Ao cair da noite, no horário marcado os dois meninos estavam indo ao encontro de Ailuj, que já os aguardava.
-Boa noite... Meninos! – nesse momento a feiticeira percebeu que não sabia como se chamavam.
-Boa noite senhora, esse é o meu irmão Levi! – disse o garoto que ela salvou.
-É um prazer Levi, meu nome é Ailuj! – ela sorriu docemente. – Acabei de perceber que não sei o nome do menino que salvei...
-Sou Collin, senhora!
-Bem, agora que fomos devidamente apresentados, é melhor irmos ou ficará tarde demais.
Adentraram na floresta, primeiro Ailuj e depois as crianças a seguiram, Notyelc também estava ali, mas não podiam vê-lo. Quanto mais andavam, mais tarde ficava e mais frio também, pois começaram a subir um morro, onde Ailuj alegava que já estava tudo preparado para que eles.
Quando chegaram ao local estava tudo escuro, mas um movimento de mão Ailuj ascendeu às velas cravadas de pé na terra.
-É aqui! – disse ela. – As velas foram distribuídas fazendo um circulo e no meio dele uma taça consideravelmente grande. Ailuj andou até o outro lado do circulo, era pouco visível o seu rosto, mas certamente se os garotos pudessem vê-lo sairiam correndo. – Podemos começar.
Ela ergueu os braços e fez uma luz azulada surgir no centro no circulo e ela começou a movê-la de um lado para o outro, podia ver o encantamento no olhar dos meninos, mas ela precisava agradar apenas um deles e o mais novo parecia vidrado na luz, nem ao menos piscava. A luz tomava forma de diversos animais e muitas outras coisas que no fundo da alma agradavam Levi, quando Ailuj percebeu que ele já estava hipnotizado fez o feitiço se apagar.
-Levi, venha até aqui! – ordenou ela, imediatamente o garoto andou até ela, era tão fácil enganá-las que Ailuj quase poderia se sentir culpada, quase...
Quando Levi já estava diante dela, Ailuj o colocou no centro do circulo e entrou junto com ele, percebendo que algo estava errado Collin tentou se pronunciar, mas ela arrancou-lhe a voz, quando o menino se levantou Notyelc se revelou e o segurou por trás com suas enormes e frias mãos, ele era tão forte que o menino mal conseguia se mover.
Ailuj pronunciou palavras estranhas em seu idioma desconhecido enquanto ficava de olhos fechados com um punhal em mãos posicionado no pescoço de Levi, no rosto de Collin lágrima escorriam e ele tentava gritar para de alguma forma tirar seu irmão do transe, mas foi inútil. Quando a princesa terminou de recitar as palavras ela abriu os olhos, os que antes eram violetas agora estavam com um roxo mais intenso e escuro brilhando.
-Alguma última palavra para dizer ao seu irmão Collin? – debochou Ailuj. – Não se preocupe garoto, garanto a você que em breve não se lembrará dele para preocupar-se com isso! – ela riu maliciosamente e com um único movimento cortou a garganta do garoto, mas antes do sangue começar a jorrar seus olhos brilharam em uma luz branca assim como todo seu corpo e a mesma era sugada para dentro de Ailuj, quando a luz se apagou o sangue encheu a taça de prata, Ailuj jogou o corpo para o lado e pegou a taça, olhou para Collin com desprezo que estava com o rosto vermelho de tanto gritar e bebeu o liquido.
-Não se preocupe garoto! – disse ela aproximando-se dele com os lábios vermelhos, no canto deles escorria uma gota vermelha deixando-a mais diabólica ainda. – Você não sofrerá pela morte dele, não porque eu gosto de você ou porque sou boazinha... – ela parou e riu, era ridículo dizer aquilo na atual circunstância. – Eu preciso que se esqueça. – ela tirou algo do bolso de seu vestido, era um pequeno frasco. Assentiu com a cabeça para Notyelc que entendeu que deveria solta-lo. Ela cochichou algumas palavras no ouvido do menino que der repente assumiu uma feição dura e séria, ele pegou o frasco adentrou a floresta sem dizer nada, Ailuj o enfeitiçara para cumprir uma ordem sua.
Ela voltou para a aldeia e seguiu para a pousada, estava cansada e precisava descansar usar muito de seu poder exigia mais ainda de seu corpo físico, era necessário umas horas de descanso.
Um dia depois Ailuj acordou, quase não acreditou quando Notyelc lhe disse que havia dormido por um dia inteiro, o feitiço havia exigido mais dela do que imaginava.
Quando ela saiu para andar nas ruas da aldeia avistou Collin, ele logo veio até ela e sorriu.
-Esta melhor senhora? O senhor Binnard disse que não havia saído do quarto ontem e que estava doente!
-Ora! Eu não estava doente, mas também não estava bem, obrigada por perguntar Collin, onde esta sua mãe?
-Esta ali! – ele apontou para a mulher que comprava algumas frutas alguns passos longe deles, a mulher acenou e sorriu, Ailuj retribuiu o ato, Collin foi até ela dizendo um "até logo" para Ailuj.
-O que fez com o garoto? – Notyelc perguntou.
-Dei a ele algo que o fez se esquecer do irmão! – respondeu ela. – Uma poção do esquecimento e ordenei que ele garantisse que a mãe tomasse e caso não conseguisse deveria matá-la e tomar apenas ele.
-E por quê?
-Família é o laço mais forte de vida que há entre qualquer ser humano Nolty, logo quando esse elo é quebrado torna possível à possibilidade de apagar a existência de alguém como se ela nunca tivesse existido, eu queria ter matado Collin, mas todos se esqueceriam do que fiz á ele e isso não seria nada vantajoso para mim, por isso a mãe também era descartável, mas felizmente ele não teve problemas com ela!
-E como fez para quebrar o elo?
-O garoto morreu então isso fez com que o elo em vida ficasse fraco, para apagar a lembrança da morte e acabar com o elo foi necessário um incentivo... A própria poção! – ela sorriu vitoriosa. – Agora vamos! Temos uma viagem para fazer!
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Filha das Sombras
TerrorNum mundo sombrio, um lugar cheio de dor, aflição e guerras... Uma era antiga, domada por trevas que nunca antes foram vistas, onde a escuridão e o mal existiam. Uma era antiga, manchada pelo sangue inocente de muitos homens, mulheres e crianças. Um...