assentir. - Como pode ler um livro inteiro em um dia?

—Digamos que eu tenho olhos rápidos. - Pisca para mim. - E espero que você consigo comer rápido porque vamos sair daqui a pouco. - Fala alto e eu arregalo os olhos batendo com a colher em sua cabeça.

—Quer que todo mundo descubra que a gente vai sair? - Sussurro em sua direção enquanto tento ficar com a cara mais raivosa que consigo.

—Relaxa, nossos irmãos saíram e seus pais não estão aqui. Ninguém pode nos impedir de sair.

—Esqueceu dos guardas que vão querer nos escoltar. - Cerro os olhos.

—Você realmente não sabe o poder que tem, não é? - Ele coloca o garfo no prato e foca no meu rosto. - Você é a princesa. No momento, o que você disser é lei.

Será mesmo? Acho que nunca tinha sequer imaginado isso antes. Ele está certo em falar que por enquanto eu sou a maior autoridade presente no reino.

—E pra onde você quer sair? - Pergunto enquanto dou a última garfada na minha comida.

—Surpresa. - Pisca para mim.

—Estou cansada dessas suas surpresas. - Finjo chateação. - Não dá pra me dizer?

—Nem pensar. - Diz e eu acabo tendo uma ideia, afinal eu sou, no momento, a maior autoridade aqui, não é mesmo?

—É uma ordem. Quero que me diga onde vamos! - Falo tentando parecer imponente, mas acho que não consegui porque no mesmo momento ele começou a rir e o meu teatro foi por água a baixo quando eu comecei a rir junto.

—Não já te disse? - Ele foca nos meus olhos de uma maneira delicada. - Você é uma princesa para eles. Para mim, você é a minha amiga, Olívia.

—Acho que não vou conseguir arrancar nada de você, vou?

—De jeito nenhum. Agora vamos, já estamos atrasados. - Suspiro e assinto me dando por vencida.

***

Okay, Olívia. Talvez você não devesse ter desistido de tentar saber tão facilmente.

No momento, eu estou no meio do que parece ser uma pequena floresta. Não sei nem se dá pra chamar assim de tão perdida que eu estou.

—Se quiser ir um pouco mais rápido, viu? - Ethan reclama atrás de mim enquanto eu tento me esquivar de um galho que quase decepou a minha cabeça. Tudo bem, talvez eu esteja exagerando um pouquinho.

—Desculpa se o inteligente aí não me avisou que eu tinha que vir com tênis. - Reclamo sem nem virar para trás. Por causa desse erro dele eu tenho que segurar meus calçados na mão, porque eles estavam mais atrapalhando do que ajudando, e ainda continuar todo o caminho descalça. - Onde estamos indo, afinal?

—Quantas vezes eu vou ter que te dizer que é uma surpresa? - Bufa e eu reviro os olhos. - Estamos quase lá, só mais um pouco.

—Só espero que valha a pena. - Digo dois segundos antes de me ver esparramada no chão. De onde foi que aquele galho apareceu? - Aiii...

—Você tá bem? - Ethan me alcança e me coloca sentada no chão cheio de folhas. - Acho que nem a floresta aguentou as suas reclamações. - Fala divertido e eu faço uma careta. - Consegue levantar?

—Acho que sim. - Tentei me apoiar no meu pé direito e cai imediatamente em meio a um grunhido. - Acho que não. Desculpa, estraguei o passeio, não foi?

—De jeito nenhum. - Sorri e aponta com o queixo para minha direita. - Olha ali.

Meus olhos brilharam com a cena e eu só consegui pensar em uma coisa.

Uau.

Royal ConnectionOnde histórias criam vida. Descubra agora