Capítulo 4

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Olívia

Dou partida no carro e começo a  dirigir sem rumo pela estrada. Enquanto eu dirijo, imagens horríveis começam a aparecer na minha mente, é como se um pesadelo adormecido tivesse sido despertado após a notícia de que meu pai fez um acordo me pondo como condição para se casar com um estranho. São imagens do dia que eu descobri que Matheus, meu primeiro e último namorado, havia feito uma aposta com os amigos para tirar minha virgindade. Ele era meu namorado, nós dois realmente tivemos uma relação, mas era tudo uma brincadeira para ele.

Além de tudo ele me traiu com várias garotas, as quais fizeram questão de zombar de mim na escola por dias, foi a pior humilhação que eu já passei na vida, fui burra de ter me entregado tão rápido a um moleque idiota, como eu me arrependo! Aquilo me destruiu, eu me senti um nada, chorei por dias, emagreci, quase entrei em depressão e somente com o apoio da minha melhor amiga Eloíse e meu irmão João, eu consegui superar, a verdade é que eu sempre fui muito dependente deles, porém hoje eu preciso agir como mulher, já chega de ser a menininha mimada de sempre e correr para os braços de alguém.

Limpo algumas lágrimas que caíram com as lembranças dolorosas e continuo a dirigir sem rumo. Passo por um posto de gasolina e encho o tanque do carro, não irei cometer o mesmo erro duas vezes. Quando percebo já cheguei a cidade e também já está anoitecendo. Estaciono meu carro no primeiro bar que encontro e entro, está um pouco vazio, só vejo três pessoas, uma mulher flertando com o barman, um homem chorando num canto e uma outra mulher brigando com alguém ao telefone.

"Bom início de noite." O barman simpático me atende, em seu olhar há alívio, certamente por eu ter chegado e ele me atender ao invés de aguentar a mulher encima dele. "Em que posso ajudar?"

"Quero qualquer bebida forte que você tiver." Peço e ele sorri ligeiramente.

"Decepção amorosa, aposto." Ele diz simpático.

"Nem tanto. É mais para decepção de família." Respondo e ele me serve um copinho de uma bebida transparente.

"Vodka, dado a minha experiência profissional, vejo que não está acostumada com isso, então vamos pegar leve." Ele fala e eu bebo de uma vez sentindo o líquido descer queimando minha garganta.

"Mais! Por favor!" Peço fazendo careta sentindo uma estranha e compulsiva vontade por mais. Não sei como as pessoas gostam disso, é muito ruim!

Algum tempo depois, já me encontro com uma pequena coleção de copinhos na minha frente, já sinto minha mente girar e minha visão ficar embaçada, porém minha boca clama por mais bebida, e de acordo com que eu bebo, lágrimas escorrem pelos meus olhos, não sei o que está dando em mim, mas sinto uma vontade imensa de chorar.

Agnelo

Hoje o dia foi tedioso, encontrei três foragidos da justiça e investiguei o diretor de uma faculdade na Inglaterra, a pedido de um juiz da Califórnia. Estou cansado, mal dormi ontem a noite, na realidade não dormi nada. Após ter insistido em dirigir para Olívia até a casa dela, ela não aceitou e foi embora depois de arrumar suas roupas, senti ela ficar estranha de repente, ela simplesmente entrou no carro e se foi.

Quando cheguei ao meu apartamento, era quatro e meia da manhã, eu tive que levantar as seis então não fiz questão de fechar os olhos, também ao fazê-lo a única imagem que vinha a minha mente era daquela morena gemendo no meu ouvido encima do capô de um carro. Eu não consigo pensar em outra coisa, em outra pessoa, é nela que eu penso depois da noite de ontem, necessito ter aquela mulher na minha cama mais uma vez, ela é muito boa, tem algo com ela que eu não posso explicar, me deixa louco.

É sexta-feira, preciso terminar o dia enchendo a cara um pouquinho, após isso talvez eu fique com alguma mulher que me faça esquecer a morena gostosa, meu pau dói de novo só de lembrar dela, porra! Preciso dar um jeito nisso. Nunca fiquei viciado em uma boceta antes. Olívia, Olívia...  Inferno!

AGNELO (Bônus De Julian - Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora