Feeling Blue - Prologue

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O sol estava prestes a nascer, o quarto estava muito frio, provavelmente pela janela aberta durante a noite de inverno, eu sabia que teria que levantar e viver por hoje, não importa o que eu quero, eu preciso continuar sendo um ser humano, ou ,pelo menos, a carcaça de um.

Me forço a sair da cama, essa não é a primeira manhã que faço isso e, muito menos, será a última, me olhando no espelho percebo que minha pele morena disfarcaria as olheiras, estas que quase não existiam pois graças a minha mãe com seus cremes milagrosos e a melhor genética possível, as ditas cujas desapareciam por completo, mesmo eu tendo passado semanas sem dormir ou dormindo muito pouco, agradecia por isso, pelo menos não teria que explicar o porquê de parecer um zumbi.

Me avaliando mentalmente, comecei a calcular se precisaria ou não de um banho, e sim, eu precisava, estava cheirarando a mofo do pijama misturado com o cheiro de lágrimas no meu travesseiro.

Vou andando tranquilamente até o banheiro, ninguém estava acordado, era muito cedo para isso, chegando ao cômodo tento acender a luz, nada acontece, acho que com o pouco dinheiro que tivemos esse mês, não deu para pagar a conta de luz... Não tem problema, eu já estou acostumado ao frio.

Entrei no chuveiro e o liguei, sentindo a água gelada entrar em contato com a minha pele, é até refrescante e os cortes não ardiam tanto, aliviava um pouco a dor deles.

Depois de alguns minutos eu saio do banheiro, me sentindo um pouco mais limpo e menos fedorento, voltando ao meu canto do isolamento, vulgo quarto, pego a primeira roupa que vejo, uma calça jeans, uma camisa branca com as mangas longas e azuis e minha jaqueta preferida, que cheirava a lágrimas também, tanto esforço e eu ainda cheiraria a tristeza.

Bom, não se pode ter tudo.

Saí do meu quarto, a casa ainda parecia um deserto, somente o som dos meus leves passos ousava mostrar-se, peguei minha mochila, saindo de casa sem comer nada, eu não sentia fome.

Andar pelas ruas de Cuba de manhã cedo certamente é uma das minhas atividades preferidas, poucas pessoas, uma bela vista e o cheiro gostoso que somente as manhãs tem.

Chegando a minha faculdade eu acabo deixando um suspiro escapar, eu sei que deveria estar grato por ter conseguido cursar astrofísica, mas eu realmente queria ter entrado na Garrison, quero dizer, é meu sonho desde que eu era um pequeno menino que ousava ter fé nas coisas.

Minha faculdade não era ruim, e de qualquer forma eu ainda estaria trabalhando com o espaço quando me formasse, mas não seria a mesma coisa, teoria e prática são muito diferentes, e eu tenho certeza, sou péssimo com a parte teórica.

Eu com certeza sou o mais burro da classe, na primeira pergunta que fiz, ocasionei uma série de risadas, então simplesmente parei de tirar minhas dúvidas, o que aconteceu depois? A semana de provas se aproxima e eu não sei o básico, eu poderia pedir ajuda aos meus amigos, mas, ah, lembrei não tenho amigos, minha única amiga nesse campus estuda animação, tudo que ela consegue fazer com o universo é transformar ele em um desenho infantil.

Falando nela, acabei de vê-la chegar, a franja longa e platinada dançava com o vento, enquanto o resto dos cabelos curtos se moviam de forma bagunçada, os olhos tão azuis quanto o céu daquela manhã pareciam mais frios, mas ainda eram aconchegantes ao meu ver, os lábios pálidos abriram um sorriso radiante ao me ver, ótimo, pelo menos hoje não será um idiota contra o mundo, serão dois.

- "Hey Lance, cedo como sempre."

- "Oi Rose"

Ela percebeu meu comportamento, Primrose Heather é a pessoa mais experiente quando se trata da depressão de Lance McClain.

Blue BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora