A Guerreira do Gelo

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Terceiro memorial

A Guerreira do Gelo

"...quando inesperadamente eu encontrei o amor..."


Tinha saudades de minha família. Imaginava se minha irmã e meus filhos estariam bem. Também me faziam falta os amigos como Helmut e Raastad. Há muitos anos não nos encontrávamos.

Obtive notícias de Helmut. Após a perda do machado em Drexa, ele partiu numa jornada pessoal para recuperá-lo apoiado pelo irmão do falecido Devian, Nöl. O Brilho Escarlate estava nas mãos do príncipe Nöl, que não era muito amado por seu pai, o grande rei Öfinnel, pois havia se casado com uma Vetmös chamada Chira. E a união entre as castas dos Hölmos e dos Vetmös era algo visto com bastante gravidade na sociedade dos homens.

Raastad, por sua vez, também tinha suas dificuldades para recuperar-se da perda de seu dragão Hel, afastou-se dos combates instalando-se no forte de Nish, como comandante das forças locais.

As armas trigêmeas ficaram afastadas umas das outras desde nosso confronto mortal com o terrível Lorde Grevos. Eu atuava como general de um dos quatro exércitos élficos remanescentes. Comandava as tropas que atuavam em terra, a fim de repelir as hordas mais resistentes e brutais de todas, comandadas pelo temível Duque Vetzla.

Cada vez mais, compreendia a organização das hordas e suas características. As hordas, mantinham uma estrutura de poder e cadeia de comando semelhante. Abaixo dos poderosos Duques, quatro Lordes assumiam a posição de acordo com sua idade, poder e quantidade de almas que consumiam, controlavam, ou dominavam. Abaixo de cada um dos lordes, quatro fortes demônios que chamávamos de generais comandavam centenas de hordas. Os comandantes de hordas, aos quais chamávamos de capitães eram cercados por centenas de demônios desde o estágio larval até alguns mais fortes e viciosos que chamávamos de tenentes. No topo de toda essa cadeia de poder, o insubmisso senhor dos planos abissais que era chamado por muitos nomes, entre eles, Arcanael.

As terras que defendíamos ficavam além da cordilheira, a nordeste do vale sagrado, de onde havíamos expulsado as hordas do horrendo duque Zimbros. Nosso exército era pequeno se comparado aos exércitos comandados por Öfinnel, o rei sem reino. Apesar de nossa campanha bem sucedida no vale sagrado, nada restou de seu reino além de ruínas. Como tive a oportunidade de ouvi-lo dizer certa vez, ele dizia: – Meu reino são meus homens. Onde estivermos juntos a lutar, lá estará meu reino.

Do pouco que se sabe do envolvimento dos deuses na guerra milenar, um fato era notável: tiveram a coragem de penetrar nas dimensões infernais de Arcanael a fim de obterem um raro metal, contra o qual, muitos demônios tornavam-se fracos e submissos. A última notícia que levantara o moral das tropas era justamente a respeito do metal, pois havia chegado uma pequena quantidade deste, o suficiente para forjar uma única arma. Os que viram o metal esverdeado, disseram que a imagem de seu brilho não lhes abandonava a mente.

No entanto, as boas notícias trouxeram efeitos indesejados. Furioso com o ocorrido, o comandante supremo das hordas ordenou ataques ferozes em toda a terra. Uma emboscada promovida pelos duques Marlak, Zimbros e Vetzla visava destruir nosso exército e capturar-me para obter a Balcatemi.

– General não há mais esperanças. Já é impossível uma retirada. – disse-me um dos oficiais tomado pelo desespero.

Observei o caos daquela batalha, de certo, a pior batalha em que estive envolvido. Nosso exército era dizimado. Estava coberto pelas hordas por terra e ar com efetivo dez, ou quinze vezes superior ao nosso. A Balcatemi pulsava em meu punho. Apesar da desesperança do oficial, sentia que de alguma forma, ainda poderíamos vencer.

Quill - O Exterminador de DemôniosOnde histórias criam vida. Descubra agora