— Agora eu posso ver ela?
Nesse exato momento eu estou no quarto. Acabei de vestir uma roupa simples que minha mãe comprou, mas que achei bem estilosa. Uma calça de moletom cinza e uma regata branca. Claro, também um chinelo. Mirella, Luís, meu irmão e minha mãe estão aqui comigo.
— Calma, o médico ainda vai assinar a alta de vocês — minha mãe ri.
Sentei na cama e fiquei batendo os pés um no outro até ver a figura médica entrar. Parecia uma eternidade até isso acontecer.
— Aqui está alguns remédios e pomadas para continuar se tratando em casa, está bem? — Ele me entrega a receita.
— Ok, posso ir?
— Cadu! — Minha mãe repreende.
— Tudo bem. Algo mais a dizer, doutor?
— Tudo o que você precisa saber está nesse papel.
Por fim ele deu algumas risadas.
— Pode ir ver sua irmã, ela está no quarto doze.
Fiquei repetindo os números na minha cabeça para não esquecer. Saí do quarto como a velocidade da luz. Fiquei atordoado ao procurar o número doze, mas achei.
Respirei fundo. Aquele era o momento que eu ia ver como minha irmã estava. Depois de dias eu finalmente vou poder ver ela. Giro a maçaneta e empurro a porta. Ela estava sentada na cama, balançando os pés. Certeza que a ansiedade é de família. Por falar nisso, eles já estão atrás de mim. O olhar de Thai se direcionou para os meus. Foi conexão na hora.
Lágrimas escorreram pelo meu rosto. Corri para abraça-lá. Foi o melhor abraço desde que me conheço por gente.
— Meu Deus — massageio seus cabelos. — Você não sabe como eu estava com medo de te perder.
— Eu estou aqui, estou aqui.
A voz que sussurrava com emoção no meu ouvido era calma e me tranquilizou.
— A partir de agora quero viver muitos e muitos momentos com você, está bem? — Apoio minhas mãos em seu rosto, fazendo ela olhar para mim. — Eu te amo tanto, tanto!
Ela sorria em meio às lágrimas. Eu até tentava esconder o choro, mas nada dava, era minha irmã.
— Quando vi você desmaiada naquele quarto eu... — sou detido pelas lágrimas — Não sei, me senti um nada. Naquele momento eu só sabia pensar que você estava mal e eu nem consegui ajudar, sabe? Eu só queria ser um irmão melhor, um irmão mais velho melhor.
— Ei — ela acaricia minhas bochechas com as mãos delicadas dela —, você é o menor culpado disso tudo. Não sabemos o que aconteceu para a casa ter pegado fogo, mas o importante é que você me salvou. Você!
Mais um abraço foi dado. Era tão boa a sensação de não ter perdido a pessoa que eu mais pensava que estivesse partido. É um alívio tão grande. Parece que tudo que vem de Deus é planejado na medida certa. Com isso parece que eu realmente comecei a valorizar minha irmã, o quanto ela é importante para mim e efeito que ela faz na minha vida.
Enxugo as lágrimas, me recompondo.
— Acabei de receber uma ligação, era Beatriz.
Após ouvir aquela notícia saindo da boca da minha mãe, sabia que não era boa coisa. Nunca é. Quando se trata de Beatriz até o diabo pede arrego.
— O que ela falou? — Me virei para ela com a cara de acabado, porém, raivoso.
— Ela afirmou que vai levar a sério o caso da guarda de Miguel na justiça, pois o que aconteceu na nossa casa foi algo inadmissível e poderia tê-lo matado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Caveira (Concluído)
RomanceUm jovem policial que acabara de entrar para a equipe do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais) depois de dias chuvosos ou calorosos demais, por quatro meses treinando e sendo avaliado, também está prestes a se divorciar e entrar na justiç...