"Destino?"

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A mulher, mãe do garoto agradeceu a Ailuj e a mesma se viu em uma situação que nem mesmo em seus piores pesadelos pensaria que aconteceria: ela tinha se tornado uma heroína. E porque isso era tão ruim? Muito simples, ela não deveria ser amada e sim temida, respeitada ao invés de admirada!

Forçadamente ela sorriu, por sorte era boa em fingir.

Foi convidada a se hospedar em uma pousada ali, livre de qualquer custo em agradecimento pelo que havia feito, embora segundo as palavras de muitos aldeões ali isso "jamais pagaria a dívida que tinha para com ela". Lembrando-se dessas palavras Ailuj revirou os olhos, era ridículo que eles se sentissem obrigados a fazeres algo por ela em troca de um favor que nenhum deles havia pedido para ser feito.

-Mas por quê? – proferiu em alta voz fazendo com que Notyelc a olhasse.

-Algum problema princesa?

-Espero que não!

-Ao que se refere?

-Eu salvei o garoto, mas não fiz isso por compaixão ou heroísmo... Eu tive uma sensação de que precisava que aquilo acontecesse! Como se eu precisasse!

-Já ouvi dizer... – a voz arrastada da entidade ecoou mais perto dela e a mesma soube que Notyelc tinha se aproximado, ela virou para encará-lo. – Que quando os humanos se deparam com caminhos traçados especialmente pelo destino são atraídos para ele. – a expressão de Ailuj era fria, mas então ela sorriu debochadamente.

-Não me diga que acredita nessas baboseiras? –ela deu a volta por ele e foi até a janela.

-Diga-me você! Não fui eu que nasci a partir de uma profecia princesa!

-A Profecia pode ter marcado a minha vinda, mas sou eu que controlo minhas atitudes Nolty!

-Vejo que não lhe é agradável a ideia de algo controlá-la...

-Definitivamente não é, mas de qualquer forma isso me será útil, chego a pensar que esse tal de destino possa ser meu amigo afinal! – ela olhou para ele sorrindo mais uma vez, porém diferente da vez anterior seu olhar indicava algo que ele sabia bem identificar: Ailuj estava tramando algo.

Organizando tudo que era necessário Ailuj concentrou-se em preparar a primeira parte do feitiço, após repetir algumas palavras num sussurro que Notyelc não conseguiu entender a garota abriu os olhos e uma luz azul ergueu-se em frente a ela, rapidamente Ailuj levantou-se do chão e pegou a capa que usava por cima do vestido verde musgo e estalou os dedos permitindo que a luz se movimentasse para onde quisesse, abrindo a porta do cômodo ela seguiu-a.

A Luz a guiou até a casa de um dos aldeões dali e pairou sobre o corpo da criança que dormia ao lado esquerdo do quarto, Ailuj observava pela pequena janela e percebeu que havia outra cama ali, era o garoto que havia salvado, em um pisca de olhos ela se pôs dentro do quarto e aproximou-se da criança sobre onde à luz ainda brilhava, não restava dúvidas de que era ele o último ingrediente necessário.

Passando a mão pelo rosto macio da criança Ailuj sorriu da maneira mais maligna que é possível se imaginar.

-Mal posso imaginar como deve ser o sabor da sua alma! – passou a língua pelos lábios como se já pudesse saborear o gosto. Ela percebeu que o outro garoto remexia-se na cama e quando ele virou-se para olhar para seu irmão imaginando ter ouvido que o garoto tinha dito algo Ailuj já não estava mais lá e tudo que ele viu foi o garotinho em sono profundo, ignorando aquilo fechou os olhos e voltou a dormir...

No dia seguinte Ailuj caminhava pelas ruas e então avistou o garoto que havia ajudado, fingiu não tê-lo visto e se aproximou mais afim de que notasse sua presença.

-Olá! – disse ele chegando perto dela, Ailuj encenou não ter escutado com a intenção de fazê-lo se aproximar mais. – Senhora?

-Oh, olá menino! Espere... Eu conheço você! – fingiu.

-Sim, sou o garoto que salvou ontem! Eu queria muito agradecê-la, espero um dia poder lutar como à senhora!

-Ora! Mas é claro que aprenderá, confesso que minha magia me ajuda muito também! – e com essa simples frase ela lançou a isca.

-Magia, isso é incrível, o que mais pode fazer?

-Bem, eu posso fazer tudo que eu quiser... Construir até mesmo um castelo em um novo mundo!

-Mesmo? – os olhos do garoto brilharam com as palavras dela.

-Mas é claro! É possível fazer muitas coisas quando há controle sobre magia, aliás, estou trabalhando em algo... Não quer vir comigo ver?

-Eu adoraria! – respondeu visivelmente animado.

-Que bom! Traga também seu irmão, acredito que irão se divertir muito! – o garoto franziu a testa.

-Mas como à senhora sabe que tenho um irmão?

-Bem... – Ailuj sorriu forçadamente. – É como eu disse... É magia! – o menino sorriu, tinha acreditado nela.

-Tudo bem, o levarei comigo!

-Ótimo! Encontre-me na estrada da floresta perto do lugar onde estou hospedada pela madrugada, estarei esperando vocês lá, mas é preciso que venha sozinho magia pode ser algo muito perigoso e talvez eu não consiga proteger mais de duas pessoas caso algo dê errado! – ele assentiu e sorriu, logo em seguida seguiu seu caminho enquanto Ailuj voltava para a pousada.

Chegando a seu quarto Notyelc estranhou o sorriso incomum nos lábios dela e perguntou o que havia acontecido, porém tudo que Ailuj respondeu foi que um passarinho verde havia cruzado seu caminho e que tudo estava em seu devido lugar, mas a entidade já havia convivido com a princesa a tempo demais para saber que aquilo que ela estava planejando seria feito muito em breve. 

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