Capítulo 21

12K 1.1K 179
                                    

Agnelo

Pego meu celular em cima da mesa e mais uma vez, no meio da madrugada, disco o número que decorei há mais de três anos, Olívia nunca mais me atendeu, talvez seja pelo meu estado quando ligo. É bem verdade que eu sempre deixei para ligar quando encho a cara e esqueço até o meu nome, ela já trocou de número várias vezes por minha causa, porém eu sempre descubro. Já fui até a casa dela, mas ela não estava, em nenhuma das vezes, tenho a consciência de que magoei seu coração de forma brutal.

Para mim os anos se passaram tão rápido que eu mal percebi. Minha vida tem sido tão monótona que por vezes penso em suicídio, um verdadeiro caos, minha rotina de trabalho e bebidas, algumas vezes mulheres, mas no fim da noite acabo chamando todas de Olívia, elas ficam zangadas e vão embora me xingando de todos os nomes feios possíveis.

Eu estou obcecado, desesperado, maluco por ela, nunca, até hoje, consegui encontrar alguém que me fizesse sentir na cama o que ela fez, minha garota, sinto tanta falta de ter minhas mãos em seu corpo que se eu te encontrar na rua, sou capaz de sequestra-la.

Sei que ela pode estar casada e agora já é mãe, por essa razão que não me atende, ou não mora mais no mesmo endereço, pode estar feliz com outro alguém... E porra! Eu odeio pensar por esse lado, mas infelizmente é impossível não imaginar que agora ela está muito melhor sem mim.

Eu sou louco por ela, há exatos cinco anos que eu sou louco e obcecado pela mesma mulher, se o destino por um acaso, nos quiser juntos, eu prometo que quando encontrar Olívia de novo, farei tudo diferente, tentarei não ser um babaca e sim um homem de verdade, alguém que mereça estar com ela. Derrubarei todos os meus medos, meu passado, meu trauma, por ela eu sei que vale a pena, já não suporto mais viver assim, agoniado tenho a certeza de que falta algo. Até enfrentar o Doutor Salvatore, para toma-la para mim, eu farei.

"Querido, as compras já acabaram, você precisa ir fazê-las." A moça que limpa minha casa alerta na manhã seguinte quando chega.

"Eu sei. Irei ao mercado mais tarde Margareth, não se preocupe." Falo e me levanto para tomar um banho.

"E pare de beber menino! Se algo te aflige, tenta concertar, não senta no fundo do poço e continue. A vida continua, e para os problemas, devemos enfrenta-los!" Ela exclama e começa seu trabalho.

Dou de ombros mas há um grande significado em suas palavras, eu realmente estou no fundo do poço, pareço mais um homem deprimido que vive isolado das pessoas. E tudo isso é culpa de quem? Minha.

Me arrumo rapidamente, visto um terno preto com camisa branca e sem gravata, pego minha pasta e desço as escadas, irei parar em algum lugar para tomar um café e após isso ir para o trabalho, terei de sair mais cedo para comprar algumas coisas, algumas bebidas também, já que consumi tudo que tinha.

Alguns arquivos à mandar para o lixo, alguns criminosos para perseguir, nomes para investigar... O mesmo de sempre, todos os dias.

Cansado, já no fim do dia, recolho minhas coisas e faço meu caminho até o supermercado mais próximo, olhando meu rosto pelo retrovisor, percebo o quanto estou morto por dentro, tudo isso transparece na minha barba grande e minhas olheiras, faz três anos que não durmo direito.

Estaciono o carro e entro na grande loja, pego um carrinho e começo a pegar tudo quanto é comida, não pretendo sair para fazer compras tão cedo novamente. Enquanto pego a senha da carne e espero minha vez, vou em direção a ala de bebidas.

Olho pelas prateleiras e quando estou prestes a pegar meu whisky Johnnie Walker, ouço uma voz conhecida, meu coração acelera na mesma hora e meu estômago contrai como se tivesse uma geladeira dentro. Essa voz, porra! Será que é ela que está aqui?

AGNELO (Bônus De Julian - Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora