Cap. 13

24 7 0
                                    

Sabe o sentimento de que você nunca viu uma cena majestosa como essa antes? Minha boca não fechava por nada e a luz do sol só tornava tudo mais surreal.

Eu estou de frente para um local no meio das árvores — No meio mesmo, tipo as árvores estão literalmente circulando ali em uma circunferência perfeita — onde tem uma cabana linda de dois andares, ela é feita de madeira e tem umas plantas crescendo nas suas paredes quase como se ela fosse o apoio que a natureza precisava.

—Ethan, eu... não sei o que dizer. - Ele sorri.

—Enquanto entramos você pode pensar melhor. - Ele me pega no braço e me levanta como se eu não pesasse mais do que uma pluma. Assim que passamos pela porta consigo avistar um interior ainda mais deslumbrante sem deixar nem por um segundo a temática de natureza.

—De quem é esse lugar? - Pergunto olhando em volta ainda extremamente admirada.

—Como sabe que não é meu? - Ele foca no meu rosto depois de me colocar delicadamente sobre o sofá.

—Talvez porque não existam companhias imobiliárias que vendam casas no meio de floresta assim, ou seja, alguém mandou construir essa casa. E não tem razão nenhuma para você querer uma casa bem aqui se levarmos em consideração que você mora nas Ilhas do Sul, o que é bem longe.

—Bingo. Admito que te subestimei, princesa. Quem sabe dentro dessa sua cabeça não tenha um cérebro de verdade. - Diz e solta uma gargalhada, não durou muito já que eu consegui dar um belo beliscão em seu braço. - Caramba, Olívia.

—Você que pediu. Enfim, de quem é?

—De um amigo bem antigo meu. - Nesse momento, ele se levanta do sofá e começa a andar pelo ambiente em que estamos. Suas mãos seletivas tocam em certos objetos e apetrechos enquanto sua expressão parece demonstrar uma imediata melancolia.

—Ele sabe que estamos aqui? - Pergunto me levantando. A dor já estava bem mais suportável e agora eu o seguia pelo resto da casa.

—Não exatamente. Mas ele não ligaria.

—Vocês devem ser bem amigos, então. - Dessa vez, ele não me respondeu. Sequer se virou para mim. Na verdade, eu tenho quase certeza que eu escutei um pequena fungada, do tipo bem baixinho que acontece quando você tenta segurar o choro. - Você está bem?

Eu paro no lugar bem atrás dele e seguro o seu braço o impedindo de continuar andando. Ele se vira para mim e parece que o Ethan de um segundo atrás já não está mais aqui. A expressão triste deu lugar a um sorriso charmoso e ele olha para baixo para encontrar o meu olhar.

—Estou ótimo. Vem, vamos fazer um tour.

Bom, posso dizer com certeza que a casa não deixava nada a desejar. Logicamente é bem mais simples do que os palácios, mas é tão rica em detalhes que mal dá pra pensar nisso. De vez em quando eu ainda pegava alguns olhares do Ethan mais ao longe, mas é óbvio que ele não quer falar sobre o que o está deixando triste, eu não posso simplesmente invadir o espaço dele e forçá-lo a me contar.

—Senta aqui. - Ele dá dois tapinhas no lugar ao seu lado no sofá em que ele me colocou quando chegamos. Vou em sua direção e me sento. Conversamos bastante e o tempo passou extremamente rápido, começou a escurecer então Ethan pegou algumas velas e colocou ao nosso redor na sala. - Então, o que está achando da nova vida? Ser aventureira não é nada mal hein.

—Sinceramente, eu estou amando. Sair do palácio é bem mais viciante do que eu achava. Sentir a simplicidade do mundo pode ser algo lindo.

—"Simples". - Ele repete a palavra quase como uma piada. - Não se engane, Olívia.

—Como assim? - Ethan começa a evitar que nossos olhos se encontrem e levanta novamente andando em passos lentos até a lareira.

—Não existe nada simples. - Um suspiro pesado atravessa seus lábios.

—Você está estranho. Tudo bem, eu tentei disfarçar, talvez fingir que não tivesse percebido nada, mas você está agindo de uma maneira esquisita. Não parece você. - Coloco a mão sobre seu ombro e me assusto no momento em que ele a tira com uma certa brutalidade.

—Não parece eu? Como você sabe com o que eu pareço? Você não me conhece. - Sua voz continuava baixa, mas ainda assim não era o tom mais amigável que eu já tinha escutado. - Passamos pouco tempo juntos e você já acha que sabe tudo sobre mim.

Respiro fundo e tento encará-lo. É óbvio que algo o está perturbando e eu não tenho certeza se eu deveria descobrir ou não. Pelo menos, eu conseguirei acalmá-lo. Eu posso sim ter alguns ressentimentos da minha vida de princesa, mas um deles definitivamente não é a aula de psicologia social. Métodos para tranquilizar pessoas ou tirá-las momentaneamente de seu estresse cotidiano foram matérias de peso quando em tinha 15 anos. Já usei algumas vezes com a Kate e todas funcionaram. Não custa tentar.

—Ethan. - Ele continua sem querer me olhar. - Ethan, olha pra mim. Seus olhos voltam-se para minha face e um calafrio acaba percorrendo a minha espinha. Acredito que eu não conhecia a verdadeira beleza até olhar para esse garoto. Seus cabelos caem perfeitamente sobre seu rosto e os seus olhos acabaram contrastando de uma forma linda com a luz da lareira e das velas. A sua expressão triste me faz querer consolá-lo e admirá-lo ao mesmo tempo.

—O que foi? - Sua voz grossa me trás de volta para a realidade e eu luto para tirar todos os pensamentos anteriores da minha cabeça e manter apenas a determinação em fazê-lo se sentir melhor.

—Você tem razão. Nos conhecemos há pouco tempo. Não sabemos muito da vida do outro além do que aprendemos durante as últimas semanas. - Ele assente com a cabeça. - Mas eu não acho que isso signifique coisa alguma.

Ele me olha e seu semblante parece confuso.

—Pense bem, nas poucos semanas em que nos conhecemos eu pude fazer parte de aventuras das quais eu nunca pensei, tudo por sua causa. Você acha que tudo que eu tirei delas foi diversão? - Seguro em sua mão e o guio de volta para o sofá. - De jeito nenhum. Eu descobri uma pessoa incrível que aparenta ter uma capacidade de me fazer rir nos momentos mais improváveis.

—Como se isso fosse grande coisa.

—Pra mim é, Ethan. Eu posso não conhecer bem a sua história, mas eu não ligo, teremos muito tempo para isso. Entendo o porque de você não achar que existem coisas simples, mas existem. Gestos gentis e abraços amigáveis. São coisas simples com significados lindos.

Ele olha pra mim com seus olhos marejados e eu o abraço sem hesitar.

—Eu não preciso saber o que aconteceu hoje pra você estar assim. E se estiver faltando coisas simples na sua vida, eu fico mais do que feliz em preencher essa vaga. Eu serei a parte simples da sua vida, tá bom? - Sinto o abraço apertar enquanto seus braços me rodeiam cada vez mais.

—Obrigado, Olívia.

Royal ConnectionOnde histórias criam vida. Descubra agora