Cap. 12

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- É aqui mesmo, né? - pergunto só por perguntar, já que eu tinha noventa e nove por cento de certeza que sim.

- Sim - respondem em uníssono.

Bato no portão de chapa cinza, ouço um "já vai" logo em seguida. Assim que o portão foi aberto, uma mulher que eu deduzia ser a tal Sônia que eles falaram abraça eles como se estivesse preocupada e aliviada ao mesmo tempo.

- Meninos, vocês quase me matam do coração. Fui ao campinho e vocês não estavam lá, comecei a pensar o pior. Vocês sabem como aqui é perigoso, assim que ouvi os tiros fiquei desesperada - ela continua dizendo sem parar e tudo muito rápido. Olhei para as crianças, que riam com a preocupação da mãe de coração.

- Oh - fecha os olhos e coloca as mãos na testa -, me perdoe, é que eu estava tão...

- Eu sei, eu imagino - sorrio, sincero.

- Ele que nos ajudou, mãe - o garotinho que salvei primeiro informa.

- Sério, Dudu? - então o garotinho tem nome... A moça de mais ou menos quarenta anos sorri e me olha em seguida. - Muito obrigada, de coração. É bom saber que podemos contar com os policiais e que eles se arriscam tanto para defender a sociedade.

- Não foi nada, eu faria isso com qualquer um que eu visse precisando de ajuda - finalizo com um sorriso. - Tenho que ir, meus colegas estão me esperando.

Após me despedir deles eu subi o morro correndo, minhas pernas já estavam até bambas. Corri ainda mais um pouco, já que a garagem não era tão perto de onde estacionamos o caveirão.

- Finalmente! - um deles comenta ao me ver entrar.

- O que foi fazer lá fora? - Emerson ignora a opinião alheia.

- Eu ajudei algumas crianças da comunidade a se esconderem, pois estavam correndo muitos riscos perto da gente, no meio da operação.

- Bom trabalho, Sr. Sampaio - o Capitão elogia.

Olho para o mesmo policial que tirou onda da minha cara ao entrar, com um sorrisinho maroto nos lábios.

•••

Cheguei em casa exatamente às nove da manhã, já que antes da operação eu estava conhecendo o Batalhão - o que durou mais ou menos duas horas - e depois da operação tive que passar no Batalhão para participar de alguns relatórios e esclarecer algumas coisas.

Saí do carro totalmente detonado para abrir o portão da garagem. Após tal ação eu guardei o carro, como o esperado. Novamente voltei para fechar o portão, até porque eu ainda não sou rico e não tenho aqueles portões automáticos. Entrei dentro de casa após procurar a chave da porta no porta-luvas do veículo. As luzes estavam acesas, esses horário eles ainda estão acordados. Será que Miguel e Beatrice estão aqui?

- Filho!! - ela deve ter escutado o som da chave na fechadura. Minha mãe veio me abracar antes mesmo de eu fechar a porta depois de entrar. Apenas retribuí, mesmo estando muito cansado e sobrecarregado. - Eu estive tão preocupada com você, meu filho. Você não tem noção do quão preocupante é ver a notícia passando na televisão e saber que você estava no meio deles.

Beijo a testa dela e me separo, olhando no fundo dos olhos dela.

- Como soube que eu estava na operação?

- O Coronel me ligou, já que você deixou meu número lá caso acontecesse alguma coisa. Na ligação ele informou que você iria para sua primeira operação e que foi de surpresa. Seus olhos estão tão cansados aparentemente - ela puxa a pelinha para baixo, fazendo com que meus olhos fossem mais abertos. - Quer comida? Café da manhã?

Meu Caveira (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora