A Justiceira

58 9 35
                                    


Anos mais tarde

Ailuj caminhava pela aldeia em que agora vivia esta era localizada ao Oeste do Reino, ela havia decidido que seria mais vantajoso afastar-se da região na qual cresceu, assim poderia "começar uma vida nova", mas obviamente não havia nada de novo nisso, ela gostava de como as coisas eram.

Enquanto andava Notyelc mantinha-se ao seu encalço, obviamente ninguém podia vê-lo, olhando as pessoas que ali estavam Ailuj reconhecia alguns rostos, afinal ela freqüentemente costumava caminhar por ali. A garota entrou em uma loja que continha objetos antigos, artefatos muito usados para praticar feitiços e no momento ela necessitava de algum que tivesse a ver com pureza, ela estava prestes a fazer algo cruel que a possibilidade de no inferno haver festa era quase certa. "É preciso que seja feito essa noite", pensou Ailuj, era dia de lua cheia, porém não era tão comum quanto qualquer outra noite, nesta a lua ficaria em perfeito alinhamento com o sol e este acontecimento era considerado pelo povo como "lua de sangue", o termo foi dado há séculos atrás, considerava-se que era um sinal de maus presságios na terra, talvez até anunciando o fim do mundo e era nesta época em que bruxas, magos e feiticeiros preparavam-se a prestar seus cultos para as divindades em que acreditavam geralmente esses rituais e cultos eram prestados ao anoitecer e durava até o nascer do sol.

Ailuj olhou para um pequeno frasco, chamava-se "nobilius castitate" e seu significado era A mais nobre pureza, a mulher que era dona da loja aproximou-se dela e olhou o objeto, em seguida fixou seu olhar nos de Ailuj.

-Levarei este! – disse ela.

-Sua escolha é peculiar Filha Das Sombras! – respondeu a mulher. Ailuj a encarou desconfiada.

-Como sabe quem sou?

-Eu vejo sua áurea contraria, ela brilha e resplandece, mas é obscura, destrói tudo o que toca! Um fardo muito pesado para qualquer um carregar, o que só poderia significar uma coisa: Você é a escolhida!

-Então sabe o que isso significa! – Ailuj fechou os olhos por um breve instante e quando voltou a abri-los eles estavam brilhantes e em um tom violeta intenso.

-Sim, eu sei Vossa Alteza! – a mulher lhe fez uma sutil reverência, afim de não chamar muita atenção para elas. – Sei também que ainda não é chegada sua hora!

-Certamente não! Então, por hora me chame apenas pelo meu nome, ninguém mais pode saber quem eu sou!

-Como quiser Ailuj! – ela sorriu, mas Ailuj apenas a ignorou entregando-lhe o frasco. – Boa sorte com isto. – ela devolveu-lhe o frasco, desta vez, porém, estava dentro de um saco. – Gostaria de sugerir a senhorita que na volta para casa passasse pelas trilhas na floresta, os raios de sol iluminarão seu caminho para chegar onde precisa. – Ailuj escutou aquelas palavras confusa, ela não morava do outro lado da aldeia, morava a apenas algumas ruas dali não era necessário passar pela trilha, a mulher lhe sorriu mais uma vez e afastou-se dela.

Ao sair da loja Ailuj olhou para rua por onde passava na ida para casa, mas virou-se de costas para ela decidida a ir pelo caminho que a mulher havia lhe dito.

Ailuj caminhava pela trilha, já fazia um tempo que seguia aquele caminho sem nada achar foi quando algo lhe chamou a atenção, a mulher havia falado algo sobre a luz do sol, ao lembrar-se disso Ailuj olhou para as árvores acima e percebeu que estranhamente a luz do sol refletia por um espaço perfeitamente alinhado entre as plantas e arvore então ela seguiu naquela direção, enquanto caminhava pensou no quanto àquilo era irônico, a portadora das trevas seguindo a luz para chegar sabe-se lá onde aquela mulher há havia direcionado. Logo ela começou a escutar vozes, muitas delas, parecia vir de pessoas iradas, ela continuou caminhando até que avistou ao longe um pequeno aglomerado de pessoas, elas estavam gritando e proferindo xingamentos aos oficiais ali presentes, pelo que ela pôde entender, eles estavam cobrando impostos deles e todos ali já não mais tinham com o que pagar.

A garota saiu da floresta aproximando-se um pouco mais, queria observar aquilo de perto, foi quando se ouviu um grito, era de uma mulher ela saia de dentro de uma cabana atrás de um homem que puxava o braço de uma criança, era um menino. A mulher de cabelos loiros e pele clara implorava para que ele deixasse o garoto ir, pois ele era filho dela.

-O menino já tem onze anos mulher, é de conhecimento de todos que crianças dessa idade servem ao exercito do Rei. – disse o oficial.

-Solte-o! – gritava ela em meio a lágrimas.

O homem não lhe deu ouvidos, Ailuj instintivamente decidiu agir, sentiu como se estivesse no momento certo, na hora certa.

-Solte o menino! – disse ela ao oficial, o mesmo virou-se para ver quem havia proferido aquelas palavras.

-Cuide da sua vida mulher! – respondeu ríspido.

-Eu mandei... – respirou fundo. – Soltar o menino!

-Sabe com quem esta falando?

-Pelo que posso ver com alguém que certamente passa noites enchendo a cara, relacionando-se com prostitutas por ai e que claramente não tem nenhuma inteligência, agora... Sou eu que pergunto ao oficial, "Você sabe com quem esta falando?" – ao terminar a frase Ailuj levantou a mão e com um movimento de sua mão lançou o oficial para longe do garoto, este correu para os braços da mãe, naquela altura todos se concentraram em Ailuj e os outros oficiais ali presentes prepararam-se para atacar enquanto o outro atingido pelo golpe de Ailuj levanta-se do chão com a fúria evidente em seus olhos. Ela que estava com um tecido leve cobrindo seus ombros o retirou e lançou ao chão. – Quando estiverem prontos rapazes!

Ailuj era rápida em seus movimentos, quando um dos primeiros corajosos a atacou ela apenas arremessou-o em direção ao segundo que vinha logo atrás dele, quando o terceiro a atacou ela desviou do golpe de sua espada e puxou a espada de um dos oficiais no chão para ela com o uso da magia, trocou alguns golpes com ele, ela havia aprendido a duelar com Tenarius ao longo do tempo que ele a criou e era ótima nisso, ela retirou a espada de sua mão com um golpe e lhe deu um sorriso maligno e com um golpe da espada atravessou-o ao meio. O homem a quem ela havia desafiado estava agora diante dela, ele largou a espada o que ela considerou uma péssima escolha, ele queria desafiá-la á punho, Ailuj poderia ser fraca fisicamente comparando-se a força de homem dele, mas sua força interior era maior, assim como sua falta de paciência, ela fechou sua mão como se segurasse um copo e girou o pulso quebrando o pescoço dele. Quando se virou para os demais ali presentes todos a aplaudiram, mas foram cessando conforme percebiam que os dois oficiais que ela derrubara primeiro estavam se levantando espantados.

-Sinto o cheiro do medo deles daqui! – sussurrou Notyelc que estava com ela durante todo o tempo, preparado para ajudá-la se fosse preciso. Ailuj riu baixo.

-Podem ir e digam ao Rei de vocês que essa terra é livre de qualquer imposto a partir de hoje! – os dois apressaram-se em pegar suas espadas e fugiram dali sem olhar para trás. Ailuj sabia o que tinha feito, acabara de enfrentar o Rei do Reino das Sombras com aquelas palavras, seu anonimato não seria mais possível manter e que ele a caçaria como um lobo em busca de sua presa, como se isso não bastasse ela acabara de dar esperança aquele povo e levanto uma imagem de justiceira que não lhe pertencia! 

Filha das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora