Cap. 31

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Meu irmão ainda está no hospital. Com um pouco menos que vinte e quatro horas de pós cirurgia o Nick começou a sentir muitas dores. Foi difícil ver o sofrimento dele ali enquanto eu estava visitando o mesmo. Desde então ele praticamente vivi cedado, para que não sinta nenhuma dor forte como antes.

Minhas últimas horas de folga e eu estou indo até o hospital acompanhado de meu filho. Miguel estava quieto, apenas observando placas e coisas aleatórias na rua.

— No que está pensando? — Questiono.

— Eu? — Me olha, apenas assinto. — Eu fiz um desenho.

— Sério? E como ele é?

O garotinho, que tenho orgulho de chamar de filho, tira do bolso da pequena bermuda jeans uma folha de sulfite branca dobrada dezenas de vezes. Ele abriu, já estávamos na frente do hospital.

— Deixe-me adivinhar. Isso é um passarinho grande que acabou de se queimar num vulcão!

— Não, pai! É um dragão cuspindo fogo! — Ele fica emburrado e cruza os braços, frustrado.

— Eu sabia! É claro que sim, eu só estava brincando — sorrio amarelo. Quem estou tentando enganar? Meu filho me conhece como ninguém. — Ok, talvez... bem no fundo... pareça um pouquinho só, um passarinho.

— Esquece, vamos ver o tio — balança a cabeça para os dois lados e me puxa em direção à entrada do hospital.

Peguei o adesivo de visitante para mim e Miguel, logo após a gente entrou no elevador.

— Por quê? — Aponta para os botões.

— São para as pessoas apertarem de acordo com o andar que quer ir, filho.

— Qual você apertou?

— Número três — é, Nick mudou de quarto. Parece que aquele antigo era apenas para ele não precisar fazer esforços subindo andares e mudando de cama. Agora que seu quadro melhorou de verdade, eles já deixaram meu irmão num quarto melhor ainda, que como eu expliquei para Miguel, ficava no terceiro andar.

O elevador que pegamos estava lotado. Eu me espremia no canto direito, perto da porta, enquanto segurava firmemente a mão da minha cria.

— Pai, você tá arrumado por causa da Sarah?

Arqueio as sobrancelhas.

— Não, claro que não.

— Pai, por que sua meia é de bolinhas?

— Er... era a única que tinha.

— Sua cueca também, né?

— Chega, filho, vamos visitar seu tio, vai — aproveito que a porta do elevador foi aberta e saio rapidamente. Meu Deus, eu preciso dizer as caras e bocas que o pessoal do elevador fazia?

Procuramos o número do quarto, que agora se tratava do 121.

— Aqui, papai.

Como ele não alcançava muito bem a maçaneta, eu que abri, óbvio.

— Opa! — Tampo os olhos de Miguel, brincando.

— E aí, maninho... — ele e minha cunhada dão risada.

— Vou tomar café da manhã, volto assim que puder — por fim, ela me cumprimentou e deu um beijo e uma abraço apertado na criança.

Tivemos altos papos. Conversa vem, conversa vai... assim passaram-se duas horas seguidas e a gente nem viu.

— Vish, esse soldado estava com sono — disse ao perceber Miguel dormindo em meus braços.

— Está meio complicado para ele. Bem cansativo, eu diria — suspiro.

Meu Caveira (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora