Capítulo 22

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Olívia 

As coisas que eu mais temia aconteceram. A primeira foi quando eu vi meu bebê pela primeira vez e percebi como ele era um Agnelo Jr, muito parecido que as vezes até me espanto. Segundo, ele conseguiu me encontrar em um local público mesmo depois de anos fugindo dele. Terceiro, ele viu o meu filho.

Eu passei os anos com tanta raiva dele, com uma mágoa infinda sobre a cena que presenciei na última vez que o vi. Ele tentou me ligar por diversas vezes e eu sempre rejeitava, troquei de número várias vezes também, não queria em hipótese alguma, manter contato com ele, claro que por muitas vezes eu também tive vontade de atender e pedir para que ele viesse até a minha casa tirar o meu atraso.

Minha última transa foi com ele, as únicas vezes que eu senti prazer, que eu soube o que era fazer sexo, em qual mais eu poderia lembrar se não fosse com ele? Me mudei de casa quando Otto tinha dois anos e caiu da escada, eu chorei mais do que ele e fiquei traumatizada com casas que tinham escada que me mudei para uma que tinha somente um andar bem grande.

João continua comigo, embora viva mais com a namorada, a noite é quando ele sempre não está, durante o dia ele fica com Otto no turno em que está disponível para que eu trabalhe, eu sou tão apegada ao meu filho que ele acabou ficando viciado no meu colo quando era bebê, não ia com mais ninguém a não ser eu e João, só não fui demitida ainda porque quem tem que fazer isso é o Salvatore, ele sumiu da minha vista, mas acredito que não seja um coração de pedra sabendo que eu tenho um bebê para criar.

Já chorei tanto no ombro dos meus amigos, meu irmão e Eloíse, chorei de saudade, de tristeza, já quis contar para Agnelo que ele era pai, mas o orgulho nunca deixou. Quando ele pergunta sobre o pai, eu nunca fiz questão de esconder, disse a ele como o pai se chama e enfatizei que era um idiota, antes repreendi para que ele não repetisse essa palavra, sei muito bem educar meu amor e a cada dia me surpreendo mais comigo mesma.

Hoje em uma visita a casa de Eloíse, um número estranho me ligou, como meu filho estava na creche, talvez pudesse ser algo sobre ele, resolvi atender após ajudar minha amiga trocando a fralda do caçula dela, o Pedrinho. Para minha surpresa, era Agnelo, com aquela voz gostosa que me deixa sempre arrepiada. Eu simplesmente não consigo odiá-lo.  

Discuti um pouco com ele ao telefone, afinal, fazia anos que não falava com ele. Mas senti uma tristeza tão profunda em sua voz, um vazio, uma dor, não como a minha, pois eu tenho o amor do meu bebê e dos meus amigos, e sim de solidão. Talvez eu tenha agido errado em esconder que ele tinha um filho, a última vez que nos vimos não era o momento certo, ele também não colaborou com nada, pensou logo que era de outro que eu estava grávida, como sempre os pensamentos dele sobre mim são esses.

Mas, depois, eu poderia ter contado. Senti uma dor por ele, quando ouvi sua voz suplicando para que eu fosse encontrá-lo, e para que eu esclarecesse se ele era o pai do meu filho. Já chega de esconder, preciso me colocar na minha posição de uma vez por todas e deixar um pouco o orgulho de lado, já se passaram quatro anos, eu preciso enfrentar a verdade, contando para ele, que sim, ele é o pai do meu filho.

São sete da noite, meu garotinho está dormindo no meu colo depois de ter jantado, a TV está ligada e passa um desenho de crianças, já sei de cor todas as musiquinhas que passa, vida de mãe. Levanto-me e carrego ele para a cama, coloco ele deitado e cubro-o, está chovendo lá fora e fazendo frio. Deposito vários beijos em seu rosto e fecho a porta do quarto.

Volto para a sala e João está chegando em casa, no sofá meu celular vibra com o número que me ligou mais cedo aparecendo na tela.

"Oi. Cadê o ninja supremo?" João pergunta fazendo menção das brincadeiras com Otto.

AGNELO (Bônus De Julian - Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora