Quill - O Exterminador de Demônios

Batalha na montanha dos três picos

Nono memorial

Batalha na montanha dos três picos

"...quando caíamos como moscas, massacrados por forças superiores..."

 

Naquela investida ousada e ao mesmo tempo desesperada, foi envolvida quase que a totalidade das tropas aladas dos exércitos aliados. Nossos números totalizavam pouco mais de mil unidades aéreas. Sendo que algumas montarias carregavam dois ou três combatentes entre elfos, anões, humanos, felinos e lagartos.  Raastad montava agora um jovem dragão chamado Helstarost, irmão mais novo de Aztazûr que segundo informou, treinava há pouco mais de uma década. Por outro lado, havia combatentes que voavam sem montaria, fosse com o apoio de magia ou mesmo por meio de artefatos arcanos, alguns bem esquisitos como tapetes, vassouras, escudos e peles esticadas em armações de madeira. Incluindo Aztazûr e Helstarost, o número de dragões era inferior a quinze, sendo que um deles, maior que o falecido Hel, tinha dimensões bastante assustadoras. O condutor, um desconhecido misterioso, vestido com roupas negras e com a face coberta, dava carona para duas dúzias de anões. Suponho que curiosidade quanto a este seja inútil, pois nunca tive a chance de saber o que, ou quem era. Porém, a contribuição para nossa causa foi de fato inestimável, conforme veremos a seguir. Por pura especulação de outros, mas com a qual não concordo, alguns acreditavam que a figura misteriosa e seu dragão (ou seria o próprio dragão?) eram uma manifestação dos deuses, interferindo diretamente nesta batalha. Sabe-se lá? Para mim, deuses não sujam suas mãos de sangue. É para isso que servem as raças por eles criadas, eu suponho.

Deuses à parte, o voo a partir do lago Kiv até os três picos, foi facilitado por uma forte corrente de vento a nosso favor, e é claro que não era coincidência. Forthálik e uma dúzia de seus discípulos do templo de Ilksuut, entre estes Scarlett, pediam ajuda das forças elementais do ar.

Não importavam mais as aparências e o que diriam. Junto comigo nas costas de Aztazûr, gelo e fogo, Shasticara e Quill. Voávamos nas fortes correntes e Shasticara abraçava-me com firmeza pelas costas. A viagem até os três picos não foi longa e mesmo com o forte perigo à frente, a ansiedade não tomava conta de nós. Era mais um confronto difícil, mais um entre centenas de outros.

Abaixo, as imagens das planícies castigadas pelas guerras e queimadas já não eram capazes lembrar o quanto aquele lugar havia sido bonito antes. Adiante no horizonte surgiram os três picos, quase da mesma altura como um garfo pronto para espetar o céu. Toda região era coberta por fuligem e cheiro de queimado. Um vale de cinzas, flagelos e tormentos. À medida que nos aproximávamos, podíamos avistar as nuvens inquietas de demônios alados circundando os picos.

Ainda distante dos picos, o confronto teve início. Hordas aladas nos engolfaram, fazendo o dia escurecer. Era inútil travar cada possível luta, nossa estratégia era de furar a formação do inimigo. Tínhamos uma formação semelhante à de um grande cone com uma perfuratriz na ponta. Alguns giravam em torno do eixo central, a fim de afastar demônios do miolo. Na frente, nossos principais lançadores de projeteis abriam caminho com razoável sucesso. A cada instante, um dos nossos era derrubado ou mesmo colocado para fora da formação. No miolo, as tropas menos preparadas para combater em pleno ar eram protegidas e conduzidas adiante.

O grupo de elementalistas do ar, comandados por Forthálik, abandonou a formação, como previsto. Convocaram um forte tufão que controlavam de seu interior. O tufão ofereceu proteção à nossa retaguarda, uma vez que os demônios pelos quais passamos manobravam para vir em nosso encalço. Via apenas relances disso ou daquilo, pois na realidade eu e Shasticara estávamos muito ocupados disparando rajadas de fogo e gelo, sem cessar, para proteger o núcleo da formação. Aztazûr facilitava nosso trabalho e não era preciso preocupar-se em conduzi-lo. Estavamos concentrados apenas em destruir ou afastar demônios.